VENCENDO A ALIENAÇÃO PARENTAL
Autor Paulo Rubens Nascimento Sousa
Assunto AutoajudaAtualizado em 7/3/2016 4:41:41 PM
Em meio à orquestração de todos os sentimentos e os afazeres habituais, me deparava com o desafio de amparar meu filho: quando ele vinha me visitar, eram visíveis suas dores e sofrimentos. Eu vinha vendo meu filho perder a pureza de sua infância pela brutalidade da mãe e da sua família. Eu vinha caminhando massacrado por aquela família que tinha um perfil neurótico, no qual eles viviam de forma pervertida, justificando sempre os fracassos das relações aos homens que não prestavam e que se aproximavam deles para abusar do dinheiro do pai. Quando eu me vi, eu estava no meio desse lodaçal. Era uma situação difícil, eu acabara de ter minha vida devastada, e tinha que estar de pé para amparar meu filho de tenra idade, que sofria com a violência dos avós maternos que alienavam meu filho. Era uma situação deveras insalubre, e vi meu filho adoecer. No primeiro momento ele teve um "surto de vitiligo", uma doença auto-imune que compromete a pigmentação da pele. Aquele fora o primeiro sintoma da problemática familiar da mãe: o conflito com a identidade étnica (uma forma de auto-negação para ser aceito). Procurei uma Dermatologista Homeopata, mais os banhos terapêuticos que eu fazia, e muito amor. Assim debelei o primeiro sintoma de sofrimento que dava seus sinais, que deixaram a médica espantada com aquele quadro - segundo a médica, em 28 anos de medicina ela nunca tinha visto uma coisa daquela. E seguíamos caminhando, sob o cinismo da mãe e a negligência da lei. Eu estava como um animal acuado, com meus instintos à flor da pele, e entre o vai-e-vêm em instituições, portas de advogados, tudo embalde. Eu me reportava à minha essência interior, e ali me refugiava, para encontrar a paz necessária para cuidar e assistir meu filho na medida do possível. Então, veio a necessidade do amparo espiritual para me manter caminhando no deserto. Eu morava só em Santa Catarina, e quando meu filho vinha ficar comigo, eu tinha que vencer todas as limitações que me deixavam apavorado em me sentir insuficiente para cuidar de uma criança sozinho. Nós homens fomos invalidados quanto às tarefas de cuidar, cuidar do lar, da cria, pois este era um poder feminino, e eu tinha que quebrar isto, e foi assim que eu e meu filho fomos construindo uma parceria íntima e profunda e aliviando os ferimentos e as dores da ruptura. Dele foram roubados o conforto, o amor e a proteção do pai e de mim, foi alienada a paternidade e o desígnio divino de cuidar da cria, mas minha casa permanecia de pé, embora em meio a tantos raios e intempéries. Eu percebia, no jogo psicótico dela, que no fundo ela queria morrer assassinada - isto era um apelo muito forte, como uma dança hipnótica; e eu tinha que desviar o meu olhar daqueles apelos inconscientes que ela provocava, pois havia algo mais importante, que era o meu filho. E assim, eu venci todas as provocações que ela fazia na frente da criança, para me desrespeitar e me provocar ciúmes. Eu estava no exercício maior de minha humildade e compaixão, diante do poder doentio daquela mulher timorata. Aquele era o meu grande apelo de maestria, me desviar do apelo das paixões triviais daquela mulher. Esta é uma situação nefasta para qualquer homem, e numa situação como esta o homem tem poucas chances, lhe restando três possibilidades: o homicídio, o suicídio ou o abandono afetivo para sobreviver. É como um abraço de Lachesis, o homem se vê torturado, estrangulado e sem perspectiva. Você sabe que se separou da pessoa, mas vai passar a vida sendo aporrinhado pelos mesmos apelos e situações. Mas eu encontrei saída no amor, e toda minha luta se converteu em poder fazer meu filho se sentir amado e pertencente. Foi muito difícil este primeiro momento, meu filho estava muito confuso e com ódio de mim e dele mesmo. Ele se batia na cara, puxava o cabelo, batia a cabeça na parede e eu tinha que lidar com tudo isto sozinho, sem ajuda, nem sequer um amparo institucional, pois todas as instituições ou eram negligentes ou tendenciosas. E acabávamos na mesma, e o único lenitivo era minha compreensão e amor. Foram muitos abusos, mas consegui vencer o poderio alienador dos avós maternos, e poder brincar com meu filho e sorrir e fazer ele entender o sentido da palavra papai, que quando ele falava compensava toda luta e sofrimento. Ele estava aprendendo a falar e já trazia no pequeno vocabulário o fardo da distorção afetiva, reproduzindo as falas que ele ouvia em casa, depreciativas contra o pai, que eram dissolvidas em atitudes conclusivas que eu não ampliava, para dissipar a dor e a confusão mental que ele apresentava. Certa feita ele falou "neném é louco, papai é louco", estas e outras falas que eu tinha que trabalhar com ele. Toda minha luta era pra autenticar minha presença na memória dele, e eu precisava dar pra ele uma idéia de lar, de bem estar e acolhimento, e fui buscar na organização de uma rotina doméstica a melhor forma dele se sentir bem e seguro, em casa com o pai. Eu sempre tinha as panelas no fogo cozinhando, arroz, feijão, legumes, fumegando no fogão, espargindo um aroma de lar. Eu queria que meu menino sentisse na minha presença todo esse aconchego, e mantinha meus rituais domésticos quando estava com ele, desde os banhos que tomávamos aos cházinhos e aromas pra dormir à noite. Eram as formas que eu encontrava para ele se sentir completo comigo, mesmo na ausência e na deficiência do amor materno. Eu conhecera o amor, e tentava neutralizar aquela brutalidade imposta a ele, suavizando e resignificando suas experiências através de momentos de qualidade e significativos. Os dias eram ritmados, em dias que estava com meu filho e nos dias que não estava com ele, como no mito da deusa Ceres, com a filha seqüestrada pelo deus Hades; dias trevosos e dias numinosos. Eu aprendi a ter a visão e os sentidos muito aguçados e a estar completamente presente, quando meu filho estava comigo, ele estava comigo e todo o tempo e atenção era pra ele. Mergulhava no mundo e nas suas fantasias, até podíamos tecer histórias no mundo da imaginação e ficar por horas tecendo castelos, de fadas princesas e dinossauros bonzinhos, pois ele falava "papai, o dinossauro é bonzinho, vem aqui por comida pra ele", e era bonzinho mesmo, sempre brincava e dava cambalhotas quando me via. Eu ficara muito sensível com a situação de pais e crianças que viviam na eminência de um desastre como este, e tomei uma atitude interior de seguir carreira política, em defesa da mulher e da criança. Restaurar a integridade do pai, do homem, que está avariada nos dias de hoje, e esta é a minha nova bandeira, que veio me despertar em momento tão oportuno de minha experiência pessoal e da história política de meu país. Apesar dos dissabores, aprendi a apreciar novos temperos e até descobri novas receitas e sabores. Quando estávamos juntos nada mais importava, tudo o que queremos é estar juntos e brincarmos o dia todo, e assim estamos vencendo os dias alienados pela mãe perversa, com sopinhas de batata baroa e biscoitinhos de milho, chamados de cavaco pelos negros antigos, que um dia aprendi numa feira orgânica no Parque da Água Branca em São Paulo, e que meu filho adora. A cozinha era nossa alquimia de cura, nossa pharmacia de sabores e temperos mágicos, e pra terminar na cozinha o nosso papo fica a dica, suco de abacaxi com leite de coco, hummm!!! Meu filho e eu descobrimos este sabor estes dias, uma delicia, vale a pena conferir. Termino com meu abraço a todos.
Avaliação: 5 | Votos: 5
PSICOTERAPEUTA JUNGUIANO, ATUA COM HOMEOPATIA, TERAPIA FLORAL E FITOTERAPIA. PROFESSIONAL E SELF COACHING E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoajuda clicando aqui. |