Afinal, cadê o anticristo? - Parte I
Atualizado dia 6/6/2006 12:48:57 PM em Autoconhecimentopor Fernando Cavalher
Se alguém disser a vocês: “Olhem, o Messias está aqui” ou “ele está ali”, não acreditem. Porque aparecerão falsos profetas e falsos messias que farão milagres e maravilhas para enganar, se possível, até o povo de Deus.
No versículo 30, depois de diversas outras previsões, Jesus completa, marcando-lhes o tempo:
Lembrem-se disto: essas coisas acontecerão antes de morrerem todos que agora estão vivos.
Ora, supondo que alguém estivesse nascendo naquele instante, para ser a mais jovem pessoa próxima ao Cristo, e esta fosse a pessoa mais longeva, e atingisse 70 anos, teríamos que aceitar que o próprio Cristo teria anunciado o surgimento de falsos profetas e falsos messias antes mesmo do fim do primeiro século da era cristã. A fundação das igrejas cristãs, iniciadas justamente neste período, está, portanto, sob suspeita de enquadrar-se nas palavras de Jesus Cristo que claramente nunca teve a intenção de fundar qualquer igreja. Algumas destas igrejas, permanecendo, organizaram-se para formar, nos duzentos anos seguintes, a Igreja Católica. Após a superação de movimentos pelos católicos tachados de heréticos, como o arianismo, o catolicismo só foi encontrar oposição séria na figura de Martin Lutero, no fim do século XV. Quase todos os outros movimentos cristãos atuais são filhos de uma ou de outra vertente; mas, todas elas, herdeiras que são das primeiras igrejas cristãs, são também herdeiras da suspeita de enquadrarem-se nas previsões de Jesus, expostas no capítulo 13 de Marcos.
Todavia, foi a partir de 1870 que o cristianismo sofreu o mais profundo, mais amplo e mais bem construído ataque – talvez por isso mesmo tão impopular – pelos textos extremamente críticos, quase satíricos, de Friedrich Wilhem Nietzsche. Ocupado durante toda sua vida com a destruição de valores morais nocivos ao ser humano, foi em 1888 que o filósofo escreveu "O Anticristo", publicado apenas em 1895. Sem dúvida, este é seu trabalho mais polêmico, principalmente se considerarmos as implicações sociais da obra. Muitos não a lêem simplesmente devido a seu título, o que demonstra, além de aflitiva ignorância, medo infantil.
Em "O Anticristo", Nietzsche não tem qualquer intenção de perfilar-se em alguma vertente de crença cristã em um ser que viesse ao mundo, disfarçado em peles de ovelha – alguém sabe se a moda parisiense tem usado pele de ovelha em suas últimas e belíssimas criações? – para destruir a obra de Jesus. Nesta obra está interessado apenas em um conflito cujo resultado deseja influenciar: o cristianismo versus a vida humana. Sim, para ele, o cristianismo constitui uma força que se levanta contra o ser humano. O livro todo é uma análise de cada um dos aspectos do cristianismo. Não há, ali, trecho que seja fácil ou relaxante: todo o texto é guerra de sangue, é combate filosófico e é explosão de sentimentalidade, contra a moral e seu fruto mais podre, o cristianismo.
Parte II
Texto revisado por Cris
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