Vivenciando o luto e as perdas cotidianas




Autor Camilo de Lelis Mendonça Mota
Assunto AutoajudaAtualizado em 03/05/2016 16:58:10
Recente estudo realizado por pesquisadores das Universidades de Columbia, Michigan e Colorado, nos EUA, demonstrou como a rejeição amorosa tem a mesma correspondência que as dores físicas no ser humano. Baseado no mapeamento das atividades cerebrais, eles verificaram que o sentimento de perda e separação tem o mesmo impacto que o de uma queda ou um ferimento. Ou seja, a dor emocional ativa a mesma área do cérebro responsável por localizar sinais de uma dor física.
A comprovação da neurociência vem se somar ao que se observa em consultórios de psicologia e psicanálise, quando as perdas dos pacientes se configuram em dores emocionais tão fortes quanto as físicas. Em alguns casos, a dor da perda se torna tão insuportável que o indivíduo chega a se machucar fisicamente para que uma dor suprima a outra.
A perda amorosa é uma das facetas deste sentimento tão forte que afeta as pessoas em sua relação com o mundo. O distanciamento do outro chega a se aproximar do sentimento de luto, que, segundo Sigmund Freud , “é a reação à perda de um ente querido, à perda de alguma abstração que ocupou o lugar de um ente querido, como o país, a liberdade ou o ideal de alguém, e assim por diante”.
Por mais religiosos que sejamos, por mais estudos que façamos sobre o sentido da vida, ou mais conhecimento científico que tenhamos sobre os mecanismos de funcionamento dos sistemas corporais, a morte ainda se configura como uma grande ameaça, um todo incompreensível que nos assalta a consciência e nos leva à abstração provocada pelo luto. É a perda mais evidente.
O luto é natural. E como toda perda, no sentido psicanalítico ou neurocientífico, causa dor. Vivenciado em sua naturalidade, ele segue cinco etapas, bem identificáveis: a negação, a raiva, a barganha, a depressão e a aceitação. Pode ser que a pessoa em luto passe por todas elas, ou pelo menos duas. Às vezes, permanece por longo tempo na negação e entra em estado depressivo. Há o risco de que a tristeza profunda se torne depressão.
Mas há saídas e caminhos. Esta é a proposta de Petra Franke em seu livro “Toda noite escura tem um final de luz: orientação e conforto em tempos de luto” (Petrópolis, Vozes, 2016, tradução de Carla Koch). Só o título da obra já nos dá um alento para prosseguirmos em busca da esperança. O texto se desenvolve no sentido de levar o leitor a encontrar forças para, dia após dia, seguir o caminho do luto até o ponto de se livrar da dor.
De leitura fácil e até didática em alguns momentos, o livro traça a rota do otimismo e da esperança. Afirma a autora: “Mesmo quando nos momentos mais sombrios tudo ainda parece tão difícil e sem sentido, haverá futuro, e vale a pena lutar por isso”. Rico em citações reflexivas, “Toda noite escura..” traz ainda exercícios e sugestões de práticas para aliviar o sofrimento. É mais que uma obra de autoajuda. Não se destina apenas a quem está vivenciando o luto, mas a qualquer pessoa que busque compreensão sobre este mistério que ainda assombra a alma humana e que Manuel Bandeira tão bem traduziu em versos:
“Quando a Indesejada das gentes chegar
(Não sei se dura ou caroável*),
talvez eu tenha medo.
Talvez sorria, ou diga:
- Alô, iniludível!
O meu dia foi bom, pode a noite descer.
(A noite com os seus sortilégios.)
Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,
A mesa posta,
Com cada coisa em seu lugar”.
* amável
Referências
BANDEIRA, Manuel. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro, Aguilar, 1986.
FRANKE, Petra. Toda noite escura tem um final de luz: orientações e conforto em tempos de luto. Petrópolis, Vozes, 2016.
FREUD, Sigmund. Luto e melancolia. In: Edição Standard Brasileira das Obras Completas de Sigmund Freud, vol. XIV. Rio de Janeiro, IMAGO, 1996.
Texto revisado









Terapeuta Holístico, CRT 42617, Psicanalista, Mestre de Reiki, Karuna Reiki, Terapeuta Floral. Atendimento terapêutico em Araruama-RJ, São Pedro da Aldeia-RJ e Saquarema-RJ com hora marcada Tel. (22) 99770-7322. Visite também o site www.camilomota.com.br E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoajuda clicando aqui. |