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O Efeito Borboleta, karma, destino e o lvire-arbítrio (2ª parte)

Atualizado dia 09/09/2006 17:46:34 em Autoconhecimento
por Victor Sergio de Paula


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3.2 KARDEC E A FATALIDADE

Kardec questiona os espíritos sobre a FATALIDADE na questão nº 851, do Livro dos Espíritos, e obtém como resposta que “a fatalidade existe unicamente pela escolha que o espírito fez, ao encarnar, desta ou daquela prova para sofrer. Escolhendo-a, institui para si uma espécie de destino que é a conseqüência mesma da posição em que vem a achar-se colocado. Falo das provas físicas, pois pelo que toca às provas morais e tentações, o Espírito, conservando o livre-arbítrio quanto ao bem e ao mal, é sempre senhor de ceder ou resistir...” (grifos nossos).

A resposta é clara, precisa e afirma categoricamente que a fatalidade, entendida como destino, nada mais é do que um conjunto de escolhas prévias feitas pelo Espírito antes de sua reencarnação. Ainda dentro da mesma resposta surge a idéia de que a noção de determinismo pode, em princípio, ser aplicada às PROVAS FÍSICAS (doenças congênitas, por exemplo), enquanto que nas PROVAS MORAIS (opção por um vício como o do tabagismo) vige o livre-arbítrio do homem. O conceito de FATALIDADE trazido pelos Espíritos é, em resumo, NEUTRO, ou seja, não há nada necessariamente funesto ou nefasto nos acontecimentos, senão o rumo definido pelo próprio homem.

Na resposta à questão nº 859 da obra acima citada, os Espíritos são contundentes quando dizem: “... A fatalidade, verdadeiramente, só existe quanto ao momento em que deveis aparecer e desaparecer deste mundo”. (grifos nossos). Atentemos bem para a indicação de que a rigidez do que convencionamos chamar DESTINO, existe com alto percentual de certeza para os momentos do NASCIMENTO-REENCARNE e MORTE-DESENCARNE.

4. CARMA E DESTINO

Carma é uma palavra de origem sânscrita e quer dizer “AÇÃO”. O uso do vocábulo em nossa tradição espiritual acabou por identificá-lo com a LEI DE AÇÃO E REAÇÃO, associando-o por conseqüência à nossa idéia de DESTINO.

O Carma está ligado, em nossa cultura espiritual-ocidental, à colheita no presente da semeadura realizada no passado pela consciência em evolução. Entretanto, precisamos fazer alguns reparos na conceituação a respeito do Carma:
1. Carma não é destino, não havendo ligação sequer de significado entre um e outro;
2. No conceito mais lógico do Carma não existe qualquer “má sorte” ou “azar” que possa estar implícito;
3. O Carma não deve ser aceito como algo INEXORÁVEL, IMUTÁVEL, para o qual “não há remédio”, ou seja, o popular “NÃO TEM JEITO, É O MEU CARMA”;
4. O conceito de Carma não pode ser utilizado para explicar tudo, absolutamente tudo - como é usual alguns fazerem - que acontece com o ser humano encarnado ou desencarnado;
5. Ampliando a ação da Lei do Carma ou de Causas e Efeitos para multiexistências do mesmo espírito (várias encarnações), ela não é linear ou exemplificando: “bateu, apanhou”;
6. A Lei do Carma só faz sentido dentro de uma ordem de evolução harmoniosa, ascensional, se a linearidade for substituída pelo conceito do LIVRE-ARBÍTRIO que possibilita à consciência “mudanças efetivas de rumo existencial”;
7. O Carma trabalha, provavelmente, num sistema de ressonância dinâmica, no qual as atitudes do presente selecionam as conexões a serem estabelecidas com as vidas passadas, com todas as conseqüências subseqüentes.

4.1 DESTINO - UMA VISÃO AMPLIADA

Os apontamentos feitos no item anterior sobre o Carma abrem novas possibilidades de entendimento a respeito do chamado DESTINO, ou a nossa atual situação existencial. Ao tecermos considerações sobre os acontecimentos no curso de nossas existências, podemos utilizar três sistemas de possibilidades:
1. Todos os acontecimentos estariam predeterminados, com índice 100% de ocorrerem;
2. Nenhum dos acontecimentos estaria predeterminado, aleatoriedade total;
3. Alguns dos acontecimentos indicariam maior índice de probabilidade de ocorrerem.

Ao acolhermos a hipótese do item 1, simplesmente estaríamos concordando com uma existência “trancada” na qual o homem seria um mero espectador, cumprindo apenas a “determinação dos deuses do destino”. Nesse caso, sem poder optar, exercer sua vontade, demonstrar sua capacidade de discernimento, sem o exercício da vontade livre, como poderia a consciência evoluir?

A hipótese nº 2, por sua vez, enunciando a imprevisibilidade total, levaria a supormos que esta vida atual não possui qualquer conexão com outras existências e, ao final, excluiria como possibilidade até o instituto da reencarnação.

O bom senso indica que a hipótese nº 3 que informa da probabilidade maior de predeterminação de alguns acontecimentos é a mais próxima da lógica espírita.

4.2 DESTINO E PROGRAMAÇÃO EXISTENCIAL

À medida que o ser humano evolui, amadurece consciencialmente, pode avaliar todo o conjunto das suas últimas existências e no intervalo de intervidas determinar certos aspectos de sua futura encarnação, com o auxílio de Espíritos especializados em planejamento reencarnatório.

Os trabalhos mais avançados dos estudiosos na área da T.V.P. - Terapia de Vidas Passadas - indicam que nossa atual existência está conectada com um mínimo de 6 (seis) encarnações passadas, significando que o nosso momento presente é o resultado dessas interações multiexistenciais com todas as derivações delas decorrentes.

4.2.1 O MAPA EXISTENCIAL E O EFEITO BORBOLETA

Seguindo na linha de análise formulada, afirmamos que todo ser humano em evolução neste planeta, com especiais exceções, tem ao reencarnar um MAPA EXISTENCIAL. O “mapa existencial” seria um modelo provável da vida, um sistema de traçado panorâmico de todas as circunstâncias envolvendo o ser, tais como o corpo físico, família, religião, profissão, casamento e outras inerentes à vida no mundo físico.

Entretanto, ao admitirmos a teoria do caos e o efeito borboleta, em que uma pequena modificação num sistema provoca profundas alterações no modelo inicial, concluímos que o MAPA EXISTENCIAL é constantemente alterado pelo livre-arbítrio. O livre-arbítrio é o mecanismo que dispara novos traçados no MAPA EXISTENCIAL, levando-se em conta que todas as nossas ações, por insignificantes que sejam, fazem-se acompanhar de certos efeitos que se vão superpondo uns aos outros, de forma intricada e complexa.
Evan Treborn, o personagem central do filme “O Efeito Borboleta”, aos poucos vai percebendo que suas pretensões de alterar o passado para reconstruir o presente são desprovidas de sucesso, pois não há como controlar o livre-arbítrio do ser humano.
Evan Treborn percebe, como a maioria de nós, tardiamente, que cada pessoa encontra-se num contexto parcialmente determinado pelo conjunto de suas ações desta vida, e para os reencarnacionistas, das vidas anteriores e dos períodos na erraticidade (período no astral, entre uma encarnação e outra, sempre levadas em conta suas necessidades de aprendizado e evolução de um modo geral.

Quando entendermos melhor o porquê da nossa presente existência, com todas as suas implicações, veremos que tudo aquilo que creditamos à conta do DESTINO, nada mais é do que o uso - consciente ou inconsciente - do nosso livre-arbítrio, resultando em nossa felicidade ou infelicidade, simplesmente a nossa SEMEADURA E COLHEITA.

Parte 1

Texto revisado por Cris

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