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A Sociedade Feudal e os Templários - I

Atualizado dia 5/25/2007 4:03:18 PM em Autoconhecimento
por João José Baptista Neto


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Texto da “Revista Hermética”, nº 28 – link
Autor: Juan Antonio Cabezos Martinez
Tradução: João Baptista Neto para o Grupo Coração Templário link


“Se Karl Marx definiu a sociedade do século XIX como classista visto que o indivíduos se agrupavam por classes sociais cujas diferenças consistiam na propriedade dos meios de produção (e por isso para Marx só existiam proprietários, ou não, dos meios de produção, quer dizer, ricos e pobres, burgueses e proletários), a sociedade feudal foi definida pelo bispo Adalberto de Laón ao descrever, no século IX, que a sociedade se organizava em três categorias ou ordens: os que oravam para a salvação dos demais, os que lutavam para proteger os demais e os que trabalhavam para manter os demais.

A diferença social na sociedade feudal não residia no patrimônio ou dinheiro como no caso da sociedade classista, mas antes na função social. Para entender esse fato basta recordar a figura de Don Quixote, fidalgo, por pertencer à baixa nobreza, e Sancho Panza que é do povo e portanto pertence à categoria de trabalhador; ambos passam fome, necessidades, mas existe uma diferença social e é por sua origem de nascimento. Por isso Don Quixote monta um cavalo, sinal de nobreza, enquanto Sancho Panza, um burrico, sinal de que pertence à terceira categoria.

A definição de Adalberto de Laón é muito peculiar porque reflete uma estrutura social baseada na função social do indivíduo, ou seja, o indivíduo está dentro de um corpo social que cumpre uma função social, sendo essa função social, em uns casos defender, em outros orar e em outros trabalhar.

Com o tempo esse esquema se complica ao distinguir entre clérigos seculares e regulares ou ao estabelecer diferenças entre simples clérigos, abades, bispos, papa... ao deixar de ser a terra a base única da riqueza e ao dividirem-se os trabalhadores em rurais e urbanos; e ao produzirem-se claras distinções entre os defensores cuja missão será cristianizada a partir do século XI, ao adquirir corpo a teoria da guerra e reduzir, teoricamente, a guerra à guerra justa. Martin, j.l. defensores e cavaleiros, História 16, número 83, pags. 40 e seguintes.

Para não deixar de examinar as distintas organizações sociais a nível histórico, Aristóteles, outro intelectual, instrutor de Alexandre Magno, também definiu a sociedade em que vivia e a definiu como escravagista porque há seres que não sabem se governar a si mesmos e necessitam dos homens livres para serem governados.

Os três intelectuais definiram sua sociedade como estática, onde não havia mais grupos ou categorias ou classes sociais que as que eles haviam conceituado. E os três... se equivocaram.

Aristóteles não levou em conta os bárbaros (estrangeiros segundo a língua latina) como elemento dinâmico de transformação; Adalberto não levou em conta a burguesia como elemento dinâmico de mudança e Karl Marx não levou em conta a classe média como elemento de mudança de sua época.

Os bárbaros mudaram a sociedade escravagista dando lugar à sociedade feudal, os burgueses transformaram a sociedade feudal em classista e as classes médias transformaram uma sociedade de pobres e ricos na atual sociedade na qual predominam os interesses das classes médias e, tal como se definiu, se trata de uma sociedade de amplas classes médias.

Em última análise a destruição política do Império Romano do Ocidente foi a conseqüência direta da derrota militar e esta se produziu, não pela pressão dos bárbaros ou estrangeiros sobre as fronteiras do Império, senão pela mudança de estratégia realizada por Constantino quando abandonou o esquema defensivo da fronteira por uma reserva móvel que podia deslocar-se a qualquer parte do Império, e dita reserva móvel deu prioridade à cavalaria à frente da infantaria quando as vitórias romanas haviam sido obtidas por meio da infantaria. Constantino organizou um grande exército de campanha móvel, centralmente situado, formado por tropas retiradas das fronteiras deixando-as em situação debilitada... Ferrila. La caída del Romano, las causas militares, Edaf, pag. 42 e seguintes.

A conseqüência direta da destruição política do Império Romano do Ocidente foi a criação de novas entidades políticas muito débeis frente ao poder dos grandes senhores e a partir desse momento a evolução histórica consistiu na nova criação de entidades políticas mais fortes e mais centralizadas.

Texto revisado por Cris

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