A História da Puta
Atualizado dia 3/12/2018 3:14:39 PM em Autoconhecimentopor Linda Ostjen
A Deusa da Colheita ou da agricultura, Démeter, viajou ao Inframundo para resgatar a sua filha Perséfone, sequestrada por seu tio Hades. Durante a longa viagem, a deusa foi acolhida pelo rei de Eleusis, Céleo, quem lhe ofereceu hospedagem para descansar.
Démeter, para agradecer a hospitalidade, decidiu transformar um dos filhos do rei em um Deus, Triptólemo, e lhe ensinou as artes da agricultura para que ele divulgasse os conhecimentos àquela região da Grécia.
Démeter teria tido algumas relações com príncipe e assim concebeu a uma semideusa a qual chamaram Puta (menina). Condicionada por seus genes, a menina, nasceu com o dom para a prática agrícola da poda das árvores, atividade que melhorava a qualidade dos frutos procedentes dos arbustos.
Com o passar do tempo, sua reputação se difundiu por toda a Grécia, até que passou a ser adorada pelos agricultores, que em sua honra decidirom realizar festas em cada poda das árvores.
Como sucedia em toda festividade, Dioníso (o Baco para los romanos) era o primeiro convidado, ja que, era o deus do vinho e do êxtase sexual, requisitos que derivavam em suas festas bacanais (de Baco) das que todo anfitrião queria desfrutar.
O mesmo passou a ocorrer nas festas das podas (do latim putabis) das árvores, para participar das festas, como já mencionado, era cobrado, portanto a deusa Putta/Puta passou a ser ligada rapidamente a troca de dinheiro por sexo.
Na origem da palavra, em latim, ‘putta’ é menina. E, por mais paradoxal que seja, de sinônimo de ingênua, passou a ter a conotação atual, ao longo do tempo, sem uma explicação clara. “A palavra ‘putta’ em italiano antigo significa ‘menina’ e é preservada em dialetos”, afirma o linguista Mário Viaro, da USP.
“No português europeu, puto é um menino pequeno, usado sobretudo no diminutivo ‘putinho’.” A palavra existe em português, espanhol, francês e italiano. Uma versão popular sobre a origem da palavra, popular sobretudo na Espanha, fala da deusa PUTA, uma das divindades agrícolas romanas, responsável pela poda (puta, em latim). No dia em que podavam as árvores, as sacerdotizas exerciam a prostituição sagrada, em honra à deusa. Com o passar do tempo, o nome da deusa virou sinônimo de prostituta.
“No português europeu, puto é um menino pequeno, usado sobretudo no diminutivo ‘putinho’.” A palavra existe em português, espanhol, francês e italiano. Uma versão popular sobre a origem da palavra, popular sobretudo na Espanha, fala da deusa PUTA, uma das divindades agrícolas romanas, responsável pela poda (puta, em latim). No dia em que podavam as árvores, as sacerdotizas exerciam a prostituição sagrada, em honra à deusa. Com o passar do tempo, o nome da deusa virou sinônimo de prostituta.
Então, a deusa Grega com este nome, a deusa Putta, seria uma deusa menor, deusa da poda.
A Deusa Putta é seguidora de Dionísio, deus que sempre esteve ligado à uma espécie de boêmia, Putta não deixa por menos, sendo a deusa da poda, importante fase de fecundidade para a agricultura – uma poda bem feita, na época correta garante a produção de bons frutos às árvores frutíferas – a deusa era homenageada com festas e orgias.
Estas são as origens da palavra “puta”, termo que hoje é ligado à prostituição.
Muitas expressões explicadas aqui: Havia uma crença, uma simpatia que as mulheres que desejavam engravidar agitavam ramos das árvores.
A segunda mulher da figura acima agita um ramo- imaginamos, mas não encontramos fontes confiáveis de que assim surge o termo “rameira” para as prostitutas – e as sacerdotisas, seguidoras de tal deusa, se ofereciam para o sexo, podiam participar da “orgia” aqueles que pagassem certa quantidade para a deusa, por isto estas mulheres ficaram conhecidas como aquelas que ofereciam sexo em troca de pagamento: putas.
Segue um bom conselho não chame uma mulher de Puta ou vagabunda:
“Más allá de toda esta explicación, nunca llames “puta” a una mujer… mejor decile “diosa”.
Para além de toda esta explicação, nunca chame uma mulher de “puta”, melhor dizer-lhe “deusa”.
Na Pré-história, quando as mulheres organizavam os clãs matriarcais e coletavam entre 65 e 80% de todo o alimento que sua sociedade consumia. Quando elas davam à luz sem que os homens soubessem que tinham qualquer participação na perpetuação da espécie.
Quando esse poder era considerado uma espécie de mágica que as conectava com o sagrado e fazia delas a verdadeira representação da Deusa que havia criado toda a vida.
E quando o sexo não era condenado moralmente pela religião, mas consagrado como meio de elevação do espírito. Ou seja, a prostituição nasceu bem antes das sociedades patriarcais.
Assim a Puta nasce no período que hoje chamamos de Pré-História, período em que o culto da Deusa era a regra entre os seres humanos.
A História só começa com o advento da dominação masculina? Certamente não.
O reinado da Deusa, esquecido por nossa História ou relegado como uma coleção de “estranhos cultos de fertilidade” durou, na realidade, 25 mil anos, como conta a historiadora Nickie Roberts em “Putas na História: prostituição na sociedade ocidental”.
Ou seja, ela começa em algum ponto do Paleolítico e segue até a organização do patriarcado com a ajuda dos filósofos gregos – sim, foi nosso querido Aristóteles quem cunhou em “A Política”, por exemplo, a ideia de que “uma mulher inteligente é um fato contranatural”.
Antes disso, as Putas eram Sagradas. Elas foram sacerdotisas xamânicas em sociedades nômades, e organizavam rituais sexuais em que toda a comunidade participava.
Mais tarde, quando a humanidade aprendeu a arte da agricultura, elas levaram essas práticas a templos. O sexo era sua forma de levar o mundo a acessar o divino. Este era seu trabalho.
A pesquisadora americana Melissa Farley pede licença para fazer uma interrupção nesta parte da história de Nickie:
“Eu estudei as sociedades matriarcais. Mas as prostitutas sagradas não recebiam dinheiro, esta é a diferença! A questão central ali era ser se divertir, ser legal com todo mundo. Quando o dinheiro entra em cena, cria-se um desequilíbrio de poder.”
De fato, naquele período a noção de dinheiro sequer existia – as coisas aconteciam na forma de escambo e o sexo com os fiéis era só uma entre tantas atribuições do ofício dessas sacerdotisas, mas não deixava de ser um trabalho. E foi a própria ideia de posse que acabou com o reinado das putas sagradas – e das mulheres em geral.
Foi lá pelo ano 3 mil antes de Cristo que os homens das primeiras comunidades começaram a entender que participavam da gravidez e, paulatinamente ao longo dos séculos, começaram a querer garantir que o filho que criavam, de fato, era deles. Não queriam que a propriedade construída durante a vida toda fosse parar nas mãos dos filhos de outro homem.
Não foi do dia pra noite. As deusas, primeiro, convivem com deuses… até serem derrotadas por eles. A filosofia aristotélica se instala. É então que a sociedade começa a controlar a sexualidade da mulher. Nosso corpo vira objeto.
As esposas
“Se um homem não tiver filhos com sua esposa, mas os tiver com uma prostituta das ruas (…) os filhos dela serão os herdeiros dele; mas enquanto a esposa viver, a prostituta não pode conviver na casa dele”, atestou, em 2 mil a.C., o Código Lipit Ishtar, dos sumérios. Este é um dos mais antigos registros conhecidos em que prostitutas e esposas ganham status diferenciados – as primeiras, é claro, por baixo na hierarquia.
Nickie conta que enquanto as sociedades foram criando leis que estigmatizavam cada vez mais as prostitutas, foram também desenvolvendo meios de garantir a submissão das esposas. A vida das trabalhadoras do sexo começa a se tornar miserável e vergonhosa mas, mesmo assim, algumas preferiram ser prostitutas a esposas.
Hoje, quando os governos condenam aliciamento de prostitutas e jogam bordéis na ilegalidade, é difícil acreditar, mas um dos maiores e primeiros cafetões da história foi o Estado, segundo a historiadora. Solon, que governou Atenas no final do século 6 a.C., percebeu o quão lucrativo era o negócio e criou bordéis estatais.Além disso, durante toda a história, lembra Nickie, leis que coibiam ou proibiam a prostituição foram usadas por oficiais e policiais para cobrar propina ou favores sexuais de profissionais do sexo
As religiões
O Deus monoteísta foi quem condenou de vez as prostitutas ao inferno – na terra e no além. Instituiu a noção de pecado, condenou a sexualidade por prazer. Não pensem, no entanto, que esta condenação era assim tão clara.
O rei Henrique II, por exemplo, garantiu que, durante 400 anos a começar em 1161, o bispado britânico teria direito a um percentual do lucro dos bordéis – e com o suor das prostitutas foram construídas muitas das belas catedrais de Londres.
Já o seminarista francês François Villon deixou registrado em poemas da Idade Média as “maravilhas” de seu bico extra como um cafetão nada doce: “Quando um cliente chega, eu encho potes de vinho e os trago (…) Neste bordel nós fazemos um negócio ribombante (…) Mas quando ela vem pra casa sem dinheiro (…) Não posso suportá-la e ela irá derramar sangue”.
E até mesmo os santos chegaram a pregar que a prostituição fosse permitida para salvar a castidade das donzelas. Afinal, como disse Santo Agostinho:“Suprima a prostituição e luxúrias excêntricas tomarão conta da sociedade”.
Estava declarado: aos olhos dos deuses e dos homens, às mulheres cabiam dois papéis: a puta do inferno ou a esposa dos céus.
A LEI
A História só começa com o advento da dominação masculina? Certamente não.
O reinado da Deusa, esquecido por nossa História ou relegado como uma coleção de “estranhos cultos de fertilidade” durou, na realidade, 25 mil anos, como conta a historiadora Nickie Roberts em “Putas na História: prostituição na sociedade ocidental”.
Ou seja, ela começa em algum ponto do Paleolítico e segue até a organização do patriarcado com a ajuda dos filósofos gregos – sim, foi nosso querido Aristóteles quem cunhou em “A Política”, por exemplo, a ideia de que “uma mulher inteligente é um fato contranatural”.
Antes disso, as Putas eram Sagradas. Elas foram sacerdotisas xamânicas em sociedades nômades, e organizavam rituais sexuais em que toda a comunidade participava.
Mais tarde, quando a humanidade aprendeu a arte da agricultura, elas levaram essas práticas a templos. O sexo era sua forma de levar o mundo a acessar o divino. Este era seu trabalho.
A pesquisadora americana Melissa Farley pede licença para fazer uma interrupção nesta parte da história de Nickie:
“Eu estudei as sociedades matriarcais. Mas as prostitutas sagradas não recebiam dinheiro, esta é a diferença! A questão central ali era ser se divertir, ser legal com todo mundo. Quando o dinheiro entra em cena, cria-se um desequilíbrio de poder.”
De fato, naquele período a noção de dinheiro sequer existia – as coisas aconteciam na forma de escambo e o sexo com os fiéis era só uma entre tantas atribuições do ofício dessas sacerdotisas, mas não deixava de ser um trabalho. E foi a própria ideia de posse que acabou com o reinado das putas sagradas – e das mulheres em geral.
Foi lá pelo ano 3 mil antes de Cristo que os homens das primeiras comunidades começaram a entender que participavam da gravidez e, paulatinamente ao longo dos séculos, começaram a querer garantir que o filho que criavam, de fato, era deles. Não queriam que a propriedade construída durante a vida toda fosse parar nas mãos dos filhos de outro homem.
Não foi do dia pra noite. As deusas, primeiro, convivem com deuses… até serem derrotadas por eles. A filosofia aristotélica se instala. É então que a sociedade começa a controlar a sexualidade da mulher. Nosso corpo vira objeto.
As esposas
“Se um homem não tiver filhos com sua esposa, mas os tiver com uma prostituta das ruas (…) os filhos dela serão os herdeiros dele; mas enquanto a esposa viver, a prostituta não pode conviver na casa dele”, atestou, em 2 mil a.C., o Código Lipit Ishtar, dos sumérios. Este é um dos mais antigos registros conhecidos em que prostitutas e esposas ganham status diferenciados – as primeiras, é claro, por baixo na hierarquia.
Nickie conta que enquanto as sociedades foram criando leis que estigmatizavam cada vez mais as prostitutas, foram também desenvolvendo meios de garantir a submissão das esposas. A vida das trabalhadoras do sexo começa a se tornar miserável e vergonhosa mas, mesmo assim, algumas preferiram ser prostitutas a esposas.
Hoje, quando os governos condenam aliciamento de prostitutas e jogam bordéis na ilegalidade, é difícil acreditar, mas um dos maiores e primeiros cafetões da história foi o Estado, segundo a historiadora. Solon, que governou Atenas no final do século 6 a.C., percebeu o quão lucrativo era o negócio e criou bordéis estatais.Além disso, durante toda a história, lembra Nickie, leis que coibiam ou proibiam a prostituição foram usadas por oficiais e policiais para cobrar propina ou favores sexuais de profissionais do sexo
As religiões
O Deus monoteísta foi quem condenou de vez as prostitutas ao inferno – na terra e no além. Instituiu a noção de pecado, condenou a sexualidade por prazer. Não pensem, no entanto, que esta condenação era assim tão clara.
O rei Henrique II, por exemplo, garantiu que, durante 400 anos a começar em 1161, o bispado britânico teria direito a um percentual do lucro dos bordéis – e com o suor das prostitutas foram construídas muitas das belas catedrais de Londres.
Já o seminarista francês François Villon deixou registrado em poemas da Idade Média as “maravilhas” de seu bico extra como um cafetão nada doce: “Quando um cliente chega, eu encho potes de vinho e os trago (…) Neste bordel nós fazemos um negócio ribombante (…) Mas quando ela vem pra casa sem dinheiro (…) Não posso suportá-la e ela irá derramar sangue”.
E até mesmo os santos chegaram a pregar que a prostituição fosse permitida para salvar a castidade das donzelas. Afinal, como disse Santo Agostinho:“Suprima a prostituição e luxúrias excêntricas tomarão conta da sociedade”.
Estava declarado: aos olhos dos deuses e dos homens, às mulheres cabiam dois papéis: a puta do inferno ou a esposa dos céus.
A LEI
No século 12, munidos da condenação cristã à prostituição, os Estados europeus começam a fazer as primeiras leis que coibiam ou criminalizavam a prostituição, a começar pela França. Em alguns casos, prostitutas eram impedidas de fazer acusações contra pessoas que lhes fizessem mal, em outros, o estupro de prostitutas chegou até a ser legalizado. Alfonso IX, de Castilha, criou um modelo, aliás, bem parecido com o que hoje chamamos de “modelo sueco” e criminalizou todos os envolvidos no comércio de sexo, exceto as prostitutas.
Mas o mais original de todos esses homens que tentaram legislar sobre a vida das prostitutas foi o clérigo Thomas de Chobham.No século 13, ele criou um manual para confessores em que descrevia que as prostitutas tinham direito de vender sexo – mas se chegassem ao clímax, tinham a obrigação moral de não receber dinheiro por isso
A criminalização, parcial ou completa, continuou sendo a norma durante os séculos 20 e 21 na maioria dos países.
Sem dúvida, hoje, o ofício de prostituta não é um conto romântico.
Em entrevistas com 854 prostitutas de nove países, a historiadora Milena Farley descobriu que 95% das mulheres que estão na área trocariam de emprego se pudessem.
Em um relatório extenso sobre prostituição publicado no ano passado, a Anistia Internacional declarou:
“Trabalhadores sexuais são um grupo diverso (…) para alguns, (a profissão) pode oferecer mais flexibilidade e controle sobre horas trabalhadas, ou melhor remuneração do que outras opções de ofícios disponíveis para eles (…) Para muitos, a decisão é resultado de limitadas escolhas de vida.” E completa: “Elas experimentam níveis altos de violações de direitos humanos em todo o globo.”
Uma jornada triste para aquelas que, um dia, conectavam os homens com o sobrenatural.
Mas o mais original de todos esses homens que tentaram legislar sobre a vida das prostitutas foi o clérigo Thomas de Chobham.No século 13, ele criou um manual para confessores em que descrevia que as prostitutas tinham direito de vender sexo – mas se chegassem ao clímax, tinham a obrigação moral de não receber dinheiro por isso
A criminalização, parcial ou completa, continuou sendo a norma durante os séculos 20 e 21 na maioria dos países.
Sem dúvida, hoje, o ofício de prostituta não é um conto romântico.
Em entrevistas com 854 prostitutas de nove países, a historiadora Milena Farley descobriu que 95% das mulheres que estão na área trocariam de emprego se pudessem.
Em um relatório extenso sobre prostituição publicado no ano passado, a Anistia Internacional declarou:
“Trabalhadores sexuais são um grupo diverso (…) para alguns, (a profissão) pode oferecer mais flexibilidade e controle sobre horas trabalhadas, ou melhor remuneração do que outras opções de ofícios disponíveis para eles (…) Para muitos, a decisão é resultado de limitadas escolhas de vida.” E completa: “Elas experimentam níveis altos de violações de direitos humanos em todo o globo.”
Uma jornada triste para aquelas que, um dia, conectavam os homens com o sobrenatural.
Mata Hari en una actuación en París (c. 1910)
Fonte: Aventuras na História, Maio 2012, https://goo.gl/SW4PK.
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Linda Ostjen, Advogada, licenciada em Letras pela PUC/RS, bacharel em Ciências Jurídicas pela Faculdade de Direito da PUCRS, especialização em Direito Civil pela UFRGS e Direito de Família e Sucessões pela Universidade Luterana (ULBRA/RS), Mestre em Direitos Fundamentais pela Universidade Luterana (ULBRA/RS). Juíza não togada na Comarca de Viamão. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |