A Alma e o Inconsciente

   

Autor Marcos Spagnuolo Souza

Sentado ao lado do velho ancião na sombra de um imenso flamboyant amarelo fiquei pensando: a alma possui uma pulsão que é uma energia que a movimenta em direção ao gozo, a satisfação. O objeto do gozo da alma é o inconsciente, palavra que procura sintetizar um campo que a alma não possui consciência. No referido campo existem todas as infinitas potencialidades e podemos denominar o inconsciente também com o nome de Deus. A consciência da alma é formada pelo constante desvelar do inconsciente. O processo de conscientização da alma não possui limites porque o inconsciente não é restringido pelo espaço e tempo. O objetivo da alma é o constante desvelamento do inconsciente resultando numa ampliação de consciência. O caminho natural da alma é seguir sua pulsão de gozo no inconsciente. Denominamos queda da alma quando a alma não busca o gozo no inconsciente e a partir desse momento o inconsciente é substituído por um quadro em branco sendo preenchido pelas energias instintivas do corpo. O objeto no interior do quadro pode ser qualquer coisa no nível terreno e podemos salientar na tentativa de exemplificar: relacionamentos, propriedades, divertimentos. Qualquer objeto de gozo colocado no interior do quadro é simplesmente uma ilusão de gozo levando a alma sentir-se vazia gerando no corpo físico sintomas de tristeza e depressões. Os sintomas de tristeza e depressões indicam que o gozo nos objetos terrenos são ilusões substitutivas do verdadeiro gozo no inconsciente. Quando a alma se volta para os objetos no interior do quadro ela não se sente realizada, pois, está separada de sua verdadeira natureza. A atividade pulsional conduz a alma em direção ao inconsciente e os instintos corporais levam a alma a ficar presa aos objetos delineados no interior do quadro. Costumamos denominar as pulsões de emoções de vida e os instintos de emoção de morte. Podemos nos analisar se possuímos emoção de morte ou de vida. A emoção de morte nos conduz a uma vida em busca dos prazeres no trabalho, na riqueza, nos relacionamentos, na sexualidade. A emoção de vida introduz o corpo na calma, na paz e busca incessante pelo gozo no inconsciente, ou seja, na submersão no que existe eternamente.

O velho ancião lendo os meus pensamentos disse: "As águas formam os rios e o destino do rio é ir para o oceano. Assim atua a consciência, cujo destino é sempre se fundir com a consciência maior a fim de alcança a imortalidade. Buscai o anjo do Oceano. Retirais vosso calçado e vossas roupas e deixai que o anjo do Oceano abrace todo vosso corpo. Entregai-vos por inteiro a seus acolhedores braços e, assim como o ar penetra em vossa respiração, a água do mar também penetra em vosso corpo. Em verdade vos digo que o anjo do oceano expulsará de vosso corpo toda imundície que vos manche por fora e por dentro."

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