A distância entre o pensar e o sentir!
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Autor Paulo Salvio Antolini
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 6/23/2013 10:25:19 AM
A distância entre o pensar e o sentir!
Vivemos um tempo em que o pensar tornou-se tão valorizado que até as expressões de sentimentos tornam-se apenas "falas pensadas", ou seja, as pessoas dizem o que pensam estar sentindo e, em alguns casos, o que pensam que o outro gostaria de ouvir. O contato físico passou a ter uma conotação puramente sexual. Mesmo em grupos que se propõem a trabalhar o "sem palavras", os toques acabam explorando a sensualidade, mais do que o "sentir o outro", o perceber que ele existe, que ele sente, e assim por diante.Vejam a dificuldade de se permanecer em silêncio. Ficar em silêncio é se dar a oportunidade de ouvir a si mesmo. Na quietude que o silêncio traz, é possível sentir o próprio corpo e então perceber o como ele está. Esta primeira percepção ainda não é a leitura dos sentimentos, mas de como nos encontramos. O corpo não racionaliza, ou seja, não disfarça nem mente. Aprender a percebê-lo é um grande passo para nos entendermos melhor. "Estou cansado(a)"; "Estou quebrado(a)", são algumas das falas que denotam como estamos percebendo nosso corpo, mas não passa disso. Quando questionamos melhor esse "cansaço", esse "estar quebrado", as pessoas não sabem explicar. Identificar realmente o que se sente começa por se perceber o próprio corpo e saber traduzir o que ele nos diz. Entender o aperto no peito, se é uma angústia ou apenas uma pressão momentânea gerada por um estado de ansiedade. Se o nervosismo expresso por tremor interno é reflexo de uma insegurança frente a uma situação ou se revela uma desnutrição momentânea, que se resolve com uma simples refeição.
É comum a pessoa estar toda dolorida e depois perceber que passou o dia, ou dias, em estado de tensão e, se questionado a respeito, não saber responder, apenas diz: "Não há motivos para eu estar tenso(a) assim!". E é verdade, mas por alguma razão ela ficou com aquela tensão todo o tempo, sem necessidade.
Banhos de imersão, exercícios físicos, técnicas de relaxamento, dança, etc, são recursos muito em voga e utilizados para que se possam extravasar energias contidas. Mas a prática desses recursos, apenas, não faz com que a pessoa se aproxime de si mesma.
A Inteligência Emocional realça o fato de que temos duas mentes: a racional e a emocional. Em nosso cérebro, a mente emocional se localiza na Amígdala, centro nervoso logo acima do início da coluna vertebral, e a mente racional no neo-cortex, região mais recente de nosso cérebro e onde temos as nervuras e ondulações vistas em qualquer foto do cérebro. Chama-se Inteligência Emocional o equilíbrio entre a razão e a emoção. Porém, desenvolvemos tanto nossas capacidades cognitivas que deixamos de exercitar nossas capacidades sensoriais e conectadas com nossas emoções e sentimentos. Parece até que ela está se atrofiando.
Essa situação é tão intensa e generalizada, tão forte e difundida entre as pessoas, que o pensar sentimentos está a todo vapor. Fala-se sobre o amor como se falar fosse amar propriamente e assim por diante. A habilidade racional está sendo tão exercida, que hoje se falam e discutem conceitos, mas sem nenhuma prática e vivência desses mesmos conceitos. Acreditem se quiserem, tive uma cliente, vinda de um outro terapeuta, que lhe indicava a leitura de livros que abordavam os tipos de problemas que ela apresentava. Seu conhecimento teórico era surpreendente, mas de nada lhe valia, a não ser a capacidade de racionalizar ainda mais seu comportamento. Ela não conseguia entender porque, "conhecendo tanto de si", continuava a sentir os mesmos mal-estares e tendo os mesmos comportamentos que a faziam buscar a terapia. Foi com muita dificuldade que conseguiu mergulhar em si mesma e, só a partir daí, dar passos efetivos em direção à harmonia e ao bem estar pessoal.
Uma das críticas que se faz ao que as pessoas sentem é que o sentir é subjetivo. Verdade, se o referencial usado forem as outras pessoas. Porque se o referencial for o sentir de cada um, é objetivo e concreto, é o que rege as ações e os comportamentos. Não adianta, por exemplo, ficar repetindo frases como as sugeridas na obra "O Segredo", pois o que o Universo nos devolve não é o que racionalmente falamos, mas sim o que emitimos em nossa essência, que é o nosso sentir. Prova disso? Se bastasse pensar, todos nós seríamos famosos, ricos e bem-sucedidos.
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