A verdade faz bem à saúde!
Atualizado dia 8/6/2008 6:59:10 PM em Autoconhecimentopor Flávio Bastos
Portanto, política e ditadura, como vimos, são situações de interesses antagônicos que ao colidirem em uma mesma realidade social geram conflitos de consequências imprevisíveis para a garantia dos direitos civis e humanos de uma sociedade democrática.
Assim foi o Brasil durante décadas de permanência da ditadura militar que restringiu os direitos civis dos cidadãos, perseguindo, sequestrando e torturando não somente aqueles indivíduos que estavam envolvidos com os movimentos clandestinos de resistência e de luta, mas também "suspeitos" de simpatizarem ou colaborarem com tais movimentos.
Hoje o Brasil se horroriza com as notícias de sequestro relâmpago, de famílias feitas reféns por assaltantes em suas próprias casas e de torturas protagonizadas por policiais ou por criminosos na cena do crime. No entanto, há cerca de 40 anos o país horrorizava-se com praticamente a mesma intensidade de violência vista hoje, ou seja, sequestros com invasão de lares e torturas protagonizadas por "agentes da lei e da ordem" que representavam o sistema vigente.
Trago à pauta esta questão, em razão das consideradas "declarações bombásticas" do
ministro da justiça, Tarso Genro, ao declarar à imprensa do país que os crimes de tortura da ditadura militar deveriam ser considerados crimes comuns e assim julgados os seus torturadores ou responsáveis diretos.
Atualmente, o trauma psíquico que provoca o sequestro relâmpago nas suas vítimas é, no mínimo, da mesma intensidade que provocava às vítimas e a seus familiares, o sequestro dos suspeitos que eram arrancados à força de seus lares e conduzidos para interrogatório policial no tempo da ditadura militar.
As ações no hoje e no ontem, sejam de bandidos ou de "agentes da lei e da ordem", se equivalem em níveis de violência, de sofrimento e de sequelas psíquicas que provocam em suas vítimas e familiares. Nesse sentido, não temos como "esconder o sol com a peneira"...
Raciocinamos: No nível político, anistiar? No nível espiritual, perdoar? Certamente, mas não esqueçamos que além da justiça Divina, através da Lei de Causa e Efeito que é infalível, dispomos da justiça dos homens que tenta reparar abusos e injustiças cometidas contra pessoas inocentes ou indefesas que passaram pela humilhante experiência da tortura ou do sequestro que contrariam todas as expectativas em relação ao ideal humano de civilidade e de cidadania almejados por uma sociedade saudável.
Por isso, apesar das manifestações contrárias e oportunistas às vésperas de eleições importantes para o país, entendo o ministro quando tem a coragem de expor sua opinião ao dizer que os crimes de tortura da ditadura militar deveriam ser tratados e julgados na esfera dos crimes comuns. O problema é que diante de uma "verdade inconveniente" não temos como tapar o sol com a peneira, porque a luz da verdade insiste em penetrar nas sombras e mostrar sua transparência...
É óbvio que passados tantos anos, mexer com o "lixo" gerado pela luta travada entre defensores e opositores do regime de excessão que se instalou no país, seria "uma faca de dois gumes" para interesses eleitoreiros e coorporativistas. Contudo, apesar da nossa enferma democracia que passa por fase de "tratamento", não temos como esconder o sentimento que fica de quem viveu aquela época de sombras, que poderia ser muito bem traduzida nas palavras do ministro como uma certeza: "Ditadura, nunca mais!"
Psicanalista Clínico e Interdimensional.
flaviobastos
Texto revisado por Cris
Avaliação: 5 | Votos: 10
Flavio Bastos é criador intuitivo da Psicoterapia Interdimensional (PI) e psicanalista clínico. Outros cursos: Terapia Regressiva Evolutiva (TRE), Psicoterapia Reencarnacionista e Terapia de Regressão, Capacitação em Dependência Química, Hipnose e Auto-hipnose, e Dimensão Espiritual na Psicologia e Psicoterapia. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |