Quem sou? De onde vim? Para onde vou? (Parte VI)




Autor Ernesto Shima
Assunto Almas GêmeasAtualizado em 6/6/2012 12:57:10 PM
Vendo-o naquele estado, uma emoção tão profunda começou a tomar conta de mim. Estremeci. Dias antes da nossa despedida ele me chamou para uma conversa e quis que eu aceitasse a promessa dele de me restituir a casa e o carro que eu havia vendido para pagar as dívidas dele na época que tinha uma fábrica lá em Taguatinga.
Como filho eu recusei e o liberei destas dívidas comigo dizendo que eu estava no Japão agora e seria possível recuperar essas perdas, portanto que ele não precisava mais se preocupar com isso. Essas cenas traziam uma sequência de outros dramas que vivi em relação a esta fábrica do meu pai.
Principalmente quando ele estava falindo e fui chamado pela minha mãe para assumir todos os problemas da empresa e tomasse o lugar das minhas irmãs que tinham seus nomes no contrato social. Como elas eram funcionárias públicas, com a falência do meu pai, elas perderiam seus empregos.
Foi a primeira vez que ouvi a expressão: “Se você não fizer isso, a família não vai te perdoar!”. Como havia um desentendimento grave entre o meu pai e eu, jamais aceitaria o risco de assumir uma falência, tendo uma família para cuidar com duas filhas pequenas e esperando o meu herdeiro que estava para nascer. No fim, a pressão foi tanta que não tive opção. Retirei as minhas irmãs da empresa e assumi a responsabilidade pelos prejuízos.
Perdido nos meus pensamentos continuava observando o meu pai, que lutara uma vida inteira para dar conforto e segurança para a família. Vendo-o inerte daquele jeito, não queria acreditar que uma vida honrada, honesta, exemplar, pudesse terminar daquela forma. Não conseguia aceitar isto. Sentia no peito uma revolta crescer, querendo explodir. Angustiado, não percebia o tempo passar.
No meio da noite comecei a ver algo que me assustou terrivelmente. Imagens iam surgindo e entrando na cabeça do meu pai. Vinham em espirais. Surgiam do nada e eram cenas de uma vida. A vida do meu pai. Entrei em desespero. Conhecia aqueles momentos. Já passara por ele quando estava desencarnando. O meu pai estava recolhendo todas as experiências de sua encarnação atual. Entrei em pânico. O meu pai ia morrer.
Levantei-me num pulo da poltrona e me juntei a ele. Segurei sua mão. Apertei-a. Lembrei-me do último aviso da minha mãe. “A família não vai ter perdoar se ele morrer!”. Como poderia retornar ao Brasil? Confiaram em mim. Não poderia voltar sem ele. A confusão na minha mente se estabeleceu. Eu sabia naquele instante o que estava ocorrendo. E não sabia o que fazer para impedir a morte dele. Uma intuição muito forte começou a me guiar naquele momento.
Estendi as minhas mãos sobre o meu pai e comecei o processo de energização. Uma irradiação começou a fluir através das palmas. Eram luzes fortes, douradas. O corpo dele começou a ser preenchido por esses feixes luminosos. Orientado por essa voz interior, fui deslizando as mãos por todo o corpo dele, ficando mais tempo estacionado na cabeça. Durante todo o resto da noite me envolvi neste processo que só terminou quando o dia já estava amanhecendo.
Naquela manhã, cansado e sem dormir aguardava o desenrolar dos acontecimentos enquanto acompanhava os movimentos das enfermeiras que entravam e saiam dali. Perto do meio dia uma voz me disse: “Observe!”. Neste momento olhei para o meu pai e ele começou a se mexer. Maravilhado sai correndo pelo corredor para chamar a enfermeira de plantão. Atrás dela, veio um batalhão de médicos que estavam reunidos lá.
Quando entraram no quarto, as enfermeiras começaram a chorar e então eu fiquei mais uma vez em pânico. Pronto, o meu pai morreu! Corri até uma delas e perguntei o que estava acontecendo. Uma praticamente me abraçou. Estava rindo com lágrimas de alegria estampada em seu rosto e me disse que o meu pai havia saído do estado de coma. Que ele ia viver. Foi um pandemônio total com médicos e enfermeiras entrando e saindo a todo o momento dali.
Olhei para o meu pai e ele continuava a se mexer. Chorei. Convulsivamente chorei e desabei na poltrona. Minhas mãos tremiam. Abaixei a cabeça e comecei a agradecer aos céus pela ajuda milagrosa. A esperança voltara. O propósito da minha viagem ao Japão poderia ser cumprido.
Nos dias e semanas seguintes permaneci ao lado do meu pai, acompanhando passo a passo a sua recuperação. Os médicos não conseguiam explicar nada. Estavam surpresos. Em duas semanas eu havia dormido um total de 14 horas apenas. O único problema agora era a conta do hospital. A administração estava me cobrando a todo instante o pagamento das duas primeiras semanas.
Não tinha dinheiro. O salário que ia receber naquele mês mal dava para pagar uma semana da internação do meu pai. Liguei para o Brasil e também estavam em dificuldades para mandar o dinheiro. Não tive outra solução senão ligar para a minha empreiteira e pedir a ajuda deles. Concordaram em fazer um empréstimo para mim se eu me comprometesse a permanecer no Japão e pagar a dívida com o meu trabalho na fábrica. Aceitei.
Depois de cinco semanas o meu pai recebeu a autorização médica para voltar para o Brasil. Chamei o meu irmão para vir buscar o nosso pai, pois eu não poderia voltar. Comprei as passagens de volta dos dois e acertei com a companhia aérea a acomodação especial para o meu pai, numa viagem que só foi possível através de vários traslados pelos aeroportos de Okinawa, Fukuoka, Tokyo, Los Angeles, São Paulo e Brasília.
Somente quando recebi a ligação do Brasil informando que o meu pai estava internado numa UTI de um hospital em Brasília, eu pude relaxar. Dormi 24 horas seguidas. Liguei para a empreiteira e eles me deram mais uma semana de folga.
Permaneci em Okinawa para refletir sobre a minha situação. Ia completar dois anos no Japão quando a meta ao sair do Brasil era de apenas seis meses. O meu pai já estava em Brasília. O propósito da viagem estava cumprido. Mas eu não podia voltar. Estava mais uma vez endividado e levaria o ano inteiro para pagar as contas. A saudade de casa apertava no meu peito. Estava sozinho numa terra distante. A solidão me entristecia.
(continua...)
Paz!
Shima









Terapeuta Holístico, de Regressão e Escritor. É fundador e Presidente da ONG “Grande Fraternidade Humana da Terra”. Realiza atendimentos com as técnicas de Terapia de Regressão, Terapias vibracionais, Massoterapia, entre outras. Facebook: https://www.facebook.com/escritorernestoshima Blog: http://www.ernesto-shimabuko.com E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Almas Gêmeas clicando aqui. |