ZOZ - Mulheres Maduras
Atualizado dia 18/07/2024 19:00:41 em Almas Gêmeaspor Margareth Maria Demarchi
Vamos falar de mulheres que já cumpriram uma parte do seu papel de geração de vida. Essas mulheres são mães que já criaram seus filhos e agora vivem uma fase especial, pois como é comum, pode ter acontecido a saida dos flhos, seja por casamento, ou outro motivo de importância. Por outro lado, sempre resta a possibilidade de que mesmo fora do convivio numa mesma casa, o filho ou filha necessitem de apoio, suporte e orientação. Muitas dessas mulheres, que já têm idade de 40 anos ou mais, são também profissionais.
Quando os filhos partem para sua vida independente, em seu próprio espaço, a mãe pode sentir uma grande diferença (durante anos teve sempre muitas coisas compartilhadas com os filhos), no início, uma espécie de silêncio, ou vazio, parece tomar o lugar de quem saiu. Ela pode sentir falta das coisas das quais antes se ocupava com essa pessoa, e que agora já não mais se importa se eram motivo de alegria, satisfação, surpresa, admiração, ou mesmo perturbação e preocupação.
Esse vazio precisa logo ser preenchido, e a forma mais comum que as mulheres escolhem para fazer isso, é criar situações para retomar com a imaginação as situações que agora estão no passado, para então, voltar a ter a mente ocupada, sem vazios.
Mas, qual o melhor caminho? Existe um melhor caminho? Será que fazer da vida dos filhos a sua vida, é o caminho? Como?
Não existe uma resposta para essas perguntas, pois, essas perguntas não fazem sentido se a mulher tem alta consideração por si mesma. Usar o seu tempo para pensar se os filhos vivem bem, ou se estão com alguma necessidade com a qual ela possa se envolver, é o passo mais decisivo para que ela se anule em quase todos os aspectos de sua própria existência, como se a vida não tivesse sentido sem os filhos. Para algumas mulheres, esse é o início do fim.
Início do fim pode parecer uma advertência muito pesada, mas é fácil de ser compreendida. Ao começar uma fase da vida na qual essa mulher pode dedicar tempo e energia para coisas que tem a ver com suas realizações mais internas, surge uma resistência essa nova realidade.
E aí vem a inversão, senão uma perversão consigo mesma, no sentido exato de distorcer fatos e eventos. Muitas mulheres procuram criar uma nova dependência dos filhos a elas, se envolvendo com a vida particular dos filhos, ou do novo casal, procurando interferir ou, interferindo na rotina daquela que é uma nova família.
Quando o assunto é o casamento dos filhos, às vezes dão assistência ao casal numa relação que cria dependência. Quer oferecer conforto, mas esse conforto tem um preço que elas estabelecem, ou seja, a manutenção de um controle que ao mesmo tempo não esteja vinculado a uma obrigação.
Entretanto, é preciso notar que o outro lado, ou seja, os filhos beneficiados, quando se percebem numa zona de conforto, recebendo o que não foi pedido, podem então, tomar todo o espaço possível da mãe, colocando sob sua responsabilidade, tarefas que competem a eles em sua nova forma de vida, e que resultam das decisões tomadas por eles.
O tempo passa, a situação toma corpo, e nessa evolução, chega-se a um ponto no qual dizer o “não” fica difícil de ser expressado, assim, alguns aborrecimentos podem surgir. Como defesa tardia e irresponsável, esta mãe poderá reclamar do quanto os beneficiados se aproveitam dela. Sem surpresas, se isso causar algum sofrimento ou frustração, poderá dar origem a alguma somatização, e com ela o adoecimento, ou outras situações de desconforto resultantes de atitudes que poderiam ter sido melhor pensadas e conduzidas com os filhos que decidiram por sua independência. Afinal, ela mesma teve seu próprio processo de independência, e que pode ser usado como comparação.
Ora, sejamos sinceras em admitir que muitas nós criamos um comportamento dependente nos filhos, quando a natureza humana, como a de qualquer animal, pede o contrário. Sim, é verdade que temos nossos deveres como geradoras de vida, mas, fazer isso deixando de lado a sintonia com nosso mundo interno, é um erro que pode custar muito caro.
É preciso muita propriedade e amadurecimento para ter claro que durante muito tempo vivemos para o outro, na relação mãe e filhos, e agora, quando tomam suas próprias direções, é difícil reconhecer que retomamos o que já possuíamos, ou seja, o tempo que tanto queríamos, ou seja, a liberdade tão sonhada há tempos atrás, para viver segundo nossas visões de vida. Mas a liberdade de viver plenamente tem maior significado quando usamos a nossa capacidade de amar espontaneamente, sem julgamento dos nossos sentimentos mais secretos.
