A teoria da semente do carvalho
Autor Fátima Cristina Vieira Perurena
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 9/26/2006 1:41:00 PM
A teoria da semente do carvalho
Prof. Fátima Perurena
A literatura especializada tem comentado e discutido de forma exaustiva, na verdade muito mais entre as ciências ditas duras do que entre as ciências sociais, o chamado paradigma cartesiano, responsável por um modo de fazer ciência que exclui bem mais que inclui. Assim, privilegia a mente esquecendo-se da alma, do espírito e do corpo. Para usar uma linguagem da filosofia - é uma ciência imanente, e por isto qualquer proposta que engendre algum grau de transcendência cheira a irracionalidade. Se não pode ser visto, tocado e medido, não é passível de passar pelos escrutínios da ciência e, portanto, não é científico, o que significa praticamente dizer não verdadeiro.
Se partirmos do princípio que precisamos pensar em paradigmas inclusivos, e, que, portanto, contemplem nossos objetos de investigação na sua totalidade, veremos que não podemos deixar de fora dados supostamente transcendentes. É evidente que esta postura epistemológica não permite que nos movimentemos nos meandros desta ciência excludente. Desta forma, precisamos de outras cosmologias e outras cosmogonias. Nesse sentido, a obra do psicólogo neo-jungiano James Hillman, especialmente sua teoria da semente do carvalho, cai como uma luva para aqueles que não se contentam mais com pobres explicações consideradas como verdadeiras.
Em O Código do Ser (1997), Hillman discorre sobre “...a particularidade que você sente que é você” (p.16), coisa que o paradigma vigente omite quando tenta compreender a vida humana a partir da interrelação entre genética e meio ambiente. A teoria da semente do carvalho, desenvolvida por este autor, “...sustenta que cada pessoa tem uma singularidade que pede para ser vivida e que já está presente antes de poder ser vivida”.(p.16) Esta é uma proposta, como diz o próprio autor, apoiada nas idéias de Platão e desenvolvida na sua obra mais conhecida – A República. Plotino, o maior dos neoplatônicos, chegou a dizer que quando chegamos nesta vida já temos escolhidas as pessoas que serão nossos pais, os lugares e as circunstâncias que melhor sirvam à necessidade de servir à alma. Hillman vai mais longe – “Por que não incluir de fato na psicologia o que antigamente se chamava de providência – algo invisível que vela por nós?” (p.23)
Sem querer absolutamente interferir em campo de conhecimento de quem quer que seja, a idéia deste breve texto é propor epistemologias e ontologias capazes de compreender os seres humanos em sociedade a partir de um leque de abrangência transcenda os limites desta ciência pobre especializada em compartimentar, classificar, analisar e disciplinar. Consequentemente, pergunta-se: como entender a vida social sem compreender o ser humano, ou como entender este sem compreender aquela? Onde está o começo, ou o fim? Assim, a psicologia, a biologia, a física, a química, e assim por diante, tem coisas a serem ditas a nós cientistas sociais, e nós a elas. A teoria da semente do carvalho, que assusta um pouco os desavisados crentes da ciência moderna, pode ser apenas um ponto de partida, deverão haver outros e outros...
Avaliação: 5 | Votos: 2
|
Conteúdo desenvolvido pelo Autor Fátima Cristina Vieira Perurena Visite o Site do autor e leia mais artigos.. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |
