Leitura da Borra de Café: Oráculo da Antiguidade




Autor Chaké Ekizian
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 1/24/2009 9:39:25 PM
Meu nome é Chaké (lê-se chakê). Ekizian é meu sobrenome, herdado de meus pais que eram imigrantes armênios. Vieram ao Brasil, principalmente meu pai, em busca de diamantes e ouro, acreditando que existiam em abundância pelas ruas. Meu pai, Garabed Ekizian, chegou ao Brasil aos 23 anos, vindo de Beirut, capital do Líbano, onde chegara aos 6 anos, fugindo dos turcos, povo responsável pelo primeiro genocídio da historia moderna, na 1ª guerra mundial da qual sobreviveu, correndo de sua cidade Tchomarlu até Beirut, sozinho, durante aproximadamente 60 dias.
Minha mãe, Chuchanik foi levada de Erzurum, atualmente Turquia, para Marselha aos 5 anos, pela Cruz Vermelha, após ver seus pais serem mortos, na mesma guerra. Juntando-se com mais 2 irmãs: Armenuhi e Varsenig e aí todas estudaram e alfabetizaram-se. O jovem irmão optou estudar odontologia e veio ao Brasil para tanto. As irmãs, entretanto, ficaram em Paris e formaram uma clientela para a qual costuravam. A irmã Varsenig, segunda na hierarquia familiar, foi pedida em casamento por um rapaz que chegara dos Estados Unidos. Ela relutava em aceitar o pedido pois não o amava. Mas a irmã mais velha, Armenuhi, insistiu que o aceitasse pois assim, mudando-se para os Estados Unidos, poderia chama-las quando lá estivesse estabelecida. No entanto, após a partida da irmã para os Estados Unidos fecharam-se os portos para a imigração. Assim, minha mãe e sua irmã Armenuhi decidiram vir para o Brasil, onde encontrariam seu irmão, deixando assim Varsenig na América do Norte. Mas mesmo assim o objetivo gerado pelo medo era encontrar a paz e estar bem longe de qualquer conflito e confronto.
Aqui a irmã caçula, minha mãe, Chuchanik Minassian, conheceu meu pai Garabed Ekizian. Casados, meu pai acolheu minha “Tante” Armenuhi e localizou seu pai, e o ajudou a imigrar para o Brasil, SP. Viúvo, Nahabed, meu avô Dedé, recém casado, em segundas núpcias, com Yerrissabet, também viúva. Tres filhos nascidos em Beirut e minha tia Margarida, que tambem é uma grande leitora de borra de café.
Da união de meus pais, nasceram 4 filhas: Sonia, Núnia, Osana e eu. Minha avó Yerrissabet, mesmo não sendo nossa parente de sangue, foi reconhecida por nós como nossa única e verdadeira “Nené”. Era uma grande consultora de borra de café, lia sempre que solicitada.
E eu , com 5-6 anos, já me sentia atraída por esta magia; curiosa e atenta, sentada no colo de minha avó, ficava algumas horas prestando atenção no desenho que a borra formava e no que minha avó dizia. Mas essa curiosidade se apagou com o tempo e só na Faculdade de Artes Plásticas se reacendeu; quando comentei com os meus colegas que a borra de café formava imagens e funcionava como um oráculo, todos queriam conhecer esta prática levando-me ao atrevimento de ler e percebi que, informalmente, havia aprendido de minha avó a capacidade de decodificar os signos.
E desde então passei a estudar e pesquisar e descobri que, primeiramente, quando uma pessoa coloca seus lábios e sua respiração em contato com algo, estará impregnando sua energia no objeto e ou passando-a para uma outra pessoa. Assim, acredito que o desenho que se forma ao virar a xícara é formado pela própria energia de quem bebe o café.Igualmente, descobri que foram os sumerianos, antigo povo nômade, que espalhou este costume pelo planalto de Anatólia onde ficava a antiga Armênia, cujo povo adepto do nomadismo espalhou o hábito pelo Egito, Líbano, Pérsia, Turquia, chegando até o continente americano, na onda da imigração.
Tel. (11) 8195 9893









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