A realização espiritual do homem - Parte II

   

Autor Leandro José Severgnini

Lembro-me perfeitamente de quando eu me preparava para passar a primeira comunhão. Um dos rituais que todos os "formandos" deveriam cumprir era o da confissão. Naquela idade (nem era adolescente ainda), eu, sinceramente, não tinha muita instrução ou discernimento para compreender e mesmo questionar o porquê Deus se ofenderia e, quão graves eram as minhas tolices infantis que seria capaz de despertar a íra do Divino. Em minha inocência, pensei, pensei, pensei e cheguei à conclusão de que não havia feito nada tão grave para ofender à Deus e que devesse confessar. O problema é que todos estavam cumprindo o ritual e eu precisava fazer o mesmo. A solução foi inventar alguns pecados. Lembro-me perfeitamente que na confissão relatei os tradicionais "menti" e "desobedeci meus pais" e acabei inventando outras coisas que eu nem tinha feito. Ou seja, eu nem sabia direito o que era o pecado e porque o Divino se zangaria com a minha criancice, mas a minha inocente infância foi usada para me incutir a ideia de que eu era um pecador e, consequentemente, passei a carregar o sentimento de culpa. Mas não dizem que Deus é um pai todo amoroso e bondoso? Por que ele se ofenderia tão facilmente? Se assim fosse, esse seria um Deus digno de pena, pois ele teria uma vida muito mais chata que a maioria de nós.

Não! Definitivamente as coisas não podem funcionar assim. Mas isso não significa que não exista uma ordem que dirija a vida e suas manifestações. De modo algum significa que o homem esteja livre para fazer o que quiser sem arcar com as consequências. Muito pelo contrário: se compreendermos a consciência humana como parte integrante da grande consciência cósmica, veremos que o homem é o único responsável pelo seu bem ou mal estar, seja físico ou espiritual. É que, não havendo separação, não há como alguém perturbar a ordem do Todo sem que essa perturbação recaia sobre si próprio. Segundo Rohden, "o maior mal que o homem pode fazer a si mesmo é tentar fazer mal a outrem".

É por este motivo que Buda, ao invés de priorizar a pregação sobre Deus, priorizou o autoconhecimento e a elevação moral de seus discípulos. Para os mestres orientais, a única possibilidade de realização espiritual em qualquer indivíduo é focando suas ações no desenvolvimento do amor. Segundo a Lei de Ação e Reação, tudo o que você emana haverá de voltar a ti. Seguindo este princípio, chegará o momento em que você perceberá que a única Divindade existente está manifesta na própria vida e, portanto, em ti mesmo. Lembre-se que você é divino e o sentido da vida é a Realização desta divindade que habita em ti. Nada menos que isso vai te trazer a sensação de realização.
 

Avaliação: 5 | Votos: 1

     

Conteúdo desenvolvido pelo Autor Leandro José Severgnini    Palestrante espiritualista e escritor. Autor dos livros intitulados "Dias de Luta, Dias de Glória", "Liberdade - Nada Menos Que Tudo" e "Em busca do infinito". E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui.