A Igreja
Autor Marcos Spagnuolo Souza
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 1/17/2011 9:30:18 AM
Voltando nas profundezas de minha memória vejo inúmeros movimentos cristãos (Alumbrados, Aquisidores, Anabatistas, Albigenses, Begardos, Bogomilos, Cátaros, Irmãos do Espírito Livre, Maniqueus, Montanistas, Petrobrussianos, Paulicianos, Quietismo. Ramo de Ouro, Valdenses) indicando o caminho para a transcendência dos desejos do corpo humano para alcançar o encontro místico com Deus. Esses movimentos foram perseguidos e eliminados nas fogueiras pela Igreja que impôs no mundo a sua doutrina subvertendo o cristianismo original. Na atualidade resta a Igreja reconhecer sua culpa e corrigir o seu rumo, pois, é uma instituição desgovernada e ocupada por pessoas que desejam revezar os prazeres do corpo com os prazeres dos sentidos no interior do virtual ambiente "sagrado".
A Igreja é o Bezerro de Ouro, cuja doutrina desvia totalmente dos ensinamentos de Jesus Cristo, levando os seus crentes a viverem a utopia do encontro místico com Deus, escondendo que ela foi criada pelos Imperadores Romanos para neutralizar os ensinamentos do mestre Jesus. Diante do exposto aconselho o governante da Igreja a destruir o Bezerro de Ouro e elaborar a doutrina em harmonia com a filosofia de Cristo.
A primeira atitude a ser tomada pelo despótico governante da igreja é limpa-lá das pessoas obnubiladas por desejos e paixões e abrir espaço para as pessoas que sabem que estão no mundo, mas não são do mundo; vivem no mundo, mas, não para o mundo. Aceitar na igreja pessoas que possuem condições de intuir. A segunda atitude é desvelar o ritualismo colocando-o na vivencia da transmutação do corruptível para o incorruptível, do corpo material para o corpo de luz, no corpo do desejo para o corpo glorioso. A terceira atitude é indicar a meditação ou silêncio interior como ponto central para a unificação da consciência com Deus. A quarta atitude é a oração, o jejum e a prática da xerofagia como sendo atividades benéficas no caminho em direção ao absoluto. Os retiros espirituais vivenciando o silêncio, a oração, o jejum e a xerofagia oferecem oportunidades a nossa essência de comunicar com o sagrado. A quinta atitude é buscar a harmonia entre os ensinamentos da transfiguração com as atividades diárias, sendo impossível viver explorando os outros no comércio ou em outras atividades lucrativas, e depois, entrar no templo buscando Deus. Impossível buscar a riqueza no mundo e ao mesmo tempo viver o desapego das coisas materiais. A sexta atitude é jogar fora da Igreja toda opulência, toda riqueza, todo fingimento, toda exploração, toda mentira, toda perseguição, todo panoticismo e todo desejo de controlar o povo. A sétima atitude é desconectar de toda ação política buscando uma sociedade mais justa, pois, o objetivo da igreja não é com a sociedade e sim em oferecer condições a cada pessoa de buscar Deus em seu próprio interior, extrapolando todo sentido social.
A Igreja está em erro em não harmonizar a filosofia com a filologia. Filosofia é a idéia e filologia é o fato, a prática. O devoto que possui por filosofia o desapego do mundo deveria vivenciar o desapego dos bens materiais, unindo a filosofia com a filologia. O ideal do ser humano indicado por Cristo não pode estar dissociado do homem como ele é efetivamente (ordo et connexio idearum idem est ac ordo et connexio rerum). Trata-se das núpcias entre cogitada "et visa" (Bacon) e entre as verdades de razão e as verdades de fato (Leibniz).
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