O pedir ajuda!
Autor Paulo Salvio Antolini
Assunto Almas GêmeasAtualizado em 6/25/2017 4:04:13 PM
Há mais de quarenta anos recebendo pessoas em meu consultório, sem contar os trabalhos em empresas normalmente com grupos, muitos são os casos onde o não solicitar ajuda se fez presente. É claro que me refiro às situações onde depois a busca pela ajuda aconteceu. Vários depoimentos expressam as que vivenciaram até baixarem as guardas e recorrerem ao necessário auxílio. Um dos mais comuns é o famoso “Eu não preciso de ninguém!”. Também dito “Quem tem que resolver sou eu, mais ninguém!”, como se ao compartilhar o que lhe aflige deixasse de ser quem tem que agir. Várias expressões para esse tipo de comportamento: ego dilatado; orgulho desmedido; excesso de confiança e assim por diante. Sim, são pessoas que subestimam as demais, prepotência e arrogância são tônicas fortes nesse comportamento, mas é mais do que isso. Existe um grande sentimento de vergonha que as impedem de poder admitir não estarem conseguindo saírem sozinhas dessas situações que as afligem. Eles não admitem, porém sentem uma grande insegurança que reforça o impedimento. Há também aquelas pessoas que acreditam não merecer atenção de outro. “Quem sou eu para incomodar.”. Na postura de vitimas, também escondem uma grande resistência e medo do que poderá vir pela frente. Desculpas não faltam para o adiamento da busca. Da indicação de um profissional a ir procura-lo, na maioria das vezes passam-se meses e até anos, pois há a necessidade de se “acostumarem” com a ideia. Só quando a situação está realmente muito ruim é que se desprendem e então dão o primeiro passo: marcar a consulta. Quando iniciam o processo tomam contato com uma realidade que até então desconheciam. Começam percebendo uma grande leveza. “É como se eu tivesse tirado muitos quilos de meus ombros.”, eis a frase mais comum citada por elas. Também comum após algum tempo de tratamento dizer que se soubessem como era teriam vindo muito antes e abreviado tanto sofrimento. No ambiente de consultório não há julgamentos, criticas e recriminações, ao contrário, ocorre a facilitação para que a pessoa se olhe sem ela mesma se julgar. Há o acolhimento que lhe propicia olhar seu próprio cenário com clareza e transparência, condições necessárias para identificarem causas e novas possibilidades de ação. A busca da ajuda é percebida então como uma força interior e não uma fraqueza. Percebem que durante bom tempo ficaram presas pelo orgulho, prepotência, altivez, como se fossem superiores aos demais mortais. Tomam consciência que com o compartilhamento de suas preocupações e/ou conflitos revela fortalecimento interior, pois quando ocorre a aceitação verdadeira de suas situações só então se pode caminhar para as soluções. A resistência à necessidade de ajuda é um dos indicadores que não está havendo a aceitação necessária. É ainda o estado de negação de que a situação existe e está ai incomodando, prejudicando e pior, enquanto não se está fazendo nada, se agravando. Pedir e receber ajuda é a manifestação da humildade que revela o verdadeiro poder que o ser humano possui, pois na soma das percepções explode a potencia interior contida em cada um. Contar com o outro não significa ficar a mercê, mas sim utilizar de todas as possibilidades que a vida oferece para a facilitação do caminhar. O compartilhar reativa o acolhimento que todos, sem exceção, necessitamos para bem viver!
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