O fim é o começo
Atualizado dia 03/10/2014 11:56:57 em Almas Gêmeaspor Renata Kindle
De modo geral, ninguém gosta de coisa que acaba, um namoro, um casamento, o emprego, os anos da faculdade, a infância... mas tudo que tem um começo tem que ter também um fim e o fim é o começo do novo.
Há um momento inicial, o momento para começar, mas há também outro, o de se concluir. Um namoro que acaba porque passou para o casamento, então o casamento é o novo começo, mas e o namoro que acaba sem passar a ser nada além de ex? Ora, se acabou, se chegou ao fim, é porque simplesmente chegou ao fim, mas haverá outros começos. Quando uma coisa chega ao fim, é necessário que se siga em frente, que se deixe o passado no passado para viver o presente do presente no presente. E o começo será uma nova estória, que começa a ser escrita no segundo seguinte ao fim.
Pra começar, é bom deixar o coração se esvaziar, é bom sair, ver gente nova e gente conhecida, rir, viver um momento meio galinha, mas também é bom, cultivar o recato caseiro, ficar um pouco a sós consigo mesmo e tentar ver em si o que precisa de uma mexida, uma mudança: o cabelo, as unhas, o perfume e dar início imediato à reforma interna; limpar a casa para a chegada do novo amor, do novo parceiro. Comece lendo bons livros e veja muitos filmes, faça novos cursos, visite mais museus, descubra novos interesses e novos talentos, cresça.
Ficar evitando o fim apenas porque se acostumou com uma determinada situação não soa muito inteligente, tampouco parece ser uma solução. Isso certamente vai gerar frustração, fracassos e uma quilométrica receita de antidepressivos.
Algo que chegou ao fim tem que ser enterrado com todas as pompas de um funeral de luxo, mas uma vez enterrado, reza-se de vez em quando, na missa de sétimo dia, na de um mês, na de um ano de morte, mas é só. Falar é muito mais fácil que fazer, eu sei, mas com o tempo, as coisas vão se ajeitando dentro da gente, nosso coração vai se permitindo ser ocupado de novo.
Verdade, nossas promessas de nos protegermos a todo custo das armadilhas do amor cairão por terra tão logo o príncipe encantado da vez bater à nossa porta. Só que tem uma coisinha, um pequeno detalhe, ele até pode esperar nossos dramas, pode até ter a intensão de nos dar o tempo de que precisamos, mas não ficará criando raízes à nossa porta ad eternum. Os príncipes também buscam por algo, a fila deles também anda, colocam o carimbo do fim e partem para seus novos começos.
Nós nos apegamos às nossas dores, aos nossos sofrimentos e passamos a viver esse status quo. É preciso nos enchermos de coragem e nos atirarmos rumo ao desconhecido. Confiar que o dia seguinte será melhor que a noite anterior. É como saltar de asa delta, você salta no abismo de braços abertos, confiante de que aquelas asas o impedirão de cair, mas se você pegar uma boa corrente de vento, então, vai bastar que você se deixe levar, que se deixe ir. Prepare-se para um novo começo e não para o recomeço de algo que já foi fim. Trocando em miúdos, é como experimentar um novo sabor de sorvete!
Texto revisado
Avaliação: 5 | Votos: 5
Psicóloga clínica e hospitalar (crianças, adolescentes, adultos, casais e família); autora de alguns textos e artigos. Desenvolvedora de um trabalho piloto sobre a atuação das emoções no corpo físico, que se realiza com grupos de oficinas terapêuticas. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Almas Gêmeas clicando aqui. |
