A Melhor Maneira de Morrer

   

Autor Marcos Spagnuolo Souza

Passamos pela vida nos preparando para inúmeros fatos que julgamos importantes: os constantes encontros; vencer na vida; festividades; reuniões e etc. etc., mas não nos preparamos para o acontecimento mais importante que é a nossa morte.

Morte é o exato momento em que o corpo deixa de respirar passando a inexistir o personagem elaborado pela sociedade, desaparecendo o marido, o pai, o profissional ou qualquer que seja o papel desempenhado. Morte é o desaparecimento absoluto dos papéis que representamos nesta vida, é a nulificação de toda a virtualidade. Morte é também a impossibilidade da utilização do corpo físico para executar qualquer tipo de ação.

No momento em que antecede a morte se estivermos apegados aos papéis que desempenhamos em nossa cultura certamente estaremos sofrendo, e sofrendo muito devido aos nossos apegos. Em decorrência dos apegos não conseguimos nos desvencilharmos do cargo que ocupamos, da riqueza que possuímos, dos amigos e inimigos que temos ou tivemos, dos nossos amores e desamores, das contrariedades e gozos que desfrutamos. Tudo isso é uma carga energética muito pesada no momento da morte deixando-nos inquietos fazendo germinar as últimas lágrimas ou o último sorriso.

Antes da morte propriamente dita o corpo físico fica totalmente paralisado, inerte e sem nenhuma atividade não podendo ser movimentado pela consciência para expressar qualquer sentimento. A imobilidade do corpo é completa gerando um estado de caos para toda estrutura psíquica da pessoa.

O apego aos papéis que representamos e principalmente o apego ao corpo no momento que antecede a morte gera um grande medo que pode ser representado como o mergulho no abismo negro.

A melhor maneira de morrer é a mente deixar de produzir qualquer tipo de pensamento e vivenciar o silêncio, o vazio, a paz. Podemos reduzir a explicação sobre a melhor maneira de morrer no sentir com toda a intensidade a paz, quanto maior for à intensidade da paz que sentimos melhor é a morte. Toda morte é gloriosa quando acompanhada da paz.

Devemos nos preparar para a morte. A melhor maneira de nos prepararmos para a morte é deitar, fechar os olhos, desligar o pensamento e mergulharmos na paz. Cada preparação que executamos é uma morte que vivenciamos e podemos dizer que a morte é um momento glorioso porque podemos sentir a paz.

Prepare para a morte deitando, fechando os olhos e sinta o corpo inerte. Não pense em nada, apenas sinta, observe a paz que vai chegando envolvendo você, um você que não é mais o corpo físico e também não é um você que representa os papéis culturais.
 

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