A Libertação pelo Autoconhecimento
Autor Guilhermina Batista Cruz
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 3/20/2005 7:31:59 PM
“Qual é o meio prático e mais eficaz para se melhorar nesta vida e resistir aos arrastamentos do mal?
- Um sábio da antiguidade vos disse: “Conhece-te a ti mesmo.”
(...)O conhecimento de si mesmo, portanto, é a chave do progresso individual.”
O Livro dos Espíritos – capítulo XII – questão 919
O autoconhecimento, tão difundido atualmente como uma ferramenta para o progresso espiritual, mostra-se de grande utilidade na busca do aprimoramento, pois ao nos defrontarmos com nossos males internos iremos dar vazão para que eles se “despreguem” de nosso ser. O conhecimento de nós mesmos é o primeiro passo em direção a uma vida mais prazerosa. É preciso nos recolhermos interiormente e tentarmos sentir o que nos diz o nosso ser, a nossa alma.
O conhecer-se é importante para vencermos as barreiras de nosso ego, já que permite que identifiquemos nossos anseios verdadeiros, impondo limites para os desejos incontroláveis de auto-satisfação e nos permitindo fugir das ciladas impostas pelas ilusões. Através do compromisso que assumimos ao aceitar a realidade de nosso ser e a vencermos nossas limitações, nos libertaremos de imagens distorcidas sobre os acontecimentos de nossa vida, esvaziando-nos de nossas feras interiores, que são: orgulho, egoísmo, inveja, ciúmes e indiferença
Com muita propriedade, Joana de Ângelis nos fala através da psicografia de Divaldo Pereira Franco: “Liberando-se das imagens errôneas a respeito da vida, o ser deve assumir a realidade do processo de evolução e vencer-se, superando os fatores de perturbação e de destruição.” Ao admitirmos nossa sombra, nosso lado “negro”, nosso ser inferior onde escondem-se ainda sentimentos negativos e limitações, vamos adquirindo forças para nos libertarmos e aceitar melhor as fraquezas do próximo e, então, veremos que não nos cabe o direito de ferir ou denegrir nosso irmão, de interferir em sua vida, de impor nossos conceitos e idéias sobre o que julgamos ser o correto, pois constataremos que o respeito que devemos a ele é o mesmo que desejamos para nós e que a crítica que lhe fizermos pode ser a mesma imposta à nossa conduta.
Procuremos analisar os acontecimentos de nossa vida e modificarmos atitudes e ações de dureza ou indiferença em relação ao próximo, avaliando-lhes a situação sem julgamentos prévios e sem mostrarmo-nos intransigentes em relação a eles. Muitas vezes descobrimos nossas emoções negativas, mas ficamos sem coragem de enfrentá-las cara a cara, de impor-lhes limites, condenando-as, mas, não fazendo qualquer esforço para transformá-las em algo melhor.
Além das inúmeras vantagens do autoconhecimento, uma mostra-se claramente benéfica, que é a de vencermos os elos que nos possam jungir a obsessões de qualquer espécie. Modificando atitudes arraigadas no egocentrismo nos libertaremos, muitas vezes, da sintonia espiritual com irmãos desencarnados em desequilíbrio, a quem podemos ter prejudicado no passado e que, aproximando-se de nós em virtude de afinidades vibratórias, poderão causar-nos muitos transtornos.
Através da mudança de atitudes como: resignação, paciência, interesse em ajudar o próximo, tolerância para com os erros dos outros, é que começaremos o processo de renovação que nos proporcionará a libertação gradual de atos contrários ao amor praticados por nós em existências passadas e que, hoje, nos cobram a quitação.
No Livro dos Espíritos encontramos uma passagem que nos serve de modelo para a mudança de atitudes através do conhecimento interior, ditada por Santo Agostinho:
“Fazei o que eu fazia de minha vida sobre a terra: ao fim da jornada, eu interrogava minha consciência, passava em revista o que fizera e me perguntava se não faltara algum dever, se ninguém tinha nada a se lamentar de mim. Foi assim que consegui me conhecer e ver o que havia para reformar em mim. Aquele que, cada noite, lembrasse todas as ações da jornada e se perguntasse o que fez de bem ou de mal, pedindo a Deus e ao seu anjo guardião para o esclarecer, adquiriria uma grande força para se aperfeiçoar, porque crede-me, Deus o assistiria. Questionai, portanto, e perguntai-vos o que fizestes e com qual objetivo agistes em tal circunstância; se fizestes alguma coisa que censurais em outrem; se fizestes uma ação que não ousaríeis confessar. Perguntai-vos ainda isto: se aprouvesse a Deus me chamar neste momento, reentrando no mundo dos Espíritos, onde nada é oculto, eu teria o que temer diante de alguém? Examinai o que podeis ter feito contra o vosso próximo e, enfim, contra vós mesmos. As respostas serão um repouso para vossa consciência ou a indicação de um mal que é preciso curar.
(...) Quando estiverdes indecisos sobre o valor de uma de vossas ações, perguntai-vos como a qualificaríeis se fosse feita por outra pessoa; se a censurais em outrem, ela não poderia ser mais legítima em vós, porque Deus não tem duas medidas para a justiça.
Que aquele que tem vontade séria de se melhorar explore, pois, sua consciência, a fim de arrancar dela as más tendências, como arranca as más ervas do seu jardim; que faça o balanço de sua jornada moral como o mercador faz de suas perdas e lucros, e eu vos asseguro que a um lhe resultará mais que a outro. Se ele puder dizer que sua jornada foi boa, pode dormir em paz e esperar sem receio o despertar de uma outra vida.”
O Livro dos Espíritos – capítulo XII
Meditemos no que somos hoje e no que desejamos ser no futuro e nos entreguemos à transformação interior que nos ensejará mais equilíbrio e serenidade.
Paz e Luz a todos!
Texto revisado por Cris
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