A ilusão da inveja
Atualizado dia 06/03/2018 14:59:40 em Autoconhecimentopor Paulo Tavares de Souza
A inveja é um vício mental que se desenvolve na ausência da coragem. Pessoas invejosas, são, antes de tudo, pessoas medrosas, incapazes de perceber que no pano de fundo dos seus sentimentos, esconde-se o medo.
Quando presenciamos feitos que admiramos, não é raro nos compararmos aos que estão realizando e percebermos as limitações que a falta de coragem nos provoca. Nesse ínterim, surge esse sentimento negativo: a inveja. É um sentimento que apenas reforça as convicções limitantes que foram consolidando-se em nosso programa mental através das experiência no mundo.
Desde o nascimento, fomos compelidos a conviver com doutrinas negativas, ou seja, sempre convivemos com discursos religiosos, educacionais e, até mesmo culturais, que se apresentam de todos os lados, com a mesma e velha intenção: convencer-nos de que não somos bons o suficiente. A Igreja nos chama de pecadores, os padrões estéticos nos consideram feios, as corporações nos tacham de incapazes, os pais nos protegem como se fôssemos de cristal, assim por diante. Não é dificil perceber que todas essas instituições participam da construção de uma realidade manipulada.
Na verdade, a inveja sinaliza apenas uma ausência, pois a virtude da coragem, que está em posição contrária a ela, é um atributo da nossa Verdadeira Natureza e a alma, quando se eleva, manifesta esse atributo de forma natural, como algo que sempre esteve ali, presente, porém absolutamente encoberta por ilusões de fraqueza, impotência, incapacidade, assim por diante, ou seja, engaiolados por nossas convicções como nos ensina Dostoievsky: "As gaiolas são o lugar onde as certezas moram".
Todos estamos a caminho da luz. A cada experiência, a cada evento da existência e em cada encontro de corpos, percebemos uma Inteligência trabalhando com uma única pretensão: provocar o nosso despertar. Para isso, no entanto, essa Força Universal terá que desconstruir as mentiras que se transformaram em certezas e moldaram a nossa personalidade fraca e limitada.
Inveja é um vício mais comum do que imaginamos. Em um primeiro momento, negamos e fugimos do carimbo de invejosos, pois trata-se de algo repugnante; no entanto, ao observarmos nossas reações, percebemos que existem em nós - como na maioria dos indivíduos - traços desse gigante indesejável.
Enquanto não nos convencermos da necessidade do 'bom combate' contra os conceitos que nos engessam, enquanto não enfrentarmos os desafios propostos pela vida, nós continuaremos limitados pelas grades de certezas e valores ultrapassados que nos escravizam.
É preciso ter coragem para desconstruir os nossos vícios mentais, para isso, não devemos focar neles, mas criar uma intimidade cada vez maior com as virtudes que estão em nossa essência. É preciso fortalecer a ideia da força, da capacidade e do talento que existem, mesmo que de forma embrionária, em nosso Ser. Não podemos aceitar os freios e fronteiras criadas pelos conceitos que abraçamos no desenvolvimento do nosso caráter.
Esse tipo de sentimento se manifesta, também, com muita força, nas relações humanas, na vida social, nos padrões, quase sempre, impossíveis de serem alcançados. Uma mulher girafa da Tailândia pode achar-se inferiorizada se tiver menos argolas no pescoço do que outra, um índio Aimoré, Botocudo, pode sentir inveja daquele que possua um botoque maior em sua boca, enfim, qualquer um que esteja cometendo o equívoco de comparar-se erra.
A inveja, também, sofre influência dos paradigmas culturais, estéticos e principalmente financeiros. Não é raro aquele que vive em castas sociais inferiores assimilar características de impotência e fragilidade quando observa a luminosidade daqueles que estão acima dessa ilusória pirâmide social.
A inveja brota no terreno da insensatez, fruto da maior mentira que resolvemos acreditar: a convicção de fraqueza. Não podemos aceitar o papel de figurantes no mundo enquanto assistimos ao triunfo dos vencedores que resolveram negar os condicionamentos externos e acenderam as suas luzes, mesmo que o meio em que viviam tentasse apagá-las.
Aquele que inveja está partindo de um pressuposto equivocado, acredita na sua incapacidade, sente-se impotente e aceita passivamente os limites que assimilou.
Aquele que inveja não se conhece, aliás, só o autoconhecimento pode dissolver essa ilusão.
Texto Revisado
Avaliação: 5 | Votos: 1
Conheça meu artigos: Terapeuta Holístico, Palestrante, Psicapômetra, Instrutor de Yoga, Pesquisador, escritor, nada disso me define. Eu sou o que Eu sou! Whatsupp (só para mensagens): 11-94074-1972 E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |