Quando uma interpretação determina uma vida!
Autor Paulo Salvio Antolini
Assunto Almas GêmeasAtualizado em 2/11/2017 10:15:35 AM
Pedro chegou ao consultório completamente abatido. Falar era muito difícil, quase inaudível. Sussurrava. Após várias solicitações para ser mais claro em suas falas, pigarreou e começou então um relato estarrecedor. Durante anos viveu afastado de seu irmão porque em determinado dia entendeu um comentário dele para um amigo como sendo uma critica feroz a si mesmo, o que o levou a dizer poucas e boas ao irmão. Disse que na época seu irmão o questionou sobre o que estava acontecendo e falou então ainda mais “verdades”, além de manda-lo embora de sua casa. Quando seu irmão foi embora balançava a cabeça como se não estivesse compreendendo o que estava acontecendo. Afastou-se sem dizer mais nada. Conversando há poucos dias com um amigo, escutou dele que não compreendia o porquê dos dois irmãos não se entenderem. Na continuidade falou que seu irmão sempre fora muito franco e transparente. Narrou então o que ele, seu irmão, havia lhe falado anos atrás. Pedro ficou paralisado. O que achava que era dito sobre ele, seu irmão estava dizendo sobre seu amigo e direto para ele. Nunca dissera a seu irmão o que o levou a ter tal reação e com isso não deu chance a ele de esclarecer o mal entendido.
Marina sofreu durante anos por amar uma pessoa que não se aproximava dela. Certa feita encontraram-se em um evento na casa de amigos em comum. Quando se deram conta, estavam só os dois na saleta de TV. Inicialmente constrangidos, iniciaram uma conversa meio forçada e quando se deram conta, parecia que se relacionavam a anos. Marina em determinado momento disse que sempre o via como alguém que a menosprezava, ao que obteve como resposta: “Você sempre foi muito altiva comigo, não tinha como me aproximar, embora quisesse muito.”. Hoje estão casados e se lamentam o tempo que ambos sofreram, pois ele também a queria desde quando se viram pela primeira vez.
Não só nos relacionamentos ocorre isso. Certa empresa perdeu seus principais clientes porque seu diretor entendia que as queixas eram apenas uma forma para abaixar os preços. Seus clientes diziam que estava cobrando muito por um produto de baixa categoria. Não foi verificar. Só quando passaram a cancelar os pedidos é que resolveu ir até a fabrica. Eles tinham razão. Descobriu que a matéria prima havia sido trocada por uma mais barata. Arrependeu-se de apenas ver que seu comprador diminuiu seus custos e o elogiava muito por isso, e não ver que tirou toda a qualidade dos produtos.
Até no paladar isso ocorre. Ao ver um alimento e não achar simpática a aparência do mesmo, sem experimentar já afasta qualquer possibilidade de degusta-lo. Num determinado dia para não ser mal educada, a pessoa até com certo asco põe na boca e eis que se vê surpreendida: acha muito saborosa. Interpretar é tirar conclusões baseadas em induções. “Pela forma como esta vestida entendo que não irá à festa!”. Não olhou que ainda há muito tempo antes da mesma. Tem aqui o mesmo sentido de inferir, tirar conclusões por meio do raciocínio e sem ter todos os dados. Acontece que se os pontos utilizados para tal não expressarem realmente o que é, ou seja, apenas aparenta ser, a realidade pode ser totalmente outra, completamente diferente da aparência, então esta estabelecida a confusão. As pessoas dizem ter plena certeza do que concluíram. Agem baseadas nisso, é claro.
Comum para os (as) intitulados (as) donos (as) da verdade. Infelizmente são muito os que direcionam suas vidas baseados em interpretações e não em fatos. Depois, quando percebem o tamanho do erro dizem “é que eu achei...”; “eu pensei que...” e assim viveu-se uma distorção, até mesmo uma mentira como se fosse verdade. O “eu acreditei que” não muda o tamanho do engano. Não muda os erros praticados, pois as ações estavam baseadas em dados falsos. Quando se tira uma conclusão é necessário constatar se ela é verdadeira. Isso evitará muitos erros e infelicidades!
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