AFINAL, SOMOS TODOS UM...?
Autor Dalila Jabar
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 17/03/2007 10:57:09
A propósito do famoso programa BBB e, de uma retrospectiva mostrada pela TV Globo (TV aberta), algo me chamou atenção e me fez observar: tem alguma coisa errada aqui!
A retrospectiva da TV Globo mostrava que os coadjuvantes dos vilões de cada edição do BBB, na sua maioria eram negros e pensei: “está aqui uma boa tese de mestrado para sociólogos, antropólogos e outros ólogos”, mas, continuei refletindo: afinal o que está errado aqui?
Lembrei-me de um excelente texto de um escritor moçambicano de renome internacional, a propósito de se estar criando cidadanias diversas dentro de um só país. Segundo ele "A criação de cidadanias diferentes (ou o que é mais grave de diferentes graus de uma mesma cidadania) pode ou não, ser problemática. Tudo isso depende da capacidade de manter em diálogo esses diferentes segmentos da nossa sociedade. A pergunta é: será que esses diferentes Moçambiques falam uns com os outros?"
E isso me faz refletir: Os diferentes “Brasis” estão falando uns com os outros? E os diferentes graus de uma mesma cidadania, de um mesmo segmento estão se falando, se comunicando? Por exemplo, os defensores da causa dos negros, estão se falando?
Sou uma negra de Moçambique, e entendam, sou a favor de todos os tipos de luta pelos direitos humanos dos negros, dos amarelos, dos vermelhos, dos brancos, dos dourados, dos azuis, de todos que coexistem neste planeta chamado Terra. E me pergunto o que há de errado em ser diferente? Porquê, nós, mães e pais, co-responsáveis pela educação de nossos filhos ainda reforçamos tudo, ou ainda melhor, pioramos cada vez mais? Senão vejamos: O negro no Brasil de escravo explícito passou a escravo implícito/oculto e temos exemplos de sobra no nosso dia dia, mas essa “escravidão implícita/oculta” estendeu-se a seguir para todas as outras “cores e raças” sem descriminação, mas alguns negros continuam pensando que é apenas com eles e se recusam a ver.
Porquê continuar insistindo em defender uma ou outra raça? Não percebemos que acabamos alimentando um objetivo oculto de nunca juntar as raças e isso se consolida geração após geração? O negro se vê diferente dos outros, se coloca diferente dos outros e vai construindo uma “cultura” e uma crença de que é diferente dos outros, e que afinal, nasceu para sofrer! Olha a herança que estamos deixando em nossas gerações futuras! E isso vai se perpetuando geração após geração, pois como pensarmos, sentirmos e falarmos, viveremos, é uma LEI natural!
Queremos continuar instalando no DNA de nossos filhos, netos e demais descendentes, a atual a crença de que só o negro se dá mal, só o negro vira marginal, só o negro tem as piores condições de trabalho, só o negro não tem oportunidades de crescer, evoluir? Quanto se está “confirmando” que essa é a verdadeira condição do negro, e as nossas crianças absorvendo, porque está se tornando uma verdade oculta, uma força que guia, sem nos apercebermos, subliminarmente, as emoçoes, os sentimentos e os pensamentos que se multiplicam por aí inconscientemente.
Inconscientemente estamos ensinando e confirmando para o nossos filhos que a descriminação “vai coninuar sempre” que as “diferenças entre as raças sempre será desfavorável ao negro, não há o que fazer” e assim nossos filhos absorvem, agem, regaem !
O que está errado aqui? E os árabes que morrem do outro lado do mundo? E o chineses que estão morrendo de fome e matando seus filhos para ter uma boca a menos? Dá para medir quem está sofrendo mais, dá para dizer que afinal somos os últimos da lista?
Será que podemos virar o disco, mudar a sintonia, descristalizar as crenças? Parece-me que sim, se quisermos verdadeiramente parar com tudo isso que está aí.
Temos que educar agora os nossos filhos que temos a capacidade de vencer, lutar, conseguir o que queremos independentemente da raça religião, credo, gênero.
Vamos parar de condenar as futuras gerações com os nossos erros, ou com aqilo que não deu certo em nós.
Quando nossos filhos aprendem desde pequenos que “pela condição herdada”, podem não vencer na vida, então eles buscam vencer a qualquer preço; quando aprendem que podem não ser escolhidos nos diferentes postos de trabalho, então querem ser escolhidos a qualquer custo ou perdem a força para buscar algo melhor e deixam a vida passar por eles; quando aprendem que podem ser perseguidos por conta da cor da pele, então vivem fungindo de tudo e de todos, da verdade, da lealdade, da honestidade, da alegria, da paz e de um mndo melhor.
Ë preciso educar sim, mas não só a educação de ir para escola mas aquela que fortalece os valores internos, que nos faz acreditar que podemos tudo, como seres humanos que somos.
Afinal, o que está errado é que nos ensinam a não ter esperança, a ter medo, a ter que lutar a qualquer custo por tudo, e nos ensinam que somos os piores de todos na escala da “evolução”. E , na verdade, quem é melhor que quem ? A raça humana, de todas as cores vive incosnsciente desta realidade quer cada vez mais separar, segregar, diferenciar e cada vez mais o resultado é pior, está insasfeita iludindo-se a si mesma, foge da realidade e mais uma vez busca um culpado “no lado de fora”.
Negros, brancos, amarelos, azuis vermelhos, marrons, pardos, chocolates, dourados, são todos habitantes deste planeta, Humanos! Humanos olhos abertos e cegos sim, pelos medos que carregamos, das deformações da ética e que repetimos sem ao menos tentar mudar.
Se a discriminação de qualquer tipo existe é por que cada um tem a sua quota de responsabilidade, na omissão, na educação equivocada, na falta de educação, na busca constante de continuar transformando o planeta TERRA em planeta DINHEIRO e Planeta PODER
Afinal SOMOS TODOS UM – Humanidade - e podemos educar nossos filhos para integrar mais, aceitar mais as diferenças, aceitar mais dividir o espaço e o sol que nasce para todos de igual forma.
Dalila 15 de março de 2007
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