A importância do auto-conhecimento no trabalho (parte I)
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Autor Mônica Borrero (Madanika)
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 6/25/2008 4:31:40 PM
Conhece-te a ti mesmo é uma proposta que, há milênios, vem sendo apresentada ao homem. Os sábio orientais, os gregos, os grandes filósofos, todos comprovaram de diversas formas a importância do auto-conhecimento.
De acordo com a visão exacerbada sobre competitividade que domina o mundo empresarial, poderíamos dizer que apenas nossos cérebros poderiam ser contratados por uma empresa, mas qual seria o resultado disso? O sentimento colocado no trabalho gera forças que impregnam toda uma equipe e este suplemento energético estimula a crença no trabalho realizado e esta crença é irradiada para o mercado. Será que ainda existem dúvidas sobre isso? As emoções equilibradas à luz da razão tem um poder decisivo sobre nossas vidas, isso será o diferencial que contribuirá para que nossas trajetórias sejam bem sucedidas ou fracassadas, esta foi a conclusão de Daniel Goleman acerca do grande dilema razão x emoção.
Se olharmos de perto, perceberemos que nós mesmos, em vista de uma série de condicionamentos culturais cujos princípios herdamos sem uma reflexão mais cuidadosa, adquirimos a tendência de considerar inteligentes aqueles que possuem certas habilidades técnicas e operacionais cuja ênfase em casos de indivíduos isolados é dada em função do grau em que esta mesma inteligência é exercida pelo agente que a possui, até o limite em que empregamos a designação de “gênio empresarial”. E, no mesmo passo, o fazemos principalmente com referência a operações que envolvem cálculo. E é também neste sentido (no de cálculo) que empregamos o termo “razão” ou “racionalidade”. É com base nestas noções que eram feitos os testes de aptidão intelectiva (Q.I.). Quem neste sentido não possui “inteligência” sofre uma espécie de exclusão por parte do sistema e, no máximo (e a menos que seja forte para provar o contrário), é “convencido” de que deverá seguir um caminho medíocre, ou seja, mediano, normal, não-extraordinário. Do outro lado, no extremo oposto, colocamos a “sensibilidade”, “o emocional”, “o sentimental”, “o espiritual”. Criou-se então, ao longo dos anos (ou mesmo séculos) a crença na famosa oposição Razão x Paixão. A primeira, prioridade principalmente dos “gênios empresariais” (do cálculo?!!!); a segunda, dos “sentimentais” ou “emotivos”, ou talvez “românticos”, mas, em todo caso, não-racionais, como se seu caráter apresentasse traços opostos à racionalidade. A conseqüência direta deste pensamento é uma visão fatalista sobre os potenciais do indivíduo, como se pudesse haver um controle definitivo sobre suas possibilidades de realizações.
Para nós, não psicólogos mas seres viventes, como justificar o fato de que algumas das pessoas bem sucedidas em testes de QI sejam mal sucedidas em suas vidas profissionais ou emocionais? E que de outra parte, alguns “medíocres” empreendam carreiras brilhantes em diversas áreas? Estes fatos deveriam ser relegados à sorte como inevitáveis exceções ao que, em geral, se observa? Diversas fontes de pesquisa afirmam que as exceções atingem números nada desprezíves. Se para nós a tese tradicional não soa bem em momentos decisivos de nossas vidas, quando nossas escolhas são feitas tentando evitar consequências desastrosas ao longo da vida, saber que há exceções não basta, pois a ciência está sempre pronta para bloquear possibilidades de mudar este quadro. E, assim, este grande número de exceções desencadeou todo um processo de investigações acerca de nossa estrutura cerebral. Passou-se a ensaiar a admissão de nossa inteligência, não como uma fria capacidade operacional e calculativa, mas como um todo que, para seu sucesso ou fracasso, necessita, na medida do possível, de um perfeito equilíbrio entre as suas partes.
Um mau matemático pode, assim, revelar-se um genial administrador, empresário, músico, pintor, etc ou vice versa um mau administrador revelar-se um grande matemático. Caso não fosse assim, como justificar o fato de o próprio Einstein ter sido reprovado no exame de admissão para a Politécnica Federal da Suíça ou Van Gogh um gigante da pintura ou ainda Ayrton Senna brilhante nas pistas de F1. Teriam sido aprovados em testes de QI? Ou, caso obtivessem altos resultados, ter-se-íam desenvolvido naquilo em que se revelaram “brilhantes”?
Entre os antigos gregos, o processo educativo já se manifestava ao se procurar um nome para o indivíduo recém chegado ao mundo. Aguardava-se os primeiros passos de seu desenvolvimento e a manifestação embrionária de um determinado caráter ou dom para, somente então, nomeá-lo. A partir daí toda sua educação voltava-se para um reforço deste caráter, proporcionando-se com isto o seu desenvolvimento natural e espontâneo. O resultado foi uma sociedade de homens inteiros, de caráter e personalidade fortes, cientes de seu perfil, orgulhosos de suas leis e de seus líderes e administradores, de sua arte e de seus guerreiros, de uma nobreza quase incompreensível para nós que somos herdeiros bastardos de uma cultura no passado vigorosa. Nunca na história ocidental os potenciais humanos foram tão exaltados, a ponto de serem quase divinizados. O homem poderia ser qualquer coisa e nela era grande, possuía grandeza de sentimentos. Não é talvez por acaso que Aristóteles tenha posto, e ele o fez, no coração o centro vital da inteligência humana, o que certamente é um erro do ponto de vista científico, mas um grande acerto em termos intuitivos.
(Continua...)
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