ANASTÁCIO, UM BURRO INTELIGENTE
Atualizado dia 8/31/2008 2:35:28 PM em Autoconhecimentopor Eduardo Paes Ferreira Netto
Contavam as estórias mais loucas acerca de sua natureza. A mais corrente dizia o seguinte:
"Um cidadão já entrado em anos, conhecido como Comendador Pedro, sentado à sombra de generosa árvore, meditava sobre a interdependência e o carma. Absorto, foi desviado do seu mistér pelo zurrar de um burro que se aproximava de uma fêmea no cio, com óbvias intenções. Ao mesmo tempo, o comendador, dotado de extraordinários poderes ocultos, "sentiu" que pairando na área vagava a alma de seu amigo e mestre Raul, recém falecido. Essa alma estava à procura de oportunidade para reencarnar e assim continuar a missão de orientar os mais novos na sabedoria milenar de seus ancestrais. O comendador se alvoroçou todo diante da possibilidade do amigo reencarnar como um burrinho. Nesse quase desespero viu a alguma distância uma jovem que estendia roupas no gramado; levantou-se, correu para ela, jogou-a ao chão, não havia tempo para explicações, tentou fazer sexo, a fim de atrair a alma do amigo para reencarnar como seu filho.
A moça gritou, debateu-se e por fim saiu gritando, nas carreiras para casa perseguida pelo referido. Acudida pela mãe, a jovem contou-lhe o ocorrido. A mãe, indignada, brigou com ela, bateu-lhe e por fim mandou-a procurar o comendador e se entregar a ele, pois seria uma honra muito grande para a jovem ter um filho daquele cidadão.
O comendador que se aproximava, ouvindo as palavras da mãe, balançou negativamente a cabeça. "É tarde! Os animais já consumaram o cruzamento."
Desconsolado voltou para onde estava a jumenta e levou-a para sua mansão, onde foi criada com toda deferência; afinal, era a alma de seu amigo Raul que nela iria reencarnar. Na época apropriada deu à luz o lindo rebento a quem deu o nome de Anastácio.
Desde seu nascimento o animal se revelou fora do comum; demonstrava uma sabedoria extraordinária. Lá um dia surgiu o amigo Joaquim em visita ao comendador que, encantado com as habilidades do muar e de seu potencial financeiro, tratou de comprá-lo. A venda do animal foi cercada de grandes dificuldades: Anastácio negava-se a deixar a mansão, batia as patas, deu coices, saiu em desabalada carreira pelo campo, escondeu-se no mato e até tentou suicidar-se, mas por fim, após muitas peripécias, foi colocado numa jaula. O bicho zurrava, batia as patas e até lágrimas viram escorrer de seus olhos. Chegou por fim ao velho continente. Joaquim de imediato procurou a quem vendê-lo.
Na época, apenas um circo mambembe estava atuando na área e Joaquim precisava urgentemente se desfazer do animal, já que estava sem dinheiro. Entrou em contato com o proprietário que, apesar de ficar encantado com a possibilidade de levantar o circo em franca decadência, não tinha dinheiro para comprá-lo. Acertaram uma sociedade e por fim Anastácio passou a ser a estrela maior do circo, atraindo a cada dia maior número de espectadores.
Em verdade, não foi fácil "convencer" o quadrúpede a “colaborar”, mas alguns corretivos e um tratamento diferenciado, transformaram-no no mais célebre espécime de sua raça, levando muita alegria para uns, dúvidas para outros e muito lucro para o circo."
Isso é o que se contava causando polêmica entre as diversas correntes religiosas. Umas concordavam com a possibilidade de, como castigo, uma alma humana reencarnar como animal; outras, negando essa possibilidade, alegam que, por pior que seja, a alma sempre tem alguma evolução e não pode regredir.
Texto revisado por Cris
Avaliação: 5 | Votos: 4
Conteúdo desenvolvido por: Eduardo Paes Ferreira Netto Visite o Site do autor e leia mais artigos.. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |