Herança e Família
Autor Anna Karina de Pontes Leite
Assunto AutoajudaAtualizado em 1/26/2015 1:46:29 AM
Deveria ser simples uma reunião em família entre três membros dos que sobraram de um núcleo de cinco. Não é! Três mulheres apenas, decisões sempre postergadas por motivos vários... Desses que quando mulheres se encontram não conseguem se desvencilhar. Pensam nos que já se foram, nos que ainda se encontram, pensam em filhos e futuros e futuros.
Quando três mulheres se sentam para conversar de negócios, uma se cala com a boca, enquanto o pensamento sai gritando pelos olhos, saltitando desenfreado os lamentos da partilha. Outra fala e nao escuta, despeja idéias antigas engastadas com cheiro de mofo, apressando-se para não escapar o tempo. A terceira ouve, ouve e ao final aliviada vai refletir compassadamente na esperança da solução chegar.
Discutir herança, não importa a família, sempre constrange quem fica pra realizar o processo. E o medo é tão grande em haver mágoas recíprocas que o tom da conversa vem carregado de dor. Tem- se que relembrar os que já não estão mais, remexer no passado, às vezes até desconsiderar quem ainda está vivo. E a boca seca, os olhos marejam... Tres mulheres discutindo o destino da família que, agora partida, precisa encontrar um novo jeito de se fazer família.
Não é fácil! Procurei uma maneira de olhar-me nessa história e revelo apego quando apuro a visão. Apego inclusive ao sonho de meu Pai quando insistia em criar um negócio familiar. Mas não era um homem de negócios, era um artista. Saberia encontrar uma forma de solucionar nossos problemas com sua imaginação fértil e vivência. Levaria nosso pensamento junto do sentimento fraterno, desses que abdicam do egoísmo de enxergar apenas interesses restritos, para abranger todos incondicionalmente com o discurso da importância da união para gerar a força. Meu Pai saberia falar, mesmo com os nossos muchochos estampados no rosto, mesmo que parecessemos indiferentes, impacientes...ele saberia o que dizer. Talvez não chegássemos a um consenso imediato, provavelmente não seria esse o desfecho, mas permaneceriamos seguros sob sua proteção incontestável que, embora sendo tao diferentes, sempre nos manteve com o olhar na mesma direção.
Espero saber olhar, saber escolher, saber ser... Família!
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