Os Mortos
Autor Marcos Spagnuolo Souza
Assunto Almas GêmeasAtualizado em 1/2/2016 12:50:05 PM
Salienta o mestre Jung que cada pessoa tem em seu interior um lugar sossegado, onde tudo é facilmente explicável, um lugar no qual fica sempre escondido das possibilidades perturbadoras da vida, porque lá tudo é simples e claro. Esse lugar você recebe o conhecimento pronto e acabado, as verdades lhe são entregues, sendo que esse espaço é coberto por uma crosta bem polida impedindo que o mistério perturbe a sua tranquilidade, sendo que esse mistério é caótico e perturbador.
Quando esse anteparo é quebrado jorra para dentro de sua consciência uma torrente incontrolável, o caos. O caos está repleto de figuras que atuam de modo perturbador e triunfante. Essas figuras são os mortos, não só os teus mortos que pertencem ao emaranhado de suas descendências e também todas as tuas vidas passadas que deixou para trás de si. Existem também em sua volta uma massa de mortos da história humana, o cortejo de fantasmas do passado, que é um mar em vista da gota de tua própria duração de vida. Atrás do espelho do teu olho existe, portanto, uma aglomeração de perigosas sombras dos mortos que olham avidamente através de buracos vazios dos olhos, que gemem e esperam realizar através de ti os seus infinitos desejos. Quando colamos o ouvido na parede que nos separa dos mortos podemos perceber o barulho do cortejo que existe dentro de nós e vamos descobrir que todos esses mortos querem somente realizarem os seus próprios desejos através das pessoas vivas.
Quando estamos no lugar sossegado excluímos de nossa vida todos os mortos, estamos somente olhando as coisas externas, mas, esquecemos que todos aqueles mortos estão nos esperando atrás da muralha que erguemos. Todos esses mortos estão bufando de raiva e desespero e suas vozes estão nos oprimindo não nos deixando dormir, as vezes dando-nos doenças, ou mesmo, frustrando as nossas intenções. Em outras ocasiões esses mortos fazem dos vivos uma pessoa orgulhosa e ambiciosa incitando os seus desejos e ao mesmo tempo afogando os seus êxitos em insatisfações. Esses mortos, atrás da cobertura que erguemos elaboram os nossos pensamentos, desejos, emoções e conhecimentos fazendo com que sempre possamos cair e levantar para tropeçar de novo. Quem nunca consegue chegar a seu objetivo é impedido pelos mortos que dele exige a obra de expiação. A sua vida é uma tentação cotidiana enquanto não descobre que tudo é uma exigência dos mortos. O que chamamos tentação é justamente a influência em nós o querer dos mortos influenciando-nos em todos os aspectos.
Nos somos uma geração cega, pois, vivemos apenas na superfície, só no hoje e pensamos só no amanhã. Queremos fazer trabalhos com resultados visíveis e recebemos dinheiro pelo que fizemos. Quem está vivendo na superficialidade do mundo é a pessoa que mais sofre a tentação enganosa dos mortos, pois, esqueceu dos mortos. Desculpamos com a descrença na imortalidade da alma ou pensamos que os mortos não tem existência, porque imaginamos que a imortalidade é impossível. Acreditamos que podemos eximirmo-nos da atenção e das obras necessárias pelos mortos, pois o que esta morto é passado, no entanto, os mortos atuam, hoje, agora, é o que basta.
Não devemos olhar demais para frente, mas para trás e para dentro com o objetivo de escutar e entender os desejos dos mortos. A nossa vida deve ser dedicada a salvação dos desprezados e dos que estão perdidos nesse mundo, pois, na eu cresço quando desço e nessa descida devemos acostumar e ficar sozinho com os mortos. Precisamos realizar em segredo essa obra de salvação dos mortos levando-os para a perfeição, tudo por amor aos mortos.
Avaliação: 4 | Votos: 3
|
Conteúdo desenvolvido pelo Autor Marcos Spagnuolo Souza Visite o Site do autor e leia mais artigos.. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Almas Gêmeas clicando aqui. |
