O inferno é portátil!
Autor Paulo Salvio Antolini
Assunto Almas GêmeasAtualizado em 11/25/2014 10:21:53 AM
Sábado, manhã de sol em uma linda praia calma e tranquila, nem parece que estamos no inverno. Pessoas bonitas, areia limpa, local privilegiado. Não poderia faltar um bom livro e tinha-o em mãos. “Cia. Do Amor – A Turma dos Poetas em Flor”, psicografado por Wagner D. Borges. Leitura para todos os credos e religiões, textos bem humorados que induzem inequivocamente à reflexão, sem pressões do tipo “se você não fizer vai se arrepender”.
Frente a tal companhia e tamanha calma, eis que surge a frase titulo. Interrompida a leitura, livro e olhos fechados, apenas os pensamentos a fluírem, inspirados no que acabará de ler. Recordei de outras vezes que, olhando para o mar, coisa que sempre me desperta bem estar, pois me coloca frente a grandiosidade do mundo, nem sempre senti a mesma tranquilidade e paz que estava sentindo desta vez.
As correrias do dia-a-dia, os conflitos de relações, as dificuldades de trabalho e financeiras, enfim “ene” situações que propiciam a perda de “chão” e principalmente, da tranquilidade interior.
Passos dados e que se tornaram maior que as próprias pernas, gerando grandes pendências materiais, difíceis de serem sanadas. Atitudes impensadas que criaram grandes conflitos no relacionamento, antes bem e harmonioso, agora prestes a desabar. Filhos que se distanciaram e estão a beira de ultrapassarem a linha do bem, despencando em precipícios difíceis de escalar para o retorno à “normalidade”. Tudo regado por injustiças, leis que não protegem, decisões arbitrárias para interesses de poucos, descrições constantes de comportamentos animais praticados por seres humanos. Como não sucumbir ao desânimo e desespero?
Quando temos a convicção do que estamos fazendo, quando sabemos que o que está acontecendo foge ao nosso controle e nada resta senão a aceitação e o torcer pelo melhor final, orar pelo menos ruim, fica a tristeza e nostalgia, onde a lembrança dos tempos em que as situações estavam diferentes e tínhamos poder de ação, mas não há o desespero.
Quando o desespero toma conta, a ansiedade se manifesta levando a atitudes inconsistentes, vazias, dor e sofrimento tomam conta e há uma sensação interna de laceração, como se estivesse se rasgando por dentro, agonia horrível construída pela teimosia e insensatez, mesmo que em nome da boa vontade, ou da busca do acerto.
Alguns ainda conseguem identificar que não deram atenção aos sinais da inconsciência, muitos se lembram dos alertas recebidos dos mais próximos. Outros conseguem escutar as frases “deixa disso”; “Esqueça que você ganha mais”; “Você vai destruir sua vida se continuar assim” e muitas outras mais, todas de alerta e tentativas de conscientização, esforços não frutificados.
Quantos se destroem por insistirem no apego material, quantos teimam em um relacionamento que não tinha nenhuma condição de dar certo, enfim, erros cometidos principalmente pela postura teimosa regida pelo ego, cujo instrumento orgulho cega das mais claras evidências.
Sem o parar e olhar para dentro de si mesmo não há o que se possa fazer. A busca desenfreada fora de si do que só é possível achar dentro leva a infelicidade e ao erro. Conduz por caminhos cujo retorno é extremamente penoso e caro. É a legitimação do dito: “O plantio é livre, a colheita é obrigatória”. A confirmação de que todo e qualquer ato tem consequências, e algumas são irreversíveis, existindo em nós para toda a vida.
Assim como o paraíso, o inferno não é um lugar, não se localiza em um espaço qualquer. Paraíso e inferno são estados em que nos encontramos. Só cada um é responsável pelo que encontra dentro de si.
Sabe aquela pessoa que você olha e diz: “Parece que ela está sempre no céu”?, Pois é, ela leva o bem dentro de si. E se a vida está um inferno, não adianta querer fugir dele, ele se encontra dentro de cada um. O inferno, assim como o paraíso é portátil. Você escolhe com qual fica e depois leva com você, não interessa para onde vai.
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