A segunda tentação de Cristo - Vaidade




Autor Paulo Tavares de Souza
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 3/13/2025 3:27:52 PM
O Diabo desafia Jesus a se jogar do pináculo, citando as Escrituras:
"Se tu és o Filho de Deus, lança-te daqui abaixo; porque está escrito: Aos seus anjos ordenará a teu respeito que te guardem; e: Eles te sustentarão nas suas mãos, para que nunca tropeces em alguma pedra." (Lucas 4:9-11).
O pináculo do templo era um lugar altíssimo, e qualquer um que caísse dali certamente morreria. O Diabo, ao propor esse desafio, buscava instigar, de alguma forma, a vaidade de Jesus. Queria compelir o Filho de Deus a demonstrar Seu poder de forma espetacular, desafiando as leis da Natureza e, assim, provar Sua divindade de maneira presunçosa.
Jesus, porém, responde com firmeza: "Também está escrito: Não tentarás o Senhor, teu Deus." (Mateus 4:7).
Essa passagem é profundamente interessante e rica em significado. Para compreendê-la melhor, é essencial refletir sobre o conceito de Deus. Se imaginarmos Deus como uma figura sentada em um trono celestial, observando Suas criaturas e intervindo pessoalmente em cada acontecimento, corremos o risco de cair em incoerências em nossa análise, pois essa visão pode se tornar tudo, menos racional.
No entanto, se pensarmos em Deus, como propôs Spinoza, por exemplo, como a própria Natureza (Natura Naturans), estaremos diante não de uma entidade pessoal, mas de um sistema perfeito, regido por princípios imutáveis. Essa perspectiva encontra respaldo em várias passagens dos Evangelhos e em outras tradições filosóficas e espirituais.
Afinal, se alguém pular do vigésimo andar de um prédio, cairá e morrerá - seja branco, preto, rico, pobre, judeu, muçulmano, hétero, gay, e assim por diante. Isso vale até mesmo para um santo, como Buda, Krishna ou o próprio Cristo.
Deus governa o Universo por meio desses princípios imutáveis e não os alteraria para socorrer um de Seus filhos. Não são as leis da Natureza que precisam ser modificadas para que encontremos a felicidade, mas nós é que precisamos nos ajustar de forma harmoniosa a esses princípios que regem a existência.
Esse episódio da vida de Jesus nos deixa diante de ensinamentos profundos. Deus, de fato, não cria distinção entre Suas criaturas. Tanto é verdade que o próprio Nazareno, falando do Pai (a Natureza), disse:
"Porque ele faz que o seu sol se levante sobre maus e bons e a chuva desça sobre justos e injustos." (Mateus 5:45).
Esse pensamento nos aproxima muito da visão oriental de Brahman, o Absoluto, aquilo que é Um, não dois. Ou seja, tudo é Deus. Se tudo é Deus, dEle somos parte. Sendo Deus a própria Natureza, somos essa Natureza também.
Partindo desse princípio, fica mais fácil aceitar a onisciência de Deus. Se Ele está presente em nós, como está presente em tudo, sabe exatamente tudo o que se passa conosco e pode nos ajudar da melhor forma - não nos entregando aquilo que desejamos, mas aplicando aquilo que precisamos para o nosso bem maior.
Conclusão:
Deus não resolve problemas individuais, pois o Universo não é governado por decisões arbitrárias, mas por Leis eternas e imutáveis. Não adianta tentar barganhar com Deus; precisamos nos alinhar à dinâmica universal. É essencial compreender que colheremos aquilo que plantarmos, que estamos sujeitos a regras que se aplicam a todos igualmente e que somente por meio de uma compreensão ampla e sistêmica desses princípios encontraremos o caminho para a verdadeira realização.









Conteúdo desenvolvido pelo Autor Paulo Tavares de Souza Conheça meu artigos: Terapeuta Holístico, Palestrante, Psicapômetra, Instrutor de Yoga, Pesquisador, escritor, nada disso me define. Eu sou o que Eu sou! Whatsupp (só para mensagens): 11-94074-1972 E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |