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Advaitas e Vaisnavas

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Autor Marcos Spagnuolo Souza

Assunto Autoconhecimento
Atualizado em 1/24/2008 6:59:53 PM


Existem duas correntes básicas na filosofia Vedanta. O monismo impersonalista denominado Advaita e o dualismo personalistico designado por Vaisnavas.

O monismo impessoal de Sankara denominado de Advaita salienta que Deus é a causa primordial do universo, a testemunha onipresente. No Supremo não existe diversidade, sendo o centro em torno do qual tudo o mais se congrega. No indivíduo existe a alma que é o próprio Deus manifestado no indivíduo. O Ser Último ou Alma é apenas um Ser em todos, e não existem muitas almas. Há um ser único, a Alma, um Eu indiviso no universo, ou seja, Deus.

No indivíduo existe o Ego, ou eu inferior, sendo o resultado das experiências concretas, individuais e limitadas, sendo que cada indivíduo possui o seu próprio Ego. O universo transitório, relativo e mutável não é real, sendo uma interpretação do Ego, uma ilusão originária devido ao efeito da sobreposição que é um falsear a realidade pelo Ego. O existente, produto da sobreposição do Ego, desaparecerá a partir do momento em que ocorrer a Iluminação, isto é, a dissolução do Ego. O homem sábio deve se esforçar para se libertar da existência condicionada, quando todos os estados mentais são rejeitados.

O ponto fundamental é que nem o Universo grosseiro nem Universo sutil é Alma ou Deus; o Universo não é real, sendo produto da imaginação do Ego, assim como os sonhos ou o confundir uma serpente com uma corda. O aspecto essencial do pensar de Sankara é a dissolução do Ego, o desaparecimento da individualidade. É como se fosse uma pedra de gelo (individualidade) jogada no mar e se dissolvesse, tornando-se o oceano ( Deus ou Alma)

Observamos que o monismo impessoal de Sankara elimina definitivamente o existencial, colocando-o como falsa percepção do Ego (individualidade). O próprio Ego, responsável pelas ilusões, deve ser dissolvido. A interpretação de Sankara é que a única realidade é o Supremo ou Alma, e tudo que não seja o Supremo em si é falso.

O dualismo personalistico de Caitanya denominado Vaisnava, por outro lado, salienta que o Supremo e as almas são iguais e diferentes ao mesmo tempo. São iguais na composição energética e são diferentes em qualidade de conhecimento. O Supremo é o controlador de todos os outros controladores e possui três aspectos que são denominados de “Bhagavan”, “Brahman” e “Paramatma”. O “Bhagavan” é a Pessoa Suprema possuidor de infinitos atributos. “Brahman” é o Supremo impessoal, o Espírito impessoal. “Paramatma” é a Suprema Personalidade dentro de cada alma. O Supremo possui além dos três aspectos, três energias (tri, sakti, dhrk), interna, marginal e externa. A energia marginal da origem as inumeráveis almas. As almas são eternas, entidades pessoais e muda de corpo a todo o momento. As almas nunca perdem suas personalidades e não existe a possibilidade de se fundir eternamente em Deus. As almas devem manter uma relação pessoal com Deus. As almas por causa da ilusão ficaram presas na energia externa (dhrk) do Supremo, buscando satisfazer o próprio corpo e se confundindo com ele, esquecendo sua condição de associação com o Supremo. A liberação ou Iluminação ocorre quando a alma reconhece a sua identidade original e sua relação com a Suprema Personalidade. Liberação significa a alma agir conforme a vontade do Supremo. Servir ao Supremo é a realização suprema da alma.

Observamos que a partir do momento em que a alma se confunde com o corpo e procura satisfaze-lo, manifesta-se a condição de ilusão por associar com o transitório. Para os Vaisnavas é fundamental o desassociar do gozo existencial, que é um obstáculo para servir à Deus.

Penso que o modo de interpretar a existência, e o próprio Supremo, desenvolvido pelos Vaisnavas é mais coerente e lógico do que o sistema Advaita apresentado por Sankara. Provavelmente, esta tendência pelo pensar Vaisnava se explica por ser mais próximo do entender ocidental, e não é uma teoria distante da vida. É uma forma de vida, algo que se vive.

Tanto a escola Advaita como a Vaisnava procuram resposta para as perguntas que o homem não cessa de fazer a si mesmo. São perguntas que o atormentam, que o perseguem, a ponto de provocar o espanto. Advaita e Vaisnava são duas correntes filosóficas que buscam soluções para questões causadoras do espanto.

As manifestações, sendo ilusões ou não, existem e cabe ao homem individual interpretar o mundo conforme sua própria consciência. A interpretação depende do nível de consciência de cada um. Cada ente deve ser o detentor de uma interpretação única. Nietzche salienta que as existências (fatos) não existem, apenas existem interpretações. Diante da existência total, cada existência individual encontra-se como se estivesse diante de um texto misterioso, ainda não decifrado.

A interpretação é em si uma verdade para a própria existência individual, não existindo uma verdade universal absoluta. Toda verdade é relativa, devido à interpretação ser um processo próprio de cada existência.

O indivíduo quando interpreta está recolhendo o sentido do discurso do criador. A existência em si, nada mais é do que o discurso, a manifestação factual do pensar da Causa sem Causa.

Heidegger salienta que ser-ai convive com as coisas do mundo e que a razão hermenêutica está ligada a momentos de reflexão sobre o sentido do mundo e da existência. O interprete quando está diante do texto ele o interpreta primeiramente fundamentado em sua pré-compreensão, com as suas pré-suposições. O trabalho hermenêutico, posteriormente, consiste na revisão infinita, substituindo por conceitos mais adequados. Cada interpretação se efetua a luz do que se sabe, e o que se sabe muda. Sempre são possíveis novas e melhores interpretações.

Para Heidegger, o homem não é um ser acabado e sim um projeto. Devido o ser-no-mundo movimentar em direção ao infinito, também os juízos vão movimentando, vão sendo substituídos por outros e, em decorrência, as nossas interpretações vão se alterando e com ela a própria existência, porque a existência é a própria interpretação.

Gadamer diz que o interprete deve propor um sentido após outro, para o texto. Os nossos conceitos devem ser substituídos por outros melhores e conforme vão se modificando vamos tendo interpretações diferentes. A mudança dos nossos conceitos é fundamentada na experiência de cada pessoa. Por experiência, entende Gadamer, as contradições. A dialética da experiência é a abertura para a experiência. A experiência autêntica é quando estamos conscientes da finitude, é o compreender a própria finitude das interpretações.

Assim sendo, as interpretações dos Advaitas e Vaisnavas são válidas como pré–conceitos para que possamos substituí-las por outras melhores, pois não existe uma interpretação imutável. Tudo no universo muda, e devemos ter abertura para aceitar novas experiências que serão responsáveis por novas interpretações.




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