A Dor da Busca - Parte 1
Atualizado dia 23/09/2006 22:37:58 em Autoconhecimentopor Joäo Virginio Silva
Provavelmente, a maioria de nós está em busca de alguma espécie de felicidade e paz, vivemos num mundo atormentado por agitações, guerras, violências, competições e lutas; por isso, desejamos um refúgio onde imaginamos encontrar um pouco de paz.
Penso ser isso o que quase todos nós desejamos. E, assim, nos empenhamos de corpo e alma na procura, passamos de um guia para outro, de uma organização para outra, de um instrutor para outro, etc.
Ora meu Deus! Estamos procurando a felicidade ou estamos buscando alguma espécie de satisfação, da qual esperamos obter a felicidade?
Penso que há uma diferença imensa entre felicidade e satisfação. Procurar a felicidade é mais uma das estúpidas invenções da mente humana, pois não podemos achar a felicidade. Talvez se possa encontrar a satisfação, mas, certamente, não se pode achar a felicidade. Porque a felicidade é um derivado, é subproduto de outra coisa. Sendo assim, antes de colocarmos a nossa mente e o nosso coração em uma coisa que exige muito interesse, muito estudo, reflexão e aplicação, precisamos saber o que estamos buscando, se é a felicidade ou se é a satisfação.
Penso que o que realmente queremos é estar satisfeitos, o que desejamos é encontrar um sentimento de plenitude, no fim de nossa busca.
Afinal de contas, se estamos procurando a paz, podemos achá-la com muita felicidade. Basta devotarmos cegamente a uma causa qualquer, a uma idéia qualquer, e aí ficarmos abrigados e adormecidos.
Mas, decididamente, este não é o meio de resolvermos os nossos problemas. Isolarmos na clausura de uma idéia ou de uma crença não é, decididamente, a maneira correta de nos libertarmos do conflito.
O que precisamos é verificar, tanto num nível interior como exteriormente, o que cada um de nós deseja alcançar, não é verdade?
Se tomarmos consciência a esse respeito, não teremos mais necessidades de ir à parte alguma, a nenhum guia, a nenhuma igreja, a nenhuma organização.
Nosso problema, então, se resume numa só coisa: o de fazermos luz em nós mesmos, o de fazermos luz sobre nossas intenções, não é verdade? Mas, será que podemos ter essa clareza, essa lucidez? Essa clareza, essa lucidez vem até nós como resultado de busca ou de ouvirmos o que dizem outras pessoas, seja ele o mais sublime instrutor ao medíocre pregador da igreja da esquina. Certamente, que não.
Será que precisamos de alguém para sermos capazes de descobrir. É óbvio que não, mas é exatamente isso o que estamos fazendo, não é. Lemos inúmeros livros, vamos a muitas reuniões, ingressamos em várias organizações, em busca de um remédio para nossos conflitos, para as misérias das nossas vidas. Ou, se assim não procedemos, é porque julgamos já ter descoberto o que buscávamos. Costumamos dizer que determinada organização, que determinado instrutor, que determinado livro nos satisfaz, nos preencheu dizemos que encontramos nele o que desejávamos, e ai nos deixamos adormecer, nos deixamos ficar cristalizados e fechados como uma ostra. No meio de toda essa confusão, o que queremos encontrar, o que estamos buscando é alguma coisa que seja permanente, que seja duradoura, buscamos uma coisa que chamamos de o real, a verdade ou Deus, não é verdade. Há em quase todos nós o desejo ardente de atingir algo permanente, algo que dure para sempre, algo que não se acabe jamais, não é verdade. Desejamos encontrar algo para que possamos nos agarrar, nos apegar, algo que nos dê segurança, esperança, entusiasmo e certezas eternas, já que, dentro de nós mesmos, estamos tão incertos. Não conhecemos a nós mesmos, mas estamos sempre prontos a seguir alguém que nos ofereça algum tipo de gratificação ou segurança no futuro. Conhecemos muitos fatos e o que disseram os livros, porém nada sabemos por nós mesmos, não temos nenhuma experiência direta com quase nada.
Mas, o que é isso a que chamamos permanente. Que é isso que estamos buscando e que esperamos nos dará a permanência. Não buscamos a felicidade permanente, não buscamos a satisfação permanente, não vivemos em busca do prazer permanente, da certeza permanente. Queremos algo que dure eternamente e que nos dê uma satisfação eterna também. E, como não encontramos essa coisa, inventamos a eternidade do “Eu”. As coisas passam, morrem, se transformam, mas “Eu", continuo. Essa continuidade do "Eu” é a nossa miséria. Se conseguirmos ficar livres de todas as palavras e das frases feitas e olharmos a realidade da vida, veremos que não desejamos outra coisa, a não ser a permanência que chamamos tolamente de a Verdade, Deus, ou o que quiseres chamar.
Muito bem então, o que queremos mesmo é...prazer. Talvez essa seja uma maneira um pouco rude de dizer-lhes, mas é exatamente isso o que queremos de fato. Queremos prazer, só prazer e mais nada. Queremos um tipo de conhecimento que nos dê prazer, experiências que nos dê prazer, satisfação que não se definhe, que não se acabe de hoje para amanhã. É isso o que, realmente, queremos. Já experimentamos satisfações variadas e todas elas se foram, terminaram.
Então, queremos encontrar agora a satisfação permanente seja na realidade da vida física ou em Deus. Positivamente, é isto o que todos nós estamos procurando, tanto os inteligentes como também os estúpidos, tanto o teórico como o mais prático que luta pela obtenção de alguma coisa.
Mas, há de fato, alguma satisfação que seja permanente. Existe pelo amor de Deus alguma coisa que dure para sempre. Existe tal coisa.
Se estivermos em busca de satisfação permanente, a que costumamos chamar de Deus, ou de a Verdade é óbvio que devemos compreender primeiramente a coisa que estamos buscando. Quando dizemos, “busco a felicidade permanente”, Deus, ou a verdade, ou seja, lá o que for, devemos também compreender a entidade que busca, não é verdade? Porque é bem provável que a segurança e a felicidade permanente não existam. E a verdade pode ser uma coisa completamente diferente, e, acredito eu, ela é totalmente diferente daquilo que se pode ver, conceber e formular. Portanto, antes de nos colocarmos abestalhadamente em busca de alguma coisa permanente, não é bastante lógico e inteligente compreendermos primeiramente a entidade que busca. Por acaso a entidade que busca é diferente da coisa que se busca. Quando dizemos, estou buscando a felicidade, essa entidade que está empenhada na busca é diferente do objeto de sua busca. É diferente. O pensador é por acaso diferente do seu pensamento. Ou os dois são as mesmas coisas. Não constituem os dois um fenômeno conjunto e inseparável. Algum dia você já pensou nisso. É essencial que se compreenda o empreendedor da busca, antes de procurar compreender aquilo que ele está buscando. Chegamos então ao ponto em que podemos nos perguntar muito séria e profundamente.
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