Quando pessoas se distanciam!
Autor Paulo Salvio Antolini
Assunto Almas GêmeasAtualizado em 25/06/2016 07:06:59
Dia destes, alguém muito próximo se encontrava introspectiva em um momento que deveria ser de manifestações de alegria e contentamento. Fui até ela e perguntei o que a incomodava. Suas lagrimas romperam o represamento e sem mais contenções, rolaram copiosamente. Momento de silêncio e de aguardar. Esperei. Após algum tempo, já se acalmando em seus soluços, tocou minhas mãos, me deu um beijo e me agradeceu. Levantou-se e foi se recompor. No restante da noite, quem não havia visto o ocorrido não diria que ela estava com o coração partido. Em um telefonema que recebi dela no dia seguinte fiquei sabendo que sua enorme tristeza se devia ao fato de ter um ente muito querido se distanciado a tal ponto que ela havia se tornado indiferente para ele. Quando dava certo de se encontrarem ele até tratava-a bem, porém não havia nada além disso. Situação muito mais comum do que se imagina, porém intensamente dolorosa para quem a vive. Conviver com alguém durante um tempo e depois, sem nenhum motivo maior ocorrer esse desligamento é mesmo muito doloroso. Estamos falando das ocorrências onde não há motivos que deem base para tal. Em todos os tipos de relacionamento é possível isso. De repente, alguém passa simplesmente e sem nenhuma causa aparente, a ignorar o outro. Tanto nas relações profissionais, sociais como e principalmente nas afetivas, pois nessas é que doem muito mais. Um “chefe” pode de repente deixar de manifestar interesse pelo seu comandado, deixando-o “às traças”, sem maiores explicações e, se perguntado, a resposta será: “Não aconteceu nada, você está imaginando coisas”, ou “eu estou muito ocupado, desencana”. Um casal pode perder seus vínculos gradativamente, cada um vai se afastando do outro sem nem perceberem ou até fazendo de conta que não percebem, pois lhes é interessante esse distanciamento. Evitá-lo seria enfrentar mal estares do relacionamento e não estão afins. Quando se dão conta, são dois estranhos dividindo o mesmo espaço. Porém acontece de, em alguns casos, essa postura ser de apenas um deles, o outro não quer que isso aconteça. Tenta de tudo para entender, conversar sobre, mas passa a ser considerado um chato, uma chata, que só fala nisso. E o distanciamento vai ocorrendo cada vez mais forte e mais presente. Mas, se entre casais a separação pode ser um caminho, quando se diz respeito a filhos essa situação ganha conotações ainda mais complexas. E esta cada vez mais comum filhos se distanciarem de seus pais, mesmo sem que estes tenham qualquer culpa que possa ter originado isso. É muito difícil para os pais admitirem que seus filhos se distanciaram por eles mesmos e que eles, pais, nada fizeram para que merecessem isso. Insistem que devem ter alguma culpa não percebida ainda. Admitir que o desprezo que estão recebendo não tem origem em atitudes que embasem esse comportamento é muito difícil. Entender que agora, já adultos, eles escolhem e determinam quem estará com eles e se ver excluído desse contexto é muito sofrido e doloroso. Uma cliente quando percebeu isso, aos prantos disse: “É muita ingratidão da parte dele”, e ela tem razão, o que não nega o fato. Aceitar que alguém que nos é muito querido possa ter comportamentos que não correspondam aos nossos anseios é um grande desafio. Querer cobrar a presença deles é afastá-los ainda mais e, ai sim dar motivos para justificarem seus distanciamentos. Só resta o aceitar. Entender que nesse período não mais se faz importante na vida deles e permitir que sigam seus caminhos. Só o tempo irá dizer se isso é permanente ou temporário. Vi a pouco tempo na mídia uma frase que dizia mais ou menos assim: “Não vale a pena sofrer por alguém que está feliz sem você”. E duro sim, mas é real. É preciso admitir que laços afetivos independem e transcendem laços familiares! Compreender e aceitar isso evita muito sofrimento!
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