A Esperança
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Autor Adriano Heitor Frederico Lopes
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 11/17/2004 10:59:16 AM
Outro dia, diante de tantos problemas que vinha enfrentando - tantos percalços se me apresentavam - depois de mais uma derrota diante de um obstáculo, senti que não suportaria voltar para casa e ver nos olhos dos meus, o reflexo de meu fracasso.
Sentindo o coração apertado, o espírito cheio de amargor, saí sem rumo, andando pela cidade. Até o dia parecia estar diferente: com um sol escaldante, dava a impressão de que tudo estava derretendo.
A cada passo, passava por pessoas conversando, sorrindo, crianças brincando felizes, rodas de amigos nos bares, filas de jovens nos cinemas... mas eu preferia ver o trânsito infernal, as ruas sujas, os prédios acinzentados pelo tempo e pela poluição, os preços caros das mercadorias nas lojas... e os passos já eram autômatos, não sabia onde mais estava indo e porque estava indo. Fui sendo levado a um estado de torpor que, quando me dei conta, havia entrado em um bosque que ladeava a avenida principal.
Percebi que nunca havia estado ali. Era um lugar repleto de grandes árvores que, ao mesmo tempo, encobriam o causticante sol mas deixavam que apenas alguns raios vazassem por suas copas, o suficiente para clarear e aquecer, na medida exata, aquele lugar.
Já não mais ouvia as sirenes, as buzinas, as conversas, as algazarras... era tudo silêncio! No centro desse lugar, que parecia ter saído de um conto de fadas, havia um banco adornado por linda e interessante trepadeira, a qual enovelava-se com todo o cuidado por suas tábuas e, com todo o capricho, deixava vagos apenas os lugares de se sentar, como se realmente aquilo fosse um convite. Não resisti e me sentei.
O ar era fresco e puro. Fechei os olhos e inspirei lentamente o perfume que emanava do local. Aos poucos fui expirando e, quando olhei para o meu lado, havia um ancião sentado.
Ele tinha o cabelo já bastante branco e comprido, sua barba era da mesma tonalidade e também muito longa; sua face era alva, seus braços alongados e, em uma das mãos, segurava um cajado, de uma madeira que não consegui identificar, mas que dava voltas em torno de si mesma. Ele parecia ter mil anos mas, ao mesmo tempo, parecia ser bem mais jovem do que eu.
Quando nossos olhares se cruzaram, vi um brilho em sua íris que jamais havia visto em toda a minha vida. Seus lábios se moveram e me dirigiram um sorriso. Nesse instante fiquei gélido. Um turbilhão de perguntas correu minha mente: de onde viera? como se sentou ali e eu não percebi? o que estaria um velho fazendo sozinho naquele lugar? que lugar era aquele?... ???
Quando fiz menção de começar a falar e questionar, ele fez um sinal para que eu permanecesse em silêncio e, colocando uma das mãos no ouvido, entendi que queria que eu ouvisse alguma coisa. E ouvi! Pássaros cantando! Eram rouxinóis, sabiás, bem-te-vis e tantos outros que não pude reconhecer. Mas estavam lá e pareciam cantar para mim.
Aquele ser virou-se para mim, então, e, sem que eu dissesse uma única sílaba, começou a falar:
“Uma das palavras mais bonitas que o homem pode falar é ESPERANÇA. E é também um dos sentimentos mais nobres que Deus plantou em seu coração.
Embora não perceba, é a Esperança que faz o Sol nascer. Enquanto a Esperança for viva em seu coração, Ele continuará a lançar ao chão a semente e esperará que germine e possa colher o seu fruto.
É pela Esperança que nos leitos dos hospitais, o remédio faz renascer a vida. Havendo Esperança, continuarão os casais se enamorando e as famílias perpetuarão a espécie. É por ela que terá sempre alguém estendendo a mão, dando carinho, acolhendo. É em função dela, que os pais ainda ensinam seus filhos e estes lhes dão atenção.
Quando a luz da Esperança deixa de brilhar no coração do homem, ele não mais consegue ver no espelho o seu próprio sorriso; e se ele não sorri para si mesmo, não irá sorrir para mais ninguém. Isso fará com que ele, a cada instante, despenque em seu próprio abismo.
É pela Esperança que, a cada choro de uma nova vida, revive a certeza de que algum dia Ele virá e poderemos, em uma grande mesa, desfrutarmos do mesmo pão e do mesmo vinho.
Portanto, meu amigo, não deixe que os problemas que hoje lhe assolam, apague o fogo vivo da Esperança que queima em seu íntimo. Pelo contrário, alimente-o ainda mais, para que possa incendiar todo o seu corpo e contagiar todos que o cercam. As pedras que encontramos pelo caminho, nada mais são do que oportunidades que temos para usá-las na construção de nossa grande morada.
Tranqüilize seu espírito e lembre-se: o Sol voltará a brilhar amanhã se a Esperança de seu coração assim o desejar.”
Quando terminou de falar, sorriu novamente e levantou-se. Seguiu em direção às árvores. Vestia uma túnica tão alva quanto sua pele e tão longa que não pude ver seus pés. Porém, tive a nítida impressão de que estava flutuando, tamanha era a leveza com que se movia.
Meu desejo era de permanecer naquele estado letárgico em que me encontrava, mas uma força interior muito grande impulsionou-me e comecei a andar. Era um andar apressado, porém não era nervoso. Apenas queria chegar logo e abraçar minha esposa e meus filhos. Queria logo olhá-los e dizer a eles o quanto os amava.
Sem perceber, já havia chegado à rua. Ouvi um barulho de uma pesada porta se fechando atrás de mim. Voltei-me imediatamente... aquele lugar não mais estava lá! Teria sido fruto de minha imaginação? Será que eu havia desmaiado e delirado com tudo aquilo? Não sei... mas um sentimento de paz me invadira e, enquanto caminhava de volta, percebi que as pessoas sorriam sim, não de mim, mas para mim.
Até hoje não sei explicar o que me aconteceu naquele dia. A única certeza que tenho é que passei a encarar os meus problemas com mais tranqüilidade e a perceber que, ao resolver um embaraço em minha vida, eu me tornava mais forte para prosseguir na caminhada.
Nunca soube a verdade sobre aquele encontro. Mas imagino que aquele lugar e aquele ser iluminado devem estar aparecendo, nesse instante, para alguém que está necessitado.
Assim ESPERO!
Texto revisado por Cris
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Conteúdo desenvolvido pelo Autor Adriano Heitor Frederico Lopes Visite o Site do autor e leia mais artigos.. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |