Dinheiro e Relacionamentos - Parte I
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Autor Priscila Gaspar
Assunto AutoajudaAtualizado em 1/11/2006 8:42:58 PM
Na maioria das sociedades humanas, o dinheiro sempre esteve associado ao poder, mesmo antes do capitalismo: quanto mais rico, mais poderoso o rei ou o senhor feudal. Até hoje, a posse do dinheiro e estar na posição de “pagador” confere uma série de direitos à pessoa. Nas relações comerciais, nada mais justo: quem paga tem uma série de direitos – e aí está o código do consumidor para assegurar esses direitos. Mas, tanto nos relacionamentos familiares quanto nos afetivos tudo é mais complicado, pois além do poder, entram em cena outros valores, gerando conflitos.
Durante muito tempo, nas sociedades patriarcais - e machistas - o dinheiro e o poder estiveram restritos às mãos masculinas. Encontramos vestígios disso até mesmo na língua, basta analisar a origem da palavra “patrimônio”. É como se tudo o que se angariar por meio do dinheiro estivesse relacionado à força do “pai”. Já a palavra “matrimônio” deriva de “mater”, que significa “mãe”, como se a união da família dependesse da mulher. A origem da moeda remonta cerimônias com rituais de sacrifício, pois entre gregos e romanos a mesma palavra designava “gado” e “dinheiro”. Assim, o gado oferecido aos deuses era uma espécie de pagamento. Destaca-se o culto à deusa Juno Moneta que, além de estar vinculada à emissão da moeda, zelava pelo matrimônio e pela castidade feminina. O pagamento à deusa garantiria a ordem social e a estrutura familiar a partir da repressão da sexualidade feminina.
Com a liberação feminina, após séculos de opressão, podemos hoje observar que, na maioria dos lares, a mulher tem cada vez mais participação na renda familiar e, conseqüentemente, na aquisição do patrimônio do casal. Assim, as disputas pelo poder começam entre o casal.
Os desejos e os anseios humanos são bastante peculiares; cada um tem seu próprio sistema de valores no qual se reflete a forma de lidar com o dinheiro. Assim, o que para um é gastar o suficiente, para o outro pode ser tachado de desperdício e, para um terceiro, de pão–durismo! Como o consumo é ditado muito mais pelos desejos emocionais que pelas necessidades materiais, conciliar um orçamento familiar é uma das mais difíceis tarefas para um casal. A aquisição de um objeto qualquer se relaciona muito mais à representação psíquica do objeto no mundo de nossos desejos do que seu valor intrínseco ou sua utilidade. As propagandas que o digam: associam-se emoções e símbolos aos bens de consumo que, em geral, nada têm a ver com a função primordial do objeto.
Para complicar mais a situação, existem muitos pudores ao se falar sobre dinheiro. Crescemos ouvindo que “isso não se comenta na frente dos outros”, “isso é assunto da família”, “é indelicado perguntar sobre valores” etc. Há também o tema “preço do presente”, que é ainda um grande tabu. Assim como existem casais que não conversam abertamente sobre sexo, existem aqueles para quem o dinheiro é um assunto muito delicado, ou até mesmo, proibido. O tema “dinheiro” pode ser um tabu muito mais forte que o do sexo, embora nos dois casos, o assunto seja tratado com certa freqüência em revistas, jornais, programas de TV.
Leia a 2ª Parte: link
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Priscila Gaspar é Psicanalista, Terapeuta de Regressão e Terapeuta de Casais, com especialização em Sexualidade Humana. Atende em psicoterapia individual e de casal.Contato: [email protected] E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoajuda clicando aqui. |