Viver virtualmente!
Atualizado dia 10/4/2015 10:14:40 AM em Almas Gêmeaspor Paulo Salvio Antolini
Como todo avanço das ciências, há sempre conseqüências que fogem ao controle que inibiria os desvios. Quem pode exercer esse controle? Os pais, sobre seus filhos e os adultos, sobre si mesmos.
Cada vez mais há queixas de que os filhos, desde os pequenos até adolescentes, passam todo o tempo frente ao computador. É um desvio quando, em qualquer faixa de idade, pessoas se concentram em uma vida atada ao monitor de um computador.
Os pais, com tamanhas dificuldades de conviverem mais tempo com os filhos, vêem-se de mãos atadas, pois os mesmos ficam praticamente soltos dentro do espaço em que se encontram confinados, e nesse espaço tem um computador. Os adolescentes realizam suas fantasias, se autoafirmando como sonham que deveriam ser, sem precisarem se expor fisicamente, ou dizendo na linguagem da moda, presencialmente.
Pois é: viver “presencialmente” é olho no olho. Na telinha do monitor, tudo é diferente.
Para as crianças de hoje, brincadeiras como “amarelinha”, “esconde-esconde”, bolinhas de gude jogadas na terra, fazer estradas na terra ou areia para brincar com seus carrinhos então, muito menos. Alguns até têm esse espaço, mas são desestimulados, pois suja.
Muito comum ver gênios do computador de 6, 7 anos, mas andar de bicicleta nem pensar. Vi uma criança de 8 anos ter verdadeira crise de pânico, quando seu pai insistiu para que ele tentasse andar com a bicicleta que havia ganho há muito tempo e que estava encostada. Esse pai me confidenciou que desde que tinha dado a bicicleta para o filho, ele várias vezes tinha pedido para andar. Só nesse dia que o pai estava se dispondo, vários anos depois, e com uma revisão cara de uma bicicleta nunca usada.
Jovens que se conectam com o mundo todo, o que cria uma grande corrente de conhecimento, estimula e aprimora o conhecer idiomas, mas que por outro lado, os tiram de suas obrigações do dia a dia, tornando-os cada vez mais dependentes da internet e incapazes de realizarem o ato mais simples, como até ir a uma padaria ou mesmo supermercado. Dificuldade de conviver socialmente, compartilhando de normas de boa educação, respeito ao outro e cumprimento de seus deveres.
Não só jovens mas também adultos que, sofridos de decepções, entregam-se ao teclado, pois através deles podem dar asas à imaginação. Leiam novamente a definição de virtual no primeiro parágrafo. Estar em potencial e sentir que existe, pode, que há chances, mas ainda não está concretizado. Não está realizado.
Buscar realizar concretamente e não apenas no campo virtual é expor-se a ter contratempos, dissabores, enfrentar barreiras, obstáculos. Jovens e adultos buscam colocações enviando currículos via e-mail, não se mostrando, apenas aguardando um retorno que na maioria das vezes não acontece. É sabido que vivemos uma época com grandes mudanças e que isso gera inseguranças maiores ainda. Mas ficar no mundo virtual é viver fantasias.
Quando se quer algo, é necessário que se faça movimentos em direção ao objetivo, por mais devagar que seja, tem que ser real. Não basta ficar encaminhado e-mails e esperando o “dinheiro” chegar, o amor aparecer, a saúde se recuperar. É preciso se movimentar. É preciso viver no mundo real, pois são reais os resultados que alcançamos e se não há esforços concretos, o resultado concreto é o nada acontecer.
Com os jovens, conversem e cheguem a um acordo sobre o tempo de uso do computador. Feito isso, façam-nos cumprir. Aos adultos, buscar um trabalho ou um relacionamento afetivo só pela internet é passar por grandes frustrações e dissabores. Embora os sites de relacionamento digam do sucesso dos encontros, pois disso depende o faturamento deles, raros dão certo. Belisque-se... se sentir, você é real, então, viva o mundo real.
Texto Revisado
Avaliação: 5 | Votos: 2
Visite o Site do autor e leia mais artigos.. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Almas Gêmeas clicando aqui. |
