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A presença da criança

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Autor Sandra Rodrigues Garcia

Assunto Autoconhecimento
Atualizado em 13/01/2007 17:52:09



Qualquer pessoa que convive com criança sabe que uma boa maneira de atrair sua atenção é contando histórias. “Era uma vez...” e a fórmula mágica entra em ação: acaba o chororô, arregalam-se olhinhos curiosos, acomodam-se os ânimos exagerados, acalmam-se as pequenas criaturas antes possuídas por um espírito inquieto, capaz de desencadear crises de identidade (ou autoritarismo!) em adultos menos avisados; já em outros, instigam a criatividade, antes aprisionada em um mundinho delimitado por hábitos, deveres, enfim, rotinas típicas nessa fase da vida. Isso porque quando surgem as crianças, abrem-se as portas para um mundo novo e pleno de possibilidades (e contradições!).

E durante as férias escolares fica muito evidente a presença e a capacidade revolucionária das crianças, especialmente quando convivem com adultos mais ou menos neuróticos, ou seja, com qualquer um de nós. Alguns preferem mantê-las ocupadas o dia todo: aulas de natação costumam ser uma boa, principalmente no verão, aulas de artes, artesanato, cinema à tarde, casa do amigo no dia seguinte, enfim, tudo o que possa interessar aos pequenos e deixar os ‘grandes’ em paz (claro, há os que cuidam deles, mas aí já entram interesses profissionais, etc.). E as férias constituem um momento de máxima exposição à energia exuberante das crianças, portanto, o destaque é meio proposital, mas não exclusivo para essa época do ano. Afinal, o contato com elas na família ou com amigos desperta nos adultos reações peculiares em qualquer dia.

Os mais bem-sucedidos nesses encontros já perceberam o quanto pode ser proveitoso abrir a alma para o encantado mundo da infância. “Era uma vez uma criança que adorava viver livremente... mostrava isso às claras, rindo, chorando, brincando muito, até incomodar a mãe, uma dona de casa habituada a seus afazeres e dedicada a manter a casa em ordem. ‘Menino, olha aí, sujou o chão que acabei de limpar.’ Mas ele nem sequer havia notado e já estava mexendo na lata de biscoitos, faminto, com as mãos imundas, pois jogava bola na rua com os amigos.” E assim por diante. Esta história de antigamente ou quem sabe típica de cidades pequenas, onde as crianças são criadas livremente e correm o dia todo pelas ruas, inventando suas próprias histórias, parece pura fantasia para quem vive em grandes centros como São Paulo. Aqui, pais, avós, tios, babás, enfim, as pessoas responsáveis por elas, certamente dedicam boa parte do dia monitorando a liberdade de ser criança que os ‘anjinhos’ podem experimentar.

“Eh, fazer o quê”, dizem, constrangidos, pais ocupadíssimos e que experimentam a fragilidade de seus filhos como uma preocupação e se esquecem de que nessa fase se expressam emoções genuinamente humanas que precisam ser bem vividas para durar a vida toda, como fonte de renovação, prazer, troca afetiva. Educação que reprime a alegria, a criatividade, a espontaneidade, a exuberância com que alguém se envolve na aventura inédita que é a vida, sinceramente, nenhuma criança merece.

Por mais que a razão percorra todos os caminhos em busca de um trajeto seguro para criar gente pequena, a vida anímica não pode ser contida exageradamente por tais procedimentos. Como fazer isso sem arriscar aquilo? Não há fórmulas, há sensibilidade, bom-senso, há práticas que combinam uma dose de segurança com o sorriso de um filho, com sua gargalhada, acrescentando a isso a divertida inclusão de uma fala despojada, a conversa que se transforma em encontro verdadeiro, as histórias contadas e ouvidas, pois crianças sabem muito mais do que pode supor a vã filosofia dos adultos, enfim, o jeito é pôr em prática desde cedo uma relação amorosa, dialética e filosófica, sim, com os filhos: pode ser a delicada via de acesso a um mundo de riquezas e bem-aventurança.

Nossos índios acreditam que a criança traz em si a divindade até os três anos, portanto tem de ser ouvida, respeitada e atendida em sua vontade, por mais absurda que seja. Claro, não é possível agir dessa forma, vivemos em uma sociedade complexa, mas algo disso pode ser somado aos nossos valores. E uma maneira de verificar a autenticidade desse preceito ocorre justamente no contato com as crianças no dia-a-dia.

Anjos ou diabinhos, pouco importa. Vale reconhecer que elas quebram a rotina exasperante dos adultos quando estes se deixam encantar pela criaturinha que berra em seus ouvidos por que quer isto ou aquilo... e quando gente grande aprende a divertir-se com gente pequena e ambas se sentem felizes nesses encontros, decerto, esse adulto também está cuidando de sua criança interior... tanto quanto da criança real. E vai descobrindo tudo de bom que elas significam no aspecto humano e... divino, claro. Alguém duvida?


Sandra Rodrigues Garcia é psicóloga e psicoterapeuta.
Atende em São Paulo, com hora marcada.
Fone: 3661-5785





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