Posso resolver minhas carências?
Autor Paulo Salvio Antolini
Assunto Almas GêmeasAtualizado em 2/21/2016 11:51:27 AM
Tem sido até descabido os comportamentos existentes onde as pessoas estão se expondo, ultrapassando qualquer limite para chamarem as atenções sobre si mesmas. Condutas que vão desde o fanatismo religioso, com discursos inflamados e carregados de apelos ao pecado e ao castigo, assim como a utilização do próprio corpo em sua nudez que mostra não só o corpo, mas e principalmente a dor da carência que vivem: a necessidade de se sentirem vistas, olhadas, amadas, e é lógico, não percebido dessa forma por elas. Há um enorme vazio a ser preenchido e com a falta do cultivo de limites, ao contrário, a pregação de que tudo é valido, tudo é um direito das pessoas, sem nenhuma restrição ou menção aos deveres de cada um, se instalou o “vale-tudo”. É comum as conversas girarem em torno dessas ousadas manifestações do ser humano, com muitas acusações e criticas, porém sem reflexões sobre o que está levando as pessoas a isso. A leviandade com que se tem tratado o assunto contribui ainda mais para o agravamento da situação. Reality shows, programas que aparentemente exploram um tema, porém são verdadeiros palcos da distorção do conceito de “machos alfa”, onde se apresentam como machos (literalmente no sentido animal) dominadores e sem nenhum respeito pelos outros, competições onde os que se comportam piores são considerados os melhores fazem com que cada vez mais os reconhecimentos tenham outros focos. O “melhor” filho é o que mais ganha, não importa como, o “melhor” funcionário é o que mais grita, sem a observação do que realmente é responsável no produzir e assim por diante. O que interessa é chamar a atenção. Quanto mais o corpo estiver exposto ou tatuado, mais destaque. Aparentemente mais reconhecimento. Grande engano. O fato de serem observados, olhados pelos demais não significa reconhecimento, mas sim aqueles que se transformaram em objetos de exposição. Não estão fazendo o sucesso que imaginam pelos olhares que recebem, estão sim sendo olhados pelo “bichinho raro” que se tornaram. E eis que mesmo isso não preenche o vazio interior. Reproduzo aqui trecho de meu artigo “Carências”, escrito e publicado em 2.006: “Parar para refletir sobre o que se está cobrando, exigindo do outro, é um dos caminhos para identificarmos do que estamos sentindo falta. Qual nossa real necessidade, por que estamos passando provações. Pode doer a resposta, porém nos levará a uma conduta mais natural e nos propiciará um relacionamento mais saudável, mais satisfatório, mais feliz. Sem a carência interferindo, passamos a identificar inúmeros gestos de amor, carinho e consideração por nós.”. Carência é você não ter a si mesmo! Você falta a você mesmo, pois não se reconhece como merecedor de, você não se tem, não se da valor, não identifica seus méritos. Busca fora. E para achar isso fora de você mesmo é capaz de qualquer coisa. A partir dai vaidades, orgulhos, autoafirmações e muitos outros comportamentos ganham poder. Eles surgem na busca desenfreada desse preenchimento. Posso resolver minhas carências? Sim, pode. É preciso primeiro que pare de buscar fora de si. A partir de então se prepare para viver um turbilhão de emoções, pois irá se deparar com descobertas fantásticas, das piores às melhores, mas todas elas calçando o caminho da liberdade interior. Quando se identifica que as motivações de nossas ações estão fundamentadas em necessidades interiores, se elas são positivas e construtivas ganham ainda mais força e determinação. Se apenas levam a condutas externas e formas de buscar destaque externo para o preenchimento dessa falta pessoal de reconhecimento, elas perdem suas forças e propiciam construtiva reflexão sobre o que está nos faltando. É um exercício para toda vida, pois há muitas falsas carências que se instalam por imposições de uma sociedade competitiva e manipuladora. Identificar suas verdadeiras carências, buscar dar a você de você mesmo. Eis o caminho.
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