Significa saber e considerar que os nossos desejos mais íntimos e tudo mais que guardamos ou que mantemos como segredo só precisa ser melhor compreendido por nós mesmas, e assim, isso certamente afetará as pessoas à nossa volta. Ao agir de forma amável e sensível com nós mesmas, teremos pessoas amáveis e sensíveis ao nosso lado.
Mas, como querer a liberdade se ainda estiver presa a valores e deveres para com os outros, mais do que para com você mesma?
A liberdade é possível a qualquer tempo. Seja com os filhos ou na ausência deles, porque só poderá ser vivida quando se estiver totalmente entregue ao momento, sem expectativas.
No entanto, um fato que qualquer uma de nós pode constatar diz respeito às desculpas que são colocadas para justificar a falta de realização, ou insucesso, e a falta de atitude para atingir objetivos que são expressos quase sempre com muita emoção. Afinal, quantas vezes ouvimos amigas e colegas nossas dizerem:
- Eu gostaria muito de ..., mas não consigo encontrar tempo.
- Se eu não tivesse que fazer para ..., cuidar do ..., ficar com ..., eu até que brigaria mais pelos meus objetivos, mas não dá tempo.
Porque tanto se justifica a falta de realização, por não ter tempo?
Porque que mesmo tendo todo o tempo do mundo, não conseguimos utilizá-lo?
Lembre-se que estamos falando de um período do nosso amadurecimento, que deve implicar na retomada da liberdade total, coisa que nunca deixou de existir, mas que por algum motivo anterior é comum que nos façamos abdicar. Nessa fase da vida fica difícil lidar com frustrações e erros, por sentir que isso pode afetar a sua “imagem”.
Uma imagem sobre a qual tentamos manter o controle. Nessa dinâmica, a energia é gasta para ficar atenta à reação do outro em relação ao que fazemos. Isso dá origem a preocupações, agrava a baixa autoestima, diminui a criatividade, alegria, vontade, o amor e a sabedoria pelo fato de se distanciar de si. Ainda que essa referência seja predominantemente negativa, ela é uma realidade. Por isso pode ser observada.
Trata-se de mulheres que vivem focadas nos problemas e muito pouco nas realizações da alma. O resultado disso ao longo dos anos com esse tipo de prática, é a desconsideração das próprias vontades, até que se deixe de acreditar na possibilidade de realizar anseios, mesmo os antigos.
Reflita sobre o motivo que pode fazer com que você persista num caminho oposto ao do seu desenvolvimento e realização plena daquilo que você tanto desejou em sua vida. Certamente não estamos falando de um desejo meramente repentino, nem faíscas de orgulho.
Esse processo pede paz e liberdade interna. Se há uma coisa a negar, não é a falta de tempo, mas sim, aquilo que internamente nega sua individualidade, bloqueia o seu desenvolvimento. Refletir sobre a causa da negação e do bloqueio, implica num diálogo consigo mesma, uma busca de solução, para então seguir o seu movimento rumo ao seu desenvolvimento.
A mulher madura, que consegue se dominar com consciência para que não se torne resultado da vida rotineira que ela mesma criou, é também uma mulher no caminho do verdadeiro amor, é alguém que sabe que deve conferir valor a si mesma para conferir valor ao outro, sempre com amor.
No início desse tema, “Mulheres Maduras” falamos da existência de um vazio, vamos buscar compreender esse vazio, para elaborar o que a pessoa gostaria de fazer para preenchê-lo com algo que confira valor e prazer.
Deve-se compreender o que está sentindo e olhar para o vazio.
- Por que esse vazio existe?
- Esse vazio é medo? É receio? Seria um vazio ou um todo preenchido de medo e receio?
O que esse medo trás de bom?
Pense!
Enquanto o medo permanece como comportamento ele realiza uma função. Seja positiva ou negativa o medo segue sendo alimentado nessa posição, mesmo o negativo conduz a algo positivo para a pessoa, nesse caso é preciso entender o que ele proporciona de bom, ou a que bem ele conduz. Para poder eliminar o medo é preciso identificar sua função e estar disposta a descartá-la.
