ANGUSTIA DO EXISTIR
Autor Maria Goret Xavier
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 4/15/2009 11:26:48 PM
Como pensar acerca das angustias do existir. Pensar? Como? Não se pensa a angustia, sentimos, vivenciamos, pois cada ser humano tem uma forma única e singular de experimentá-la. Quando ela surge, envolve-nos com seus sentimentos atormentadores que provém do movimento interno de que você é responsável por você, de que você é quem pode tomar as decisões mais importantes da sua vida, é você que pode transformar a sua existência e construir o seu projeto de vida. Isto tudo sendo construído pelas suas crenças, aquilo em que você escolhe acreditar. O que é mais valorizado, ou seja, o sentido intrínseco das suas motivações internas, o significado que motiva a existência. Baseado nestas significações, que só cada ser individual pode fazer, a vida é construída, escolhe - se a si mesmo, toma-se decisões. Aí voltamos a angustia, na medida que eu me escolhendo, escolho o mundo, escolho outros seres humanos, e, é inevitável a sensação angustiante que está envolvida nesta tomada de decisões, que a sua vida e a de outros está nas "suas mãos".
No exato momento em que estou escrevendo este texto, veio-me a notícia de que um vizinho se suicidou, (me lembrei de outro tema existencialista : a morte), mas ao mesmo tempo relacionei-o a angustia de existir. Fiquei imaginando que angustia tão grande teria levado este Ser a cometer tal ato ? As pessoas começaram a narrar a sua história : Era um homem rico, dono de fábrica e seu filho, por estar envolvido com atividades marginais, acabou com toda a sua fortuna. Assim, para não matar o filho, ele se suicidou. Mais uma vez fiquei refletindo nos temas da angustia, do sentido da existência, da liberdade e da morte. Estes temas, na vida desse sujeito estavam relacionados entre si, imaginei. Percebi que teria sentido uma angustia extrema para tomar esta decisão. Os valores e crenças que o levaram a tal ato, estavam intrinsecamente relacionados com uma moral e uma afetividade que sugere uma necessidade de preservar a vida se seu filho acima da sua própria, vida esta que se tornou sem sentido na medida em que acabou o seu dinheiro. Imagine você construir toda uma história e depois permitir que uma outra pessoa ( seu filho) a destrua ? Mas ao mesmo tempo, que liberdade interior é essa que permite a um homem decidir sobre a sua vida e a sua morte ? É um momento de isolamento, de desespero, de total abandono a si mesmo, onde baseado em alguns fatos marcantes da sua vida, decide-se por fim a seu projeto, não dando nenhuma possibilidade de revê-lo, de reconstruí-lo ?
Toda esta situação me remeteu a uma interiorização e autoconscientização. Estou sentada à frente de meu computador, escrevendo, e dou uma olhada pela janela e observo pessoas passando. Qual o sentido disto? Cada pessoa que passa constrói um mundo seu de escolhas e projetos. Algumas, talvez nem reflitam sobre angustia , existência, morte. Mas todas elas passaram por momentos angustiantes, momentos de tomada de decisões e todas morrerão. Me lembro de Heidegger que diz "desde que um homem nasceu, ele está bastante velho para morrer" e de Castañeda que dizia que a morte é uma grande conselheira que está sempre no seu lado esquerdo a lhe lembrar de tomar decisões que melhorem a sua vida, pois, talvez o ato no qual você está envolvido neste instante, possa ser seu último ato e, portanto, completamente representativo de você agindo para nunca mais, neste planeta.
Preciso melhorar a minha vida !
Percebo que o momento é AGORA. AGORA é o meu ponto de poder. Poder transformar, poder realizar mais a minha liberdade de escolha. Não delegar ao outro o poder para me tirar de uma situação dolorosa (má - fé satreana). Mas ao mesmo tempo, é impossível fugir à dor. Ela faz parte da existência. Ela me traz as experiências necessárias que me fazem crescer e amadurecer em sabedoria para perceber que o mais importante nesta vida é realizar um projeto de felicidade, entendo como felicidade, o sentido mais profