A corrupção dos valores
Atualizado dia 28/10/2014 12:51:07 em Autoconhecimentopor Mariana Montenegro Martins
A corrupção tornou-se prática social corriqueira, com a perda da capacidade das pessoas de avaliar e valorar justamente. Com a perda da capacidade de dar o devido valor às coisas. Nesse cenário, tudo que é humano, foi subtraído. A consciência, a ética, a educação, os ideais, a criatividade, o propósito de vida, tudo isto, perde valor na nossa sociedade. Perdeu para a esperteza, o cinismo, o egoísmo, a alienação, a máquina reprodutiva do mesmo, o niilismo. E isso acontece até com pessoas boas e bem criadas. É como encher uma criança de mimos e presentes o tempo todo. Ela se corromperá, mesmo que tenha uma boa índole.
Os valores adulterados dessa sociedade corromperam as pessoas. É mais valorizado tudo o que é efêmero, perecível, transitório e superficial. Pense nas pequenas corrupções nossas de cada dia. Na falta de congruência entre o que pensamos, dizemos e fazemos. O dizer sim, quando se quer dizer não. Nutrir o tóxico, na hora que é para frustrar. Rir, do que se deve corrigir. Mentir, mentir, mentir. Até que a mentira ganha o status de verdade. Tudo para manter uma imagem. E ninguém mais sabe dar o devido valor, a coisa alguma, com justiça.
Os fins hoje justificam qualquer forma de abuso. As mentiras compartilhadas entre os indivíduos se tornam consensos sociais. Depois, as pessoas não compreendem a corrupção em nível nacional e global. Não olham para si mesmas, para suas próprias mentiras e máscaras. Os atores tem o ofício de vestir papéis e criar personagens. As pessoas comuns fazem o mesmo no palco social, mas não o percebem. Estão representando algo, levando uma mensagem ao outro. E ainda achamos que vivemos uma vida real, que somos de verdade!
Escondemos nossas contradições, jogando-as para debaixo do tapete, deixando transparecer o nosso ego, este pacote de mentiras que funciona. A moda é ser funcional. As mentiras nossas de cada dia dão base à corrupção instituída. Falta-nos a capacidade de ver com o olho da verdade, de apreender o sentido, de compreender o texto no contexto, as partes no todo. Carecemos resgatar das brumas do esquecimento palavras como: honra, dignidade, austeridade, ética, nobreza, integridade, gentileza, trazendo-as para o cotidiano de nossas atividades e relações.
Mas como usar as faculdades da avaliação e da valoração, sem cair no julgamento? Sem nos tornarmos falsos moralistas? É usando o coração, a ‘ética do cuidado’. Nas palavras de Krishnamurti: “Só uma profunda revolução interior, que altere todos os nossos valores, pode criar um ambiente diferente, uma estrutura social inteligente; e uma revolução deste gênero só pode ser realizada por vós e por mim”. É o indivíduo que pode reerguer os valores humanos, pois os valores são nossa riqueza. Sem eles, continuaremos corruptos, subtraídos de nossa humanidade.
Texto revisado
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Escritora, jornalista, educadora e terapeuta. Nascida no Rio de Janeiro, no solstício de verão, sob o signo de sagitário. Site: http://trilhasdoser.com.br/site/ E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |