A mulher guerreira, o resgate de si
Atualizado dia 28/06/2007 15:07:10 em Autoconhecimentopor Wilson Francisco
É comum a desculpa: Ah! agora tenho de cuidar dos filhos; estes desenhos que faço? Ora, são apenas esboços, rascunhos. Não tem tanto valor, não. Você acha que “com isso” posso ser uma artista? Não, agora, não. Mais tarde...
E assim a mulher vai elaborando torres e construindo o seu condomínio/prisão, onde ela própria edifica celas e aprisiona seus anseios e talentos.
O vento da transformação, inevitável, aproxima-se da cancela, mas na portaria do condomínio está o marido, que dirá: Ora, vento, vá soprar noutra freguesia... “minha mulher” está muito ocupada, lavando e passando. Noutras vezes, uma onda de novas idéias do oceano da criatividade se desgarra e vem ruidosa trazendo notícias de um novo tempo.
Uma criança aparece e, incontinente, diz: Alto lá, mar criativo, volta para o teu berço aquático e deixa minha doce mãezinha costurar os botões da minha roupa e encher de lanches minha lancheira.
E, dia após dia, a mulher permanece em seu condomínio, entrincheirada e impermeável ao mundo novo. O diabo da preguiça e do medo a envolve e domina.
De quando em quando ela cria uma pequena coragem e foge para a rua, mas incapaz de organizar planos, de inovar-se, de resgatar a energia divina que dormita em sua intimidade, contenta-se com ações pequenas, cursinhos, encontros com as amigas. Ela se dá por satisfeita. Conforma-se e volta rapidinho para colocar o avental, o lenço na cabeça e o chinelo de dedo, incorporando a “senhora do lar”.
A quem ela está enganando? A si própria, porque os maridos se vão, os filhos crescem, casam e num certo dia tudo se transforma e ela se vê sozinha, sem eira nem beira.
Uma senhora de 50 anos entrou na minha sala no Instituto, dominada pelo terror. De repente, seu marido decidiu ir embora. Ela tivera, no início do casamento, sonhos de ser terapeuta, de trabalhar com recursos humanos, mas nada realizou. E agora, se vê diante do mundo, tendo que assumir decisões e trabalhar por seu sustento. Depois do susto, recompôs-se, definiu metas, realizou projetos e decolou, como uma águia, senhora de seus anseios e buscas. Hoje, ela está terminando um curso de terapeuta, sonho antigo e está de bem com o mundo, vai sustentar sua vida. E sua metamorfose foi tão grande que o marido resolveu voltar para o lar. Ela o aceitou de volta, com algumas condições, restrições, afeto, e vive bem, cada um no seu caminho e realizando o que ela mais gosta. Sempre é tempo de recomeçar.
Para vocês que estão apontando o dedo e julgando o marido dela, solicito uma reflexão.
Entendo até que ela deve ter gratidão pelo marido, porque a atitude rude e insensata dele foi uma alavanca poderosa que resgatou nela a mulher guerreira que estava adormecida e acomodada.
O Universo tem meios, os mais estranhos, para despertar uma criatura. Ou você pensa que Deus só utiliza os anjos e mestres para despertar as criaturas? Há outras maneiras, sim.
Uma amiga estava há meses envolvida por um processo orgânico grave, além de estar emocionalmente arrasada, porque o marido colocou a filha para fora de casa. Resolveu, após muita insistência de pessoas amigas, ir ao médico.
E o tal doutor, com uma sutileza paquidérmica, disse-lhe: “olha, minha senhora, seu caso não tem jeito, em seis meses estará morta”.
Ela se levantou da cadeira e sumiu do consultório. Na semana seguinte, descobriu um Grupo na zona sul que realiza cirurgias espirituais, fez a cirurgia, cumpriu direitinho as recomendações do Espírito, conversou com o marido e o convenceu a trazer de volta a menina.
Hoje, passados alguns meses, está viva e cuidando da casa e de seus afazeres, espirituais e materiais. Ligou na minha casa, contou o fato e eu disse a ela: Minha amiga, todo dia de manhã, ao acordar, faça uma oração de gratidão ao tal doutor, ele salvou a sua vida. Não fosse o jeito truculento com que ele a tratou e realmente, hoje estaria morta.
Há mulheres que assumem uma posição de inocência diante da vida; deixam-se levar pelo sonho de ser princesa, de se transformar numa fonte de felicidade para o homem, procriando e realizando seus desejos. No entanto, o próprio Universo se incumbe de desfazer estes sonhos, porque não há lugar mais nesse mundo para este tipo de mulher. Este fenômeno, denominado feminismo, não foi só uma invenção do cérebro da mulher, faz parte da própria evolução da espécie humana. É a seleção natural de Darwin. Só herdarão a Terra as criaturas plenificadas na luz, determinadas. Estamos em um novo tempo, onde cada um tem que desenvolver seu talento.
A mulher é um ser talentoso e pode gerar felicidade para si e para quem esteja ao seu lado, não só através do útero, mas também com o cérebro e com o coração.
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Texto revisado por: Cris
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