A VISÃO DO HOMEM Parte I
Autor Joäo Virginio Silva
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 10/29/2006 2:52:06 PM
Quando olhamos para a história do homem, para a história do passado da humanidade, para essa história que já conhecemos, começamos a perceber que os muitos e muitos séculos, talvez, até muito antes dos Egípcios e dos Gregos, o homem, sempre se sentiu como uma vitima dos Deuses ou da Natureza. Isto também aconteceu com as escolas filosóficas de Roma. Desde o começo das civilizações, as pessoas, os povos, sempre se viam como vitimas da natureza. Penso que o maior tabu existente dentro de todos esses séculos passados ainda é o da vitima, este tabu ainda hoje é muito mais forte que o da sexualidade, ou o da morte, porque em certas culturas do passado, a morte, por exemplo, teve o seu papel, o sexo teve as suas mudanças, mas o tabu de vitima da natureza ou dos Deuses ainda persiste, tendo com isso, criado no mundo uma série interminável de conseqüências desastrosas. Esse pensamento estúpido de que o homem é vitima e que até hoje no mundo moderno ainda tem muita força e vigora profundamente nas ciências, é um absurdo. A visão do homem do passado era muito pobre, eles acreditavam que nós éramos simplesmente o fruto de um conjunto de deuses, que variando de cultura para cultura mudavam um pouquinho e, que esses deuses neuróticos, decidiam sobre as nossas vidas, e sobre os nossos destinos.
Assim, nós teríamos que fazer oferendas ou sacrifícios teríamos que servir a essas forças "superiores" tínhamos que procurar negociar com essas forças porque essa era a única maneira de conseguirmos um favor delas. Isso era o que o homem acreditava, a história nos mostra claramente esse fato, e essa atitude infantil ainda se encontra bem presente em nossas vidas como se o tempo não tivesse passado. O próprio trabalho da igreja católica, não, a igreja apostólica, mas, a igreja católica, a igreja antes do cristo aparecer, porque muito antes de cristo aparecer existia a igreja romana católica. Essa igreja que imperava em Roma acompanhava também a mesma filosofia de vida, de que o homem era vitima do destino, que o homem era um joguete nas mãos do destino e nas mãos dos deuses. E, portanto, nós teríamos que buscar o oráculo, nós teríamos que buscar nas vísceras dos animais sacrificados em rituais, as indicações dessa misteriosa força que só falavam através de símbolos mágicos e exóticos, para que pudéssemos ficar sabendo se os nossos próximos passos estariam de acordo com o desejo desta força, e com o destino que os deuses queriam para nós. Isto se especializou numa tecnologia mística, que é a tecnologia dos templos, das adivinhações, dos oráculos de um modo geral, a fim de consultar a natureza superiora a cerca do que ela queria sobre nós e sempre com o intuito de comercializar com essas forças a fim de que nós encontrássemos alguns favores para o nosso benefício. Isso veio se desenrolando séculos por séculos mesmo com o Cristo, e mais tarde com a divulgação mais aberta da reencarnação, ainda assim, não se conseguiu mexer neste grande tabu da vitima. No século III depois da morte de cristo, a igreja católica incorpora aos valores cristãos, se tornando uma igreja cristã, apostólica, o apostolado de cristo, e que ainda se recusa a aceitar a reencarnação como um fato real e verdadeiro. A reencarnação é um dos princípios básicos para que possamos compreender que não existe vitimas de espécie alguma na vida. Porque, evidentemente, existe uma história anterior ao que está se passando hoje, vivida em outras épocas e, que, portanto, se antepõem basicamente ao grande tabu da vitima, da idéia de vitima. Mas mesmo assim, esse assunto foi muito mal visto e completamente massacrado pela própria igreja no ocidente. E assim, toda cultura e toda civilização partiram para aberrações intelectuais das mais graves, das quais nós bebemos ainda hoje, todo o sangue resultante dessa tragédia. A igreja já nos fazia nascer em pecado e vitima do pecado original do Adão e Eva, e passávamos a vida toda, como devedores, como vitimas, de uma vontade divina, fruto já até de uma estrutura judaica. A religião judaica, pelo menos no que ela mais tem de ortodoxo, de variável, ela realmente, parte do principio de que Deus é temperamental e vitimisa quem ele bem entender quem ele bem quiser, e protege também, quem ele quiser. O homem mais uma vez era vitima de todos os deuses, seja ele único, seja ele múltiplo. Ou seja, o homem continuou sendo vitima de todas as coisas, por isso, tendo que se submeter a determinadas regras, regras essas, obviamente, colocadas por homens e pelas igrejas, porque as igrejas foram feitas pelos homens, para que através delas, o homem, conseguisse alguns favores das divindades. A relação covarde, a relação temerosa, a relação de culpa, sempre imperou na sociedade. O mundo foi se modernizando a cada dia mais, mas a vitima jamais se modernizou. No século passado quando aparece os grandes teóricos da política partidária e econômica, mais uma vez esses pensadores partem do principio da vitima. O próprio Marx partiu as suas teorias do principio de que a distribuição da riqueza é mal feita porque os ricos tiram dos pobres, e a reformulação dos valores da economia tendem a querer tratar alguns como vitimas e alguns como algozes, como sagazes, como bandidos da sociedade. Toda a teoria dele, ou mesmo a aplicação das idéias dele, pelos povos que aplicaram as idéias marxistas, novamente trataram as pessoas como vitimas, porque nada como ao autoritarismo, nada como a ditadura para tratar as pessoas como pobres coitados e vitimas. Então o vitimismo é uma realidade tão grande na cabeça do homem que ele tenta justificar. O exercito, ele justifica, o poder autoritário dos mais fortes pelos mais fracos. E essa coisa do mais fraco e mais forte, já é um discurso dessa teoria insana vitima.
Quando na verdade, passamos a olhar a antropologia ou as teorias antropológicas, elas também são vitimistas. A antropologia acredita que o homem no seu desenvolvimento tem que lutar contra uma natureza hostil e agressiva para desenvolver-se. Então eles achavam que o trabalho do homem, que o trabalho de desenvolvimento do homem veio porque ele era vitima da natureza e ele tinha que fazer muita força para se desenvolver, e com isso, ele precisou e começou a criar os grupos para se defender dos animais, e assim, nasceu a sociedade. A sociedade surgiu a partir da idéia do vitimismo, a partir da situação de vitima dos homens. Infelizmente, a psicologia também parte do ponto de vista da vitima. Diz ela que você nasceu num ambiente que te fez neurótico, te fez problemático, porque você é vitima do seu meio ambiente. A medicina também, a medicina acha que seu corpo é um aparelho descartável, que de-repente resolve não funcionar mais direito e você é vitima da sua doença. Assim também, pensa, por exemplo, os médicos que se a sua doença não e produzida pelo meio do qual você é uma vitima, é produzida então, pela sua genética. Pelo fatalismo das probabilidades, pelo fatalismo genético. Então você veio assim porque a sua genética estava com defeito e você pegou o bonde errado e se danou.
Ou seja, você é vitima da genética. Você é vitima do meio ambiente, você é vitima da natureza, porque para esses homens, para esses pensadores, nós não éramos a natureza. Para esses pensadores, nós não somos a natureza.
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