A ambição com simplicidade
Autor Bernardino Nilton Nascimento
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 9/17/2009 9:51:53 PM
Você tem ambições? Não? Pois tenha, é importante! A ambição nos move, nos motiva, mas desmedidamente, nos arrasa. Você corre o risco de se magoar com as ambições sem sentido, fora do seu dom moral.
A sua principal ambição deve ser elevar-se. Elevando-se, você se torna algo que ainda não foi, liberta-se do passado, vivendo e extraindo o seu verdadeiro dom. Deve elevar-se a fim de se tornar mais humano, mais ativo, um verdadeiro líder, sem desperdiçar as energias com falsos poderes.
Muitas pessoas se envergonham das suas origens, não gostam que lhes falem dos pais, por que são pessoas simples. Elas têm o coração descompassado. Se for a esses sentimentos que a ambição os conduz, só isso seria suficiente para condená-lo. Porém, essas pessoas ainda são ingênuas, tolas, superficiaisl e, mais que tudo, desumanas.
Podemos designar como escopo da ambição e também como sua qualidade dominante, a simplicidade. Vendo a ambição por este ângulo, ela irá desenvolver a generosidade e se ajustará perfeitamente a um coração bondoso. Tornar-se um ser humano melhor, mais justo e mais forte: eis todo progresso a que ele deve aspirar. Quem se convencer disso se tornará simples. Não lhe passa pela mente a idéia de dominar ou esmagar os outros, porque para uma pessoa equilibrada, isso não terá a menor possibilidade.
Aquele que tem vontade e moral pode se considerar um resistente. Ele será o que deve ser, seja qual for sua posição. Saberá, conforme a ocasião, ordenar e obedecer. Um bom ser humano alcançará todas as qualidades de um bom líder.
Eis o que chamo de simplicidade do coração, donde nasce a simplicidade da vida, dos gostos, dos costumes. Essa simplicidade é, ao mesmo tempo, a mais alta dignidade, a mais autêntica nobreza, a maior das energias. O ser humano simples não procura elevar-se, arrancando-se de sua camada. Ele bem sabe que a força vem pelas raízes. Conserva-se sempre em contato com o seu Eu Interior, atravessa as estradas difíceis sem sair do seu objetivo, sem pisar nas pessoas.
Ele não prima nem pela sua mesa e mobiliário, nem pela sua linguagem ou idéias. Se lhe é dado elevar-se alguns degraus, ele se glorifica antes, mais no seu ponto de partida que no seu ponto de chegada, e sua grande honra é a origem humilde. Pelo coração, ele permanece com os seus. Não se esquece deles, é fiel. Tem conhecimento de que, em algum recanto de sua habitação moram as velhas recordações. Ali está sua energia, sua virtude, a alegria, o segredo da sua ascendência sobre os demais.
Nada torna o ser humano maior do que essa nobreza interior debaixo de uma aparência singela. A verdade que semelhantes vidas proclamam é tão evidente que, mesmo nas sociedades fundadas sob absolutismos, e mais dadas que outras à exibição de distinções exteriores, nunca existiu um poder durável, nenhuma influência pessoal, nenhum domínio sobre as almas, senão lá onde se achou a simplicidade.
Os perigos que ocorrem nos caminhos da ambição doente são desesperadores. Não é suficiente que o ser humano seja de uma condição social elevada e não se deixe levar pela falsa grandeza. O que importa é a consciência, o bem viver.
Infeliz daquele que fica escravizado por esse ideal de vida mole e enervante que não consiste, senão em espetáculos estranhos, em sensações “perturbadoras”. A ambição do poder corrói e desagrega lentamente, dissolvendo-lhe todas as forças vivas. Não tardará ele a confundir o bem com o bem estar, e a considerar toda privação e todo esforço como uma vergonha. Daí a vender-se por um pouco de riqueza ou de prazeres é só um passo. Semente de escravos é todo esse mundo que arrisca e se arremessa atrás do cargo da fortuna para apanhar as migalhas que vão caindo. Pouco importa saber de onde eles vêm, quais seus nomes, posições, opiniões ou crenças. Não há, senão uma palavra para designar a todos, mas podemos ter a certeza que eles são os resíduos da humanidade.
BNN
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