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A Velha Perigosa - Parte 6 (texto baseado na obra da Dra. Clarissa Pinkola Estés)

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Autor Patrícia Marques Barros

Assunto Autoconhecimento
Atualizado em 10/31/2023 2:27:46 PM


Durante o processo de escrever "A Velha Perigosa", a Dra. Clarissa P. E. lembrou-se de uma imagem alquímica em uma das Obras Coletadas de Jung, uma gravura de mulheres que se transformavam em árvores. De acordo com o que ela lembrava, eram sete e uma delas era esguia, uma muda com um par de folhas. Então a árvore ao lado dela era um pouco mais grossa e um pouco retorcida na cintura e na casca, com mais folhas. Então, na terceira, quarta e quinta árvores, as árvores tinham copas maiores, com algumas flores nos galhos da árvore. E assim por diante. Cada árvore sucessivamente mais madura, mais preenchida. Por fim, a árvore mais velha pareceria um pouco enrugada, mas em pleno florescimento, mais cheia e corpulenta, mais grávida, com mais flores do que todas as outras. Mais radiante.

Para a Dra. Clarissa, as imagens de todas estas árvores pareciam mulheres com rostos queridos. Ela pensou: "Nossa, é isso! Somos jovens de espírito para sempre. Todos nós temos algumas flores no início e, no final, um pouco de inocência e um pouco de vulnerabilidade para sempre, mas carregadas de flores." Temos dentro de nós, à medida que adquirimos mais anos, um senso de identidade mais robusto, temos maior difusão de conhecimento e raízes mais profundas; somos mais frondosos(as) e mais pensamentos e ideias estão brotando de nós. Passamos por todos esses estágios e não é como se tivéssemos saído de um estágio e entrado no próximo; levamos todas as preciosas e melhores partes de nossos eus anteriores conosco. Não nos tornamos exatamente uma árvore, mas sim uma floresta, uma floresta que tem em seu centro a velha árvore. Finalmente, em algum momento de nossas vidas, começamos a sentir o potencial e o significado da sétima árvore, que está lindamente carregada, florida, frutífera, a mulher mais velha e exuberante que nos tornamos.

Porém, quando escreveu as notas de rodapé ou notas finais sobre a imagem das sete mulheres-árvores, a Dra. Clarissa voltou para o Trabalhos Compilados de Jung. Ela procurou pelo desenho alquímico de outrora e pensou ter se enganado. A princípio ela pensou que talvez ainda não tivesse encontrado a imagem porque aquele não poderia ser o desenho certo. Ela passou por todos aqueles grandes livros pretos, alguns deles com quinhentas ou mais páginas... E ela percebeu que a imagem que não estava certa era a única imagem alquímica de mulheres como árvores e o que a única imagem mostrava era isso. A árvore jovem plenamente frondosa. À medida que as árvores envelheceram, elas perderam suas copas, perderam suas folhas e foram curvadas até que finalmente a última árvore, a sétima mulher-árvore era uma velha curvada com apenas uma patética folha em cima de seu chapéu, e o olhar mais triste que você poderia imaginar em seu rosto. Ela se perguntou: "Como pude ver o que vi quando na verdade não vi o que estava nesta página?" A única explicação que ela encontrou é que viu o que é verdade, o que sempre foi verdade... em vez do que as pessoas costumavam pensar sobre idade e sabedoria, e idade e mulheres, ela viu o que realmente é verdade; que à medida que acumulamos mais anos reunimos cada estágio de nossas vidas, e cada um deles é um estágio de crescimento bonito e significativo. Que há alguma quebra, mas também resistimos a muitas tempestades. Há cicatrizes que vêm, não há dúvida. Mas no momento em que estamos no estágio final da vida onde a sabedoria se torna tão possível e frequente, tão diária, e muitas coisas que carregamos por tanto tempo e por uma distância tão longa florescem agora, finalmente... em vez de enfraquecidos ou um mero fragmento do que já fomos; estamos na nossa maior força - maior, mais brilhante, mais bela, mais florescente.

No entanto, a Dra. Clarissa olhou para o desenho que estava no livro e pensou: "Sim, isso também é verdade". A pobre última alma que está curvada com o peso da dor e do tempo, desprovida de cuidados... Em qualquer cultura em que qualquer pessoa seja criada, há morte súbita. Existem jogos de morte que acontecem ao longo de nossas vidas, mas este não é um ponto final em que somos reduzidos a ter uma folhinha em cima de nossas cabeças para sempre. Não, não é nada disso; absolutamente não. Isso seria contra tudo o que a alma e o espírito conhecem e acreditam. O que é verdade é que esse pode ser um ponto da vida em que levamos uma surra muito forte e perdemos nossa inocência ou nossa ideia do que a vida realmente poderia ser. E teremos que enfrentar uma dura realidade, o que nos derruba. Sentimo-nos sem suco, vazios e como se fosse tarde demais. É o que São João da Cruz chamou de "a noite escura da alma". Em uma época como esta não poderíamos florescer, não podemos nem gerar folhas. Para que? Mas esse não é o final e nem mesmo perto do ponto final. A alma e o espírito voltam rugindo. Eles podem voltar como uma faísca que se atira em madeira seca e de repente há uma brasa brilhante e talvez permaneça assim pelo resto da vida; a Força Vital totalmente evidente em pequenas formas. Muitas vezes a brasa se torna uma chama. Ou pode voltar rugindo de repente como um rio que bate contra uma velha represa de concreto e finalmente a represa cede e o rio flui novamente. Uma nova vida e um florescimento da força vital chegam a diferentes pessoas de diferentes maneiras, em diferentes momentos de suas vidas.

Mas a Dra. Clarissa não deixou de acreditar que a imagem das sete mulheres-árvores que estava em sua mente representa a verdade, começando com a muda jovem que tem algumas folhas, na meia-idade tem muito mais copa e flores e que no estágio final representa a plenitude da psique... A plenitude do desenvolvimento da psique feminina é estar em plena floração em seus próprios ciclos, é estar plena em sua idade, seja qual for a idade, estar plena de sabedoria em relação a quaisquer conhecimentos sábios que carregamos. Este é o objetivo glorioso para o qual todos estamos crescendo.

Continuando a explorar o simbolismo das árvores, em "Hypnerotomachia Poliphili: A Contenda do Amor em um Sonho", Francesco Colonna descreve a transformação de sete ninfas em árvores na presença do Deus Júpiter. Na mitologia grega uma ninfa que habita uma árvore é uma dríade. A imagem de uma mulher em uma árvore (ou como uma árvore) também está presente no mito de Daphne e Apolo. Na obra Metamorfoses , Ovídio conta como Cupido atirou uma flecha de chumbro no coração de Daphne para "parar" o amor e uma flecha de ouro no coração de Apolo para gerar o amor. Apolo corre atrás de Daphne, mas ela foge do Deus. No momento em que Apolo quase a alcança Daphne faz uma prece ao rio Peneus: "Ajude-me, Pai, se o seu rio é divino, mude a minha aparência, que é atraente demais!" Então ela é transformada em árvore. Outro mito em que esta imagem aparece é o de Dríope, que é transformada em árvore depois de colher flores de um lótus que secreta não seiva, mas sangue. Aquele lótus era na verdade a ninfa Lotis, que fugindo de Príapo havia anteriormente sido transformada em árvore como uma maneira de se proteger do seu perseguidor. São várias as interpretações que podem ser dadas a estes mitos.

Segundo Thomas Moore, uma das interpretações possíveis é que Daphne simboliza o medo da intimidade, do apego, do vínculo. Mas o autor também interpretou o mito de outra maneira: Daphne simbolizaria "a alma virgem fugindo do espírito das conquistas culturais, apolíneas do intelecto, arte e até mesmo cura". Em outras palavras, Daphne simbolizaria a alma (natural), fugindo da cultura patriarcal e voltando à natureza.

De acordo com Maria Taveras, para a psicanálise a árvore não é apenas uma imagem do inconsciente, mas também é a imagem do próprio inconsciente. Ao se transformar em uma árvore Daphne (o feminino) entra em uma árvore ou entra no inconsciente, onde ela se esconde de Apolo (o masculino ou a cultura patriarcal). Taveras sonhou com uma mulher saindo de uma árvore. Esta imagem é o que se pode chamar de fenômeno emergente (para a 'teoria da emergência') ou o que Jung chama de símbolo de transformação ou ainda o que Bollas chama de objeto transformacional. Em outras palavras, a árvore nos sonhos da psicanalista é como um casulo.

Michael Perlman, autor de "O Poder das Árvores", observa que este processo pode ocorrer várias vezes durante a vida. No Inferno de Dante os homens que haviam cometido suicídio são condenados ao inferno e transformados em árvores. O Genesis trás as imagens das árvores do paraíso, entre elas a "Àrvore do Bem e do Mal", cujo fruto Adão e Eva comeram antes de serem expulsos do Éden. É muito conhecida a imagem da "árvore da vida". Uma possível interpretação é que esta imagem simboliza a união entre a terra (as raízes) e o céu, o espiritual (os galhos). A árvore é uma imagem muito rica de significados e os mitos em que esta imagem aparece são muitos.

Fonte: Podcast Sounds True Clarissa Pinkola Estés: The Dangerous Old Woman

https://www.resources.soundstrue.com/podcast/clarissa-pinkola-estes-the-dangerous-old-woman-part-one...

https://www.resources.soundstrue.com/podcast/clarissa-pinkola-estes-the-dangerous-old-woman-part-two...




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