Por que não me perdoo?
Atualizado dia 11/13/2016 9:04:44 AM em Almas Gêmeaspor Paulo Salvio Antolini
O ego, tal qual uma película que nos diferencia uns dos outros, tem em suas entranhas o orgulho, a vaidade, o apego, a soberba, além de outros instrumentos para seu uso e defesa, mas tem também a dissimulação, que se torna a arte de fazer o que é parecer o que não é. A consciência traz em seu bojo a paciência, a compreensão, a compaixão e, principalmente a humildade, que desmistifica toda e qualquer situação através da simplicidade do assumir o que lhe diz respeito, seja positivo ou não.
O remorso corrói e atormenta aqueles (as) que o sentem. Aflição e tormento de consciência por atos praticados e depois reprovado pelos (as) praticantes, exige um firme propósito para, após assumir o que se recrimina, iniciar a peregrinação interior que, com o tempo reconstruirá a autoimagem, destruída pelos acontecimentos e alimentadora de uma baixíssima autoestima. A dificuldade em admitir verdadeiramente que possa ter feito algo do qual agora se envergonha é também um dos fatores que fixa as pessoas no mal estar. Algumas dizem que admitem, reconhecem o que fizeram e mesmo assim não conseguem se perdoar. Reconhecem apenas “da boca para fora”, pois de fato não absorveram ainda o ocorrido e suas participações.
Basta se olhar atentamente e será verificada uma sensação interna de inconformismo, “isso nunca poderia ter acontecido!”. Eis a prova de que ainda não aceitou que pode ter feito o que fez. Repito aqui: “aceitar é dar por verdade, não significa concordar!”. No conflito consciência x ego, após os vislumbres da consciência acontecerem, o ego ainda em sua tentativa de preservação e de auto demonstração de manutenção de sua integridade, pratica o tão conhecido autoflagelo. A autopunição “corre solta”. Quando a pessoa se autopune ela esta tentando demonstrar a si mesma que está pagando pelo “pecado” praticado. Essa pratica não só faz a pessoa sofrer e muito, por muito tempo, como também não permite que ela assuma realmente o que fez. O inconformismo, a autopunição, a dor que, mesclada com as mais diversas sensações e emoções se manifesta, mantém a pessoa girando em círculos e isso a impede de caminhar rumo ao que será sua libertação.
Um ato quando verdadeiramente assumido e pela qual se responde com toda a humildade que isso acarreta leva a libertação do feito. Porém nossa cultura recrimina quem após ter praticado algo abominável, se recupera, levanta a cabeça e segue em frente. Já escutaram ou disseram “olha só que cara de pau, age como se nada tivesse acontecido”.
O (a) “cara de pau” apenas assumiu as consequências de seus atos, procurou corrigi-los se possível, desculpou-se com os envolvidos e cuidou de não mais cometer o mesmo tipo de comportamento. Em uma sociedade onde a pratica é de repreensão mais do que de estímulo, a critica mais do que a análise, agir de forma adulta é não só estranho como gera melindres.
Se você viveu um período onde sua capacidade de percepção estava alterada, não conseguiu ver com maior amplitude as coisas, entendeu distorcidamente a posição de outras pessoas e com tudo isso teve atitudes que depois se mostraram indevidas, por maior que seja o dano, resta apenas o responder pelo feito, desculpar-se com os envolvidos, reparar se possível e se a ou as pessoas envolvidas já tiverem falecido, se auto perdoar e vigiar-se para não mais repetir algo semelhante com outras pessoas.
Texto revisado
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