É estranho que a pergunta questione o que traz de bom e não o que traz de ruim. Como poderia o medo trazer algo de bom? Isso acontece quando o medo proporciona algum conforto. Enquanto o medo permanece, ele faz parte da pessoa e pode permitir por exemplo, que a pessoa não assuma uma responsabilidade, não enfrente um desafio, seja poupada de uma frustração, ou afaste essa pessoa de quase toda sorte de situações indesejadas, e de riscos. O fato é que é muito provável que sempre ceder aos medos pode causar uma perda do domínio sobre si, e os bloqueios podem chegar a impedir até a própria capacidade de superação.
Se esse for o seu caso, tenha claro que tudo faz parte de você, e você não tem como se esconder e nem se proteger de você mesma. Basta se observar comparando os seus pensamentos para descobrir o que esses pensamentos estão querendo lhe dizer. Não concordar que tudo faz parte de você, cria mais resistência. Quanto mais você tenta fugir de uma situação, mais força ela ganha porque estará sempre presente, e se aliará a angústia e insegurança.
Alia-se a angústia porque você não exerce sua escolha como decisão, ou a exerce mal, dando potência à insegurança.
A mulher madura saberá compreender que os pensamentos são acúmulos de sensações, sentimentos. Somos um produto do que vemos e sentimos, inclusive daquilo que vemos na televisão, ouvimos nas rádios, e nas redes sociais, digitais ou não.
Temos necessidade de nos conhecer para que a angústia e o medo deixe de nos paralisar para o livre viver. Compreenda-se mais, respeite-se sem críticas, entenda os seus sentimentos e pensamentos. Uma vez ciente, irá viver a vida de forma simples e real.
Vamos pensar um pouco refletindo sobre um caso que pode nos parecer comum:
Luiza é o tipo de mulher dinâmica. Mantinha a casa organizada e ao mesmo tempo, praticamente cuidava de todos os detalhes importantes para o marido e os filhos. Vinte seis anos se passaram, os filhos já tem os seus próprios interesses, isso coloca Luiza novamente sozinha com o marido, tal como no começo do seu casamento.
Mas agora, uma diferença que sempre existiu entre eles a incomodava; uma Luiza dinâmica e sempre disposta com um Arnaldo normalmente pacato e sossegado, isso a irritava. No período que os filhos precisavam de cuidado, ela conseguia esquecer aquela diferença.
O primeiro filho, Lucas, se casa. A filha se muda para outra cidade e o terceiro filho vai estudar em outro estado. Luiza passou a se sentir só, e o tempo livre numa cabeça que começava a se ocupar de problemas inexistentes, apresentava reflexos negativos na sua saúde.
Numa consulta com o médico foi orientada a se ligar em atividades fora de casa, sair, viajar, participar de atividades em grupo. Mas, ela mesma não conseguia se ver saindo sozinha, e Arnaldo não costumava acompanhá-la.
Luiza voltou a estudar. Como isso não a satisfazia, por se sentir só passou a se aproximar da vida dos filhos. Criou uma rotina com o filho mais novo, Leonardo. Assumiu que ele não tinha maturidade para administrar suas novas responsabilidades e passou a ajudá-lo. Também começou a cuidar dos netos, filhos de Lucas. Depois de muitos meses, o que era cortesia, virou obrigação. Viu-se cuidando dos netos integralmente, resolvendo problemas para Leonardo, e assim, desprestigiando a si mesma, passou a se sentir fraca e sem coragem de mudar a situação que ela mesma criou. Luiza então, adota um novo discurso:
- Tenho problemas com um filho irresponsável, tenho netos para cuidar, a idade não me possibilita ter paciência com eles. Estou envelhecida e não tenho mais como fazer o que gosto.
Quem consegue se imaginar assim?
Luiza representa o caso da mulher madura que arquivou os sonhos e endureceu o comportamento consigo mesma. Uma mulher que se tornou orgulhosa e que achava ter atingido o limite da sua paciência e abandonou a capacidade de expressar seus sentimentos, se entregando aos seus pensamentos e as imagens por ele criadas.
É preciso dar amplitude a vida, com energia e vitalidade apropriadas, aprender a reconhecer os próprios talentos, e aproveitar oportunidades para descobrir coisas novas.
É fundamental carregar o seu físico com energia positiva, energia vitalizadora, esse é o caminho da boa resistência, da barreira ao passado e do encontro com tudo o que se queira realizar. Isso não depende de crença, depende de ação, amor por si, vontade e atividade. Chegar à maturidade tem a grande vantagem de se libertar orientando; não existe qualquer obrigação com o outro que supere a obrigação consigo mesma.
Cometários são bem-vindos!
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Texto retirado do Livro ZOZ - Mulheres Libertem sua Alma
Direitos autorais Margareth Maria Demarchi
Texto Revisado
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