A maldade de gente boa
Atualizado dia 1/20/2015 9:48:04 AM em Autoconhecimentopor Alex Possato
Prem Baba, meu mestre espiritual, costuma dizer o quanto que, no jogo da maldade entre homem e mulher, um tenta reprimir o sucesso, a alegria do outro, o prazer… e vice-e-versa. Estamos falando de relação de casal, onde o homem, devido a dificuldades em lidar com o feminino, quer ser melhor e mais capaz. E a mulher, devido a dificuldades de lidar com o masculino, também quer ser melhor e capaz. Como não é possível ambos serem melhores e capazes ao mesmo tempo, pois a disputa não pode acabar em empate, o jogo é uma interminável gangorra de fingir apoio, e depois pisar. Ou reprimir-se e depois buscar alçar voo.
Nos casos mais graves, este jogo tem manipulações visíveis e até agressividade. Porém, estou me referindo aos casos sutis, provocados por pessoas com ótimas intenções, como eu e você.
Nesta semana, por duas ocasiões, me peguei numa atitude que já havia vivido no meu primeiro casamento: quando minha companheira veio toda contente falar do desenvolvimento dos seus projetos, com alegria e sensação de orgulho, comecei a desconstruir seus atos com palavras e conselhos aparentemente sensatos. Baseados na minha experiência profissional… Resultado: ela começou a murchar e perder o brilho.
Meu mestre sempre faz uma pergunta que varia o tema, mas é mais ou menos assim: quem, em você, está falando tal coisa? Quem, em você, deseja tal coisa?
E eu percebi, após tirar toda a alegria dela, que havia um sentimento de disputa em questão. Um jogo maldoso, travestido de bom conselho. A parte de mim que estava aconselhando, era ainda o menino ferido pela mãe, que estava buscando vingança. E qual a melhor vingança existe do que tirar a energia, vitalidade, alegria da mulher, que neste momento, é símbolo da mãe que me provocou dores?
Na minha rotina como terapeuta, estou cansado de ver estes jogos de maldade, protagonizados por pessoas aparentemente com boas intenções, como eu, e que usam argumentos excelentes… como eu também. O problema não é o argumento. Mas o sentimento. Eu fiquei mal depois que percebi ela se calar. Percebi minha maldade. Percebi a repetição outra vez do mesmo padrão: colocar a mulher para baixo. E pedi desculpas. Falei sobre este processo, e como ela também é uma mulher esclarecida, entendeu.
O que abriu as portas para eu entrar neste campo da maldade? Estávamos comentando, ou melhor, fofocando sobre uma situação desagradável de um casal. Bastou isso, para eu entrar no campo da disputa entre homem e mulher. E entendi. Ou pelo menos espero ter entendido. Orar e vigiar exige contenção da língua. Parar definitivamente de falar mal de outros, criticar a postura de outros, porque quando fazemos isso, entramos no campo energético da maldade que estamos criticando. E como somos seres falíveis, quando menos percebemos, estamos fazendo aquele mal que reclamamos… A maldade provocada por uma pessoa que tem conhecimento, por mais sutil que seja, é tão grave quanto a maldade perversa provocada por pessoas que não são esclarecidas. Energeticamente, estamos sendo instrumentos para ferir o outro, com nossas palavras, conselhos, falta de apoio e incentivo, que irão causar danos sérios na relação, caso não percebamos isso, e tomemos para nós a responsabilidade de coibir e purificar o mal que deseja sair pela nossa boca. Quem já viveu isso em relações, entende o que estou dizendo. Quantas e quantas separações com dores profundas são provocadas por um ambiente sutil de competição, conselhos e censuras, aparentemente inofensivas?
Texto revisado
Avaliação: 5 | Votos: 9
Terapeuta sistêmico e trainer de cursos de formação em constelação familiar sistêmica E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |
