A INDIGNIDADE INERENTE AO CONCEITO DE UMA SÓ VIDA.
Autor Christina Nunes
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 2/12/2008 11:51:13 AM
Sob nenhum prisma a vida se manifestaria assim, tão mesquinha.
Costumo comparar esta idéia de "uma só vida", conforme a concebem os materialistas, com a falta de nexo existente num termo profissional mal empregado e muito em voga atualmente - o chamado plano de carreira
O plano de carreira, pela lógica, seria a qualificação progressiva de um profissional, via antiguidade e mérito, para patamares mais importantes da atividade exercida - geralmente no âmbito administrativo ou burocrático do serviço público; no entanto, o que se observa é que o dito plano... tem um teto, e, esbarrando-se nele, dali ninguém passa! São simplesmente degraus minúsculos em termos significativos no quesito salarial, e não necessariamente uma progressão justa do trabalhador que deveria conquistar melhorias reais, salariais ou de colocação, durante a extensa trajetória na qual exerce este ou aquele cargo.
A vida humana, de seu lado, de modo algum é "uma" - e sim vida manifestada de dentro de uma unicidade em constante mutação e, quando muito, dividida em etapas - nas quais vivenciamos um sem número de situações em diversos lugares, dimensões e mundos. É, em seu indizível esplendor, o plano de carreira da alma em evolução!, justificando e satisfazendo tanto a lógica quanto ao bom senso - o que se torna facilmente observável num simples gesto de se olhar para cima a fim de se contemplar o infinito noturno esfarinhado de estrelas que atestam, em seu conjunto, toda a magnificência do Criador, ainda ininteligível ao nosso alcance consciencial e à precariedade do nosso estágio evolutivo.
Então, se tudo em volta reflete esta magnificência infinita mergulhada em eterno processo transmutador que vai depurando tudo e todos, como conceber que apenas de um mínimo aspecto desta mesma incomensurável Criação o Criador fosse se descartar, à conta de inútil? Como conceber nesta intrincada engrenagem a nota em falso da elevada injustiça no se admitir que Deus criaria do nada seres em níveis e condições diferentes de experiências, alguns mergulhados em agudo sofrimento durante todo o período de sua vida enquanto que outros, gratuitamente, assim, sem mais nem menos afortunados com saúde, com condições dignas de sobrevivência, com fartura, conforto e beleza... para depois todos imergirem num vácuo devorador de todas as perspectivas, de todas as esperanças de justiça e de melhoria próprias da natureza humana?!...
Sob todos os ângulos, é uma concepção caótica e distorcida, e absolutamente incondizente com o equilíbrio da magnitude de tudo que se observa ao redor e em todos os parâmetros conhecidos pelos quais a vida se manifesta.
Mais simples e razoável a urgência da percepção para o que nos confia o próprio cotidiano no qual nos achamos mergulhados, de vez que os grandes segredos não se acham dissociados dos pequenos: todos colhem, pois, ininterruptamente, os frutos de suas escolhas a cada minuto de seus dias. Isto é crescer com dignidade, da infância incipiente aos desafios da fase adulta! E assim, em contínuo nas vidas sucessivas!
E de vez que no plano de carreira mundano as melhorias já se prendem aos requisitos de experiência e de longevidade, portanto, nada mais lógico que no soberano contexto da vida Universal também prevaleçam as diretrizes que confirmam esta mesma dignidade pela qual se pautam todas as minúcias inerentes ao extenso enredo no qual tudo prossegue, em passo inexorável, rumo ao ignoto porvir da maravilhosa eternidade.
Avaliação: 5 | Votos: 9
Chris Mohammed (Christina Nunes) é escritora com doze romances espiritualistas publicados. Identificada de longa data com o Sufismo, abraçou o Islam, e hoje escreve em livre criação, sem o que define com humor como as tornozeleiras eletrônicas dos compromissos da carreira de uma escritora profissional. Também é musicista nas horas vagas. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |
