A TERRA ESTÁ DOENTE: O QUE EU TENHO A VER COM ISSO? Parte II
Atualizado dia 10/12/2007 6:24:02 PM em Autoconhecimentopor Irene Carmo Pimenta
A cultura ocidental na qual estamos imersos é uma cultura narcísica que tem dificuldades em perceber o “outro”. Principalmente pelo fato de que “perceber o outro” suscita em responsabilidade. Falta responsabilidade nas nossas relações com o meio ambiente e com os nossos semelhantes. E onde falta responsabilidade, falta ética.
Quando se fala da necessidade de um modelo econômico sustentável não se pode deixar de salientar que a relação destrutiva do homem com a natureza é um reflexo da relação do homem consigo mesmo e com seus semelhantes. Para que ocorra uma mudança coletiva consistente faz-se necessária uma verdadeira revolução interior dentro de cada um de nós. É ilusório crer que esse processo vá acontecer apenas baseado em diretrizes externas (governos, ong´s ou o vizinho do lado) ou através de uma militância ambientalista romântica que desconsidera a cruel realidade social dos países pobres.
A construção de um modelo sócio-econômico sustentável passa pela “ecologia interior”. Pela construção de valores internos sustentáveis. Como dizia Confúcio há milênios: “Para mudar o mundo, muda primeiro a ti mesmo”. E para mudar é necessário conhecer. O famoso “Conhece-te a ti mesmo!” Melhor seria afirmar: “Conhece-te a ti mesmo para curar a Mãe Terra que padece pelos desmandos interiores dos seus filhos!”
A busca pelo autoconhecimento, um mergulho na profundidade de quem somos, pode trazer à tona a percepção de que o caminho para a nossa felicidade não passa necessariamente pelo cartão de crédito, como o Deus Mercado quer nos fazer acreditar. No processo do autoconhecimento podemos ser surpreendidos pela aquisição de uma nova consciência ao redescobrirmos valores que transcendem a esse materialismo imediatista e consumista que na verdade “nos consome”.
Como bem colocou Hazel Henderson, uma economista moderna com idéias revolucionárias (nada agradáveis ao mercado, é claro!): "É a consciência de que muitas das coisas boas que tornam as pessoas felizes e melhores, não são bens que possam ser comprados e vendidos: são valores, atitudes, sensibilidades e emoções que não têm preço, mas que valem muito. E são “coisas” que não acabam conforme as “consumimos”: pelo contrário, surgem e se multiplicam na medida em que as percebemos e praticamos."
Gaia, o nosso planeta Terra, acolhe, nutre e sustenta múltiplas espécies. Nós, seres humanos, somos uma delas. Em um dos seus textos Leonardo Boff nos relembra que a palavra “humano” tem a origem filológica na palavra “húmus” que significa terra boa e fértil. Sejamos, então, cada um de nós, a terra boa e fértil onde a semente de uma nova consciência planetária possa germinar e frutificar.
Dedico este texto a todos aqueles que mesmo anonimamente trabalham pela construção de uma nova consciência planetária. Que ética, responsabilidade, justiça social, amor, paz e fraternidade não sejam apenas sonhos utópicos de alguns, mas a realidade de muitos, quiçá de todos.
Irene Carmo Pimenta
Texto revisado por Cris
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