A SENDA DO MÉDIUM 3 - DO TRABALHO
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Autor Christina Nunes
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 2/9/2005 11:53:33 AM
Talvez tenha sido numa obra do espírito de André Luiz que certa vez deparei uma explicação oportuníssima a respeito da forma como se dá o trabalho mediúnico de assistência, tanto da parte do médium quanto dos espíritos de quem estes são intermediadores, bem como o modo como se organizam as múltiplas atividades nas esferas invisíveis da vida, nas cidades e colônias que enfestam as dimensões várias em torno do nosso orbe.
Dizia respeito a método e organização, e com muita propriedade era exposto que, mesmo na variegada azáfama de ocupações da vida material, há que existir ordem e bom senso; e que se cabia ao datilógrafo uma função específica, e ao pintor outra diversa, bem atrapalhadas ficariam as coisas se o pintor negligenciasse sua tarefa para meter-se na do datilógrafo, e este, de sua parte, lá fosse se intrometer na pintura da qual não detivesse a mínima familiaridade, em detrimento da função que lhe competia.
Quero me valer desta muito válida elucidação para ilustrar as razões pelas quais muitas pessoas por vezes se decepcionam ao buscarem os médiuns na ânsia da solução de problemas das mais variadas procedências. Efetivamente a decepção será grande e inevitável, se forem os médiuns tomados à conta de curandeiros ou mágicos que venham dar solução de continuidade a dilemas e desafios que, o mais das vezes, requerem iniciativa de renovação própria, e de modificação de atitudes do próprio interessado - a chamada transmutação íntima - e não sortilégios, fórmulas mágicas, ou evocações de qualquer espírito que, de dentro de uma suposição muito cômoda e ingênua, solucionariam situações intrincadas, cuja origem invariavelmente é encontrada nos dramas sombrios de convivência no passado milenar que a todos antecede, nas nossas vivências pregressas em companhia dos nossos semelhantes.
Há o médium psicógrafo - e mesmo entre estes ainda observamos graduações de tarefas. Um Chico Xavier foi um mestre da luz reencarnado: colaborador de elevada estatura espiritual, e de sensibilidade mediúnica apurada como em poucos foi e será observado no nosso mundo. Sua atuação, pública; reconfortou inúmeros com as mensagens recebidas das esferas invisíveis, no acalento de pessoas mergulhadas na dor da perda, que tanto disso se beneficiaram. Sua missão única difere, e muito, do trabalho modesto de um sem número de operários humildes da seara espiritualista que, diferindo do missionário iluminado, exercem a mediunidade mais restrita, visando, na medida de seus esforços no bom desempenho do que lhes cabe, não apenas o esclarecimento do próximo, na transmissão da palavra dos mentores desencarnados, mas também o próprio resgate do passado de enganos, renovando os seus dias no esforço fraterno que venha beneficiar, quem sabe, aqueles a quem sua palavra confundiu, no mau uso da inteligência, em dias obscuros do pretérito.
A estes, portanto, de nada adiantará procurar para a solução de problemas de saúde mais apropriados aos cuidados do trabalhador espiritual de cura - embora muitos médiuns possuam em si mais de uma aptidão na hora do serviço de assistência. Observa-se, contudo, que os conhecidos intermediadores do espírito do Dr. Fritz se dedicavam prioritariamente aos males do corpo, embora sempre enfatizassem a nascente destes males nas más condições espirituais dos pacientes, ressaltando a necessidade da reformulação íntima, de pensamentos e de atitudes, na renovação precisa da sua visão de vida.
Cada médium, portanto, possui seu próprio repertório de execução das tarefas de intermediação da assistência da Espiritualidade em favor dos reencarnados; mas, sobretudo nesta atuação especialíssima, há que existir método e organização.
As Casas Espíritas bem organizadas dispõe de trabalhadores das mais variadas especialidades, desde a escola de médiuns, preparadora dos candidatos a atuarem em parceria com a falange invisível da instituição, aos evangelizadores que, dotados da facilidade da exposição oral, realizam as palestras esclarecedoras da palavra da espiritualidade, sob a inspiração dos Espíritos doutrinadores, e os passistas, apropriados à aplicação energética que favoreça a limpeza áurica dos pacientes, até aos médiuns de cura propriamente, que trabalham em dias diversos, no tratamento dos males físicos dos assistidos. Todos amparados pela equipe do invisível condizente, numa tarefa cuidadosamente planejada e organizada pelos dois lados da vida.
Faz-se necessária esta exposição porque, no labor da palavra escrita e da difusão, por este método, das realidades da Vida Maior, inúmeras vezes somos questionados da razão de não podermos atuar em áreas não pertinentes à nossa realização específica, ocasionando irritação descabida toda vez que este ou aquele não entende porque o médium da palavra escrita que - como no meu caso pessoal - age em parceria com o invisível na produção literária, como articulista ou na publicação de livros psicografados, não proporciona a espécie de "consulta" satisfatória na solução dos mais intrincados problemas: "por que tenho azar na vida? Por que meu emprego não dá certo? O que está perseguindo meu irmão cuja vida não progride em coisa nenhuma?"
Tento explicar a estes amigos o exposto acima; cada trabalhador da seara espiritualista tem a sua função, vinculada ao seu próprio histórico evolutivo, às suas necessidades de trabalho engatadas às alegrias do serviço ao próximo e do exercício da fraternidade no nosso mundo atual tão conturbado. Nada obstante, existem à mão cheia as instituições espiritualistas idôneas, de um sem número de vertentes filosóficas ou religiosas, que atuam de forma satisfatória para atender a cada necessidade individual. Questão apenas do próprio interessado procurar aqui o que não encontrou acolá, na devida compreensão de que também na área espírita há disciplina e atribuições; questão de um mínimo de esforço próprio, apenas, na direção da solução dos próprios interesses, porque, como foi explicado, cada qual na existência atende a um aspecto da vida peculiar.
Imprescindível que os companheiros de jornada que nos buscam não nos tomem erroneamente como feiticeiros produtores de resultados fáceis para problemas intrincados, que envolvem muitas vezes todo o passado evolutivo do interessado, ou como ditadores de "buena dicha, da sorte do dia, como se o trabalho mediúnico semelhasse à cômoda leitura de cartas, que tira do consulente os méritos da iniciativa na mobilização da sua renovação interior e das suas vivências, rumo ao apuro espiritual que, este sim, em clareando-lhe o espírito em maturidade e em entendimento, o sintonizará finalmente com as esferas mais saneadas da existência onde todos os problemas hodiernos ficarão para trás!
Parte 2
Com amor,
Lucilla e Caio Fábio Quinto
"Elysium"
https://www.elysium.com.br
Texto revisado por Cris
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Chris Mohammed (Christina Nunes) é escritora com doze romances espiritualistas publicados. Identificada de longa data com o Sufismo, abraçou o Islam, e hoje escreve em livre criação, sem o que define com humor como as tornozeleiras eletrônicas dos compromissos da carreira de uma escritora profissional. Também é musicista nas horas vagas. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |