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A PEDRA FILOSOFAL

Atualizado dia 4/26/2007 10:40:33 AM em Autoconhecimento
por João Carvalho Neto


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Durante muitos séculos, a busca do conhecimento foi cerceada pelas instituições religiosas que temiam perder o domínio sobre seus fiéis na medida em que novas verdades pudessem derrogar os dogmas estabelecidos. Com isso, os conceitos básicos da filosofia, da ciência e da religião foram estipulados por decisões humanas que mais convinham às necessidades de poder do que correspondiam à procura da verdade. Pessoas, povos, corpos e mentes foram torturados e dizimados para que não divulgassem seus achados, suas descobertas interiores.
Entre tantos mistérios, existiu um mito que falava da conquista de uma sabedoria absoluta, acima do bem e do mal, e que ficou conhecido como a Pedra Filosofal, a Pedra dos Sábios, o grande sonho dos alquimistas.
Afirma-se que, conseguindo obter a pedra, você poderia ver o passado, ver o presente claramente e prever o futuro. A Pedra Filosofal é a substância mágica da alquimia que permite a transmutação dos metais, a cura de todas as doenças e a imortalidade. Infelizmente, como muitas outras maravilhas sonhadas pelos alquimistas, esta substância parece só existir na fantasia humana.
Contudo, em nossas buscas pela felicidade, ainda vivemos marcados pela influência de um mundo imaginário, um lugar de venturas e sem dor, um paraíso perdido, onde o trabalho cederia lugar ao descanso eterno. Talvez seja possível que um dia, distante das imperfeições que nos situam em um mundo marcado por tantas dores, venhamos a merecer melhores condições de vida, mas, por enquanto, parece que ainda temos muito a fazer aqui.
As dificuldades que nos afligem, os problemas com a doença, a poluição, a conquista da sobrevivência são exercícios que desenvolvem nossa inteligência, aprimoram nossa capacidade de sentir e conviver, sublimam nossos instintos mais primitivos em sentimentos. Como poderemos querer viver em mundos melhores se não tivermos as condições em nós mesmos para nos sustentarmos lá? Em regiões onde a vivência social já seja regida pela paz e pelo amor não poderão conviver seres que ainda se comprazem na violência e no egoísmo, e esses seres somos nós ainda.
E, então, percebo a imaturidade com que pessoas nos procuram para dizer de suas dores e aflições mas sem aceitar o quanto esses tormentos são construídos por elas mesmas, o quanto precisam abandonar seus hábitos mais arraigados para ascenderem a uma condição de saúde física, mental e espiritual.
Ainda continuamos a procurar ídolos que nos conduzam, santos que nos protejam, espíritos que resolvam nossos problemas, sem que tenhamos a menor responsabilidade sobre eles.
Pois se o problema é o exercício para a evolução, do que vale resolvê-lo sem esforço? Do que vale ter alguém a conduzir-nos pelo braço se precisamos aprender a andar com nossos próprios pés?
A questão da felicidade é, acima de tudo, uma questão de responsabilidade diante da vida, de nossos próprios atos e de nossos destinos.
Mas pela nossa imaturidade, parece sempre mais fácil tomar alguns remédios que abrandam os sintomas de um transtorno qualquer, sem curá-lo, ingerir alguma droga lícita ou ilícita, ou ainda render-se aos modismos alienantes de uma cultura onde o dinheiro é mais importante do que o homem, do que realizar um processo de autoconhecimento que exige esforço, persistência e vontade de se transformar. Grande parte das doenças que afligem nossa humanidade no presente tem origem psicossomática, ou seja, são fruto de estados mentais desequilibrados por conflitos e tensões não resolvidos. Mas também, os desajustes sociais e ambientais resultam da projeção desses estados mentais no âmbito da convivência comum, gerando distorções nos relacionamentos interpessoais. Como conseguir construir uma sociedade mais justa, em que seus membros não tenham que apelar para a violência a fim de obter o que não lhes damos de direito, se ainda permanecemos egocêntricos e egoístas, alimentando uma egolatria no estímulo de nossas vaidades?
E, então, não é de se admirar que exista tanta dor, tanto sofrimento, tanto medo, tanta depressão. Quando penso hoje em técnicas de psicoterapia não mais consigo imaginar apenas um trabalho de curar os conflitos reprimidos que geram traumas e sintomas indesejáveis. Penso que, se pretendemos nos fazer mais sãos, é preciso que aprendamos a ser mais responsáveis diante da vida, mais cônscios de nossos compromissos com o bem-estar pessoal e social.
O tempo dos milagres já se vai, como se foram os tempos das fantasias infantis e as “pedras filosofais” continuarão a permanecer apenas naqueles que terão como destino imediato ficar à beira do caminho, lamentando-se das próprias aflições enquanto assistem a vida passar, seguindo seus trâmites inexoráveis.
O presente é um tempo que nos impõe mais maturidade, responsabilidade e ação contínua em favor de um mundo melhor, de uma vida melhor. Não mais ídolos de ouro ou do que quer que seja, aguardando a submissão genuflexa de fiéis compassivos, mas homens e mulheres de bem, capazes de construir o altar de sua devoção nos próprios corações, garantindo que a sabedoria e a ventura do amanhã comecem agora, nos exercícios de crescimento e transformações com que operamos nossa evolução.

João Carvalho Neto
Psicanalista, autor do livro
“Psicanálise da alma”
www.joaocarvalho.com.br

Texto revisado por: Cris

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Conteúdo desenvolvido por: João Carvalho Neto   
Psicanalista, Psicopedagogo, Terapeuta Floral, Terapeuta Regressivo, Astrólogo, Mestre em Psicanálise, autor da tese “Fatores que influenciam a aprendizagem antes da concepção”, autor da tese “Estruturação palingenésica das neuroses”, do Modelo Teórico para Psicanálise Transpessoal, dos livros “Psicanálise da alma” e “Casos de um divã transpessoal"
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