A menina que irradiava amor
Atualizado dia 5/24/2007 10:13:14 AM em Autoconhecimentopor Flávio Bastos
Um conto criado pela fértil imaginação, tão inerente à natureza humana, vislumbra a sede de um ministério público, onde após processo de licitação, uma firma especializada em reparos e reformas é escolhida para descobrir as causas do mau cheiro que exala da rede de vasão cloacal do prédio, e também a origem de ruídos estranhos proveniente do mesmo local.
O serviço é iniciado e à medida que a rede de canos e caixas coletoras começa a ser mexida, na mesma proporção aumenta o mau cheiro, tornando a situação local insuportável para quem trabalha, passando a exigir o uso de máscaras de oxigênio pelos operários em serviço.
Quando os operários chegam à principal caixa coletora obstruída e a sua tampa lacrada é removida, a equipe recua assustada, pois ruídos estranhos são ouvidos e fortes gases são exalados contaminando ainda mais a atmosfera do quarteirão em volta do prédio do ministério, devidamente evacuado pela polícia e pela defesa civil.
Boquiabertos, os operários e engenheiros observam sair daquele fétido buraco, um desfile de bichos repugnantes e disformes: aranhas com aspecto de cobra, cobras andando que nem aranha, sangue-sugas gigantes, lagartos-sapos, enfim, indescritíveis e impossíveis seres sob o ponto de vista científico.
Passado o momento de perplexidade, o prédio é abandonado às pressas em debandada geral do operariado assustado com o que acaba de presenciar. O incrível, o fantástico e o extraordinário acaba de acontecer no prédio do Ministério dos Assuntos Sérios. Algo jamais imaginável pelas pessoas de sã consciência.
A inevitável polêmica, então, é instalada na opinião pública: O que fazer com o Ministério dos Assuntos Sérios? Religiosos e paranormais correm ao local para tentar resolver o problema fisico-espiritual do ambiente: benzedeiras e exorcistas, mulheres e homens que se dizem videntes dotados de superpoderes, oradores da bíblia debaixo do braço e pastores portando enormes crucifixos, tentam afirmar as suas convicções expulsando o mal que insiste em permanecer naquele "maldito lugar".
A ciência, por sua vez, emite esporádicos pareceres, limitando-se à observância e análise do fato em si, centrado na explicação científica, é claro, de que os repugnantes seres vistos, possam ter sido a causa de uma mutação genética em relação ao ambiente insalubre em que viviam, ou que tudo não tenha passado de uma alucinação coletiva do operariado em função do efeito dos gases inalados antes do uso da máscara de oxigênio.
A polêmica continua e os ânimos estão cada vez mais exaltados. É, então, sugerido pelo ministro do ministério interditado, uma "CPI do buraco" para tentar encontrar as verdadeiras causas do fenômeno até então inexplicável. Neste meio tempo uma comissão multinacional de cientistas chega ao local, mas após três dias de investigações e reuniões, nada encontra de concreto (ou plausível...) em termos de explicação racional para o fenômeno.
A CPI do buraco também não chega a conclusão alguma e o caso, aos poucos, vai caindo no esquecimento público, A curiosidade passa e a vida segue. A mídia se retira e a opinião pública de tanto opinar, cansa, e também retira-se do "cenário macabro" como fica registrado para a posteridade o local em que um dia os monstrinhos emergiram das trevas para a celebridade dos raros e esquisitos.
Em um belo dia, porém, Zaida, a faxineira que trabalha no prédio reativado do ministério, enxerga por uma vidraça que limpa, uma estranha menina de cabelos cacheados que toma a direção da entrada do edifício. Percebe que a criança possui uma espécie de luz própria que irradia em todas as direções. Apressadamente chama as colegas que encontram-se mais próximas para testemunharem o fato. No entanto, ninguém além dela visualiza a menina. Zaida fica incrédula, cristalizada pela emoção e observa da mesma janela o momento que a estranha criança toca com o dedinho indicador a parede frontal do prédio.
Incrível! Fantástico! Extraordinário! Tudo, como se fosse um passe de mágica, começa a transformar-se criando cor e vida. A começar pelo jardim que revitaliza ganhando lindas flores e gramados de um verde espetacular. Borboletas e passarinhos, não mais vistos após o aparecimento dos monstrinhos, começam a aparecer por todos os lados. O ar até então um tanto pesado e irrespirável, torna-se instantaneamente leve e um intenso perfume de flores que desabrocham é sentido no ar, como se o jardim do ministério, inexplicavelmente, de uma hora para outra tornasse uma mini réplica do paraiso celeste.
Zaida e as demais pessoas presentes no interior do prédio não param para pensar ou analisar o que está ocorrendo, simplesmente aproveitam aquela onda de transformação e de bem estar que invade o Ministério dos Assuntos Sérios. Invasão de uma energia que jamais alguém havia sentido. "Indescritível sensação" como afirmaram todos!
Convidada para entrevistas e reportagens na mídia, Zaida repetia sempre a mesma coisa: "Eu só vi aquela menininha iluminada que veio vindo, veio vindo até tocar com o dedinho o prédio do ministério. Depois aconteceu o que todo mundo sabe..." Foi o suficiente para o povo batizar a estranha aparição de "a menina santa".
A partir de então, o ministério passou a se chamar "Ministério dos Assuntos Verdadeiros", e cada um que acreditou no que viu ou ouviu, seguiu o seu caminho com a certeza no coração de ter sido "tocado" por uma verdade que levará para o resto de suas vidas: a de que o amor é a ausência do mal!
Psicanalista Clínico e Reencarnacionista.
Texto revisado por: Cris
Avaliação: 5 | Votos: 17
Flavio Bastos é criador intuitivo da Psicoterapia Interdimensional (PI) e psicanalista clínico. Outros cursos: Terapia Regressiva Evolutiva (TRE), Psicoterapia Reencarnacionista e Terapia de Regressão, Capacitação em Dependência Química, Hipnose e Auto-hipnose, e Dimensão Espiritual na Psicologia e Psicoterapia. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |