A Vida dos Cátaros
Atualizado dia 03/02/2008 10:50:12 em Autoconhecimentopor Marcos Spagnuolo Souza
Normalmente, os cátaros comiam pão, azeite, verduras e frutas. Eles exerciam sobre suas palavras, seus gestos, seus atos, um controle que nunca cessava. Nunca mentiam e nunca se encolerizavam. Abstinham-se de todos os prazeres carnais. Cuidavam dos enfermos nos hospitais da Igreja.
A doutrina ensinava que matar para defender-se era tão grave como matar por malícia. O homicídio estava proibido em todas as suas formas e não havia circunstâncias atenuantes. Enfim, o cátaro não matava animal ou homem para se defender.
Trabalhavam para viver. Faziam teares, teciam, faziam cestas, fabricavam bolsas, sapatos ou agasalhos. Alguns perfeitos eram médicos. Quase todos se mostravam capazes de dar os primeiros auxílios a um enfermo, de curar a um ferimento. Sentiam-se atraídos pelo comércio que os permitia visitar mercados, fazendo suas jornadas apostólicas. Revendiam artigos de marcenaria, agulhas de coser, enfim, todas as mercadorias e objetos de pequeno valor. Entre 1280 e 1350, os perfeitos praticavam sucessivamente os trabalhos mais diversos, desde trabalhador agrícola, alfaiate e banqueiro.
Os mortos eram enterrados nus, envoltos em um lençol, nenhuma urna funerária os protegia dos animais.
Todas as classes sociais contribuíam para a formação dos perfeitos. Os “Bons Homens” eram originários da nobreza, da burguesia florescente, dos artesões, camponeses e mercadores. Em termos médios, podemos dizer que as pessoas que se tornavam Perfeitos eram em número maior da aristocracia e burguesia que da classe popular e mais urbana que rural.
Os Perfeitos escolhiam como domicílio uma casa conhecida de todos, onde se organizavam encontros e faziam as suas cerimônias ritualísticas, que consistia na leitura do Evangelho de João e seu comentário pelos Perfeitos e Perfeitas. Em Mirepoix, podiam-se enumerar umas cinqüenta casas de Perfeitos e Perfeitas.
VESTIMENTAS
Os cátaros vestiam largas túnicas em sinal de luto, por suas almas estarem no inferno deste mundo. Usavam um cinto oco e cilíndrico, feito de setenta e dois fios de linho branco, traçados, que dava três voltas na cintura (Kosti) sobre a roupa. Cobriam suas cabeças com uma espécie de tiara persa e portava sobre a cintura uma bolsa contendo o Evangelho Segundo São João. Cabelos e barbas longas, pés nus ou usavam sandálias de cânhamo, abertas.
As perfeitas vestiam-se também de negro, mas suas vestimentas se pareciam às de outras mulheres que não eram fiéis salvo. Elas sempre ocultavam seus cabelos.
Os Perfeitos e as Perfeitas tinham um fio ou cinta de linho, que passava embaixo das axilas e sobre a pele, simbolizando a ordenação no catarismo.
Algumas vezes, conduziam uma panela pessoal, para não utilizarem recipientes que tinham servido para preparar alimentos com gordura animal.
Com a chegada das perseguições, passaram a se vestir como todo cidadão comum, mas de preferência com roupa azul escuro.
LOCAIS DE DISCIPULADO E RETIRO
O aprendizado da doutrina cátara, durante o período do discipulado e ao retiro executado no sul da França, nas cavernas dos Períneos, sendo a mais importante a gruta de Belém.
As cavernas do Monte Sabarthés são numerosas e penetram léguas e léguas no interior das montanhas. Os cátaros tinham períodos em que viviam solitários nas grutas e nos nichos, muitos dos quais mostram, ainda, os vestígios da existência desses eremitas. Algumas inscrições foram feitas no interior dos nichos como: um peixe, uma barca tendo o sol por vela, uma pomba, monogramas de Cristo em caracteres gregos ou latinos, hexagramas, as maiúsculas “GTS”. Fragmentos de uma frase que só se pode ler “Santa Igreja”.
As cavernas do Monte Sabarthés sempre foram utilizadas por inúmeros buscadores da luz maior: foi templo de Ilhomber, deus sol dos Iberos. Utilizadas pelos Druidas, que habitavam o bosque de Sarralunga, entre Sabarthés e o Olmes, no maciço do pico de Saint-Barthelemuy. Pelos primitivos cristãos. Pelos priscilianistas, seita gnóstica maniqueísta.
As grutas eram iluminadas a óleo de nozes por uma minúscula tocha.
No interior das grutas, existem numerosas reentrâncias como buracos, sendo baixos, estreitos e pouco profundos. Estes locais serviam de alojamentos particulares para os habitantes das cavernas.
Naqueles subterrâneos, a temperatura é fresca durante o verão e torna-se amena quando a chuva, a neve e o frio rondam à sua volta. O ar interior não segue as variações de temperatura do ar exterior.
As principais cavernas de Sabarthés utilizadas pelos cátaros foram: Catedral, Eremita, Acácia, Túmulo e Belém que passaremos a descrever.
Gruta da Catedral, também conhecida como Igreja de Ussat, formada por inúmeras galerias, as quais eram utilizadas para as seguintes atividades: preparação de alimentos, refeitórios, oficinas, despejos dos mortos, armazenagem de alimentos, dormitórios individuais e capela. A galeria que utilizavam para oficina se comunicava com a galeria da capela.
Gruta de Eremita, também possuía inúmeras galerias que atravessavam a montanha de um lado a outro. Uma das galerias era utilizada para guardar volumosos manuscritos, possuindo também sua capela.
Gruta do Grande Peixe, conhecida como gruta da Acácia ou de Jesus Cristo. É uma gruta pequena, de forma redonda, cujas paredes estão cobertas de desenhos e sinais, uns mais misteriosos que os outros. A plataforma superior, em meia lua, possui uma mesa de pedra coberta com sinais. São sinais de cristãos gregos, africanos, romanos, a criptografia apostólica, os monogramas, os diagramas, os trigramas, as abreviaturas criptográficas. Nas paredes laterais, existem símbolos diversos e numerosos dos primeiros séculos da era cristã e siglas anteriores à era cristã. É exposta ao sol ao dia todo. Era usada para as longas meditações. A cama do iniciado era feita de folhas no fundo da gruta, ao abrigo das correntes de ar.
Gruta da Borboleta ou de Kepler ou a Gruta do Homem Morto. Possui uma pedra pentagonal rente ao solo. Tirando-se a pedra existe um túmulo vazio de tamanho suficiente para uma pessoa mover-se e levantar-se. É importante associar o túmulo da gruta de Kepler com o túmulo vazio existente na Grande Pirâmide no Egito.
Gruta de Belém. Logo que se entra, existem duas galerias. A segunda galeria possui uma abertura onde se encontra uma escada feita com pedras arredondadas que conduz a um arco dando para uma outra galeria, a qual possui uma pequena abertura baixa que conduz a um corredor estreito e baixo, sendo necessário abaixar-se e rastejar para percorrer o corredor, que possui dezenas de metros. O corredor do rochedo conduz a uma magnífica galeria que era utilizada como capela. O templo mais alto. Na capela de Belém, existe uma cavidade no rochedo, ao leste, onde se visualizava uma estrela brilhante no firmamento. Uma placa de granito, que pode ser utilizada como altar, está logo abaixo da estrela.
Texto revisado por: Cris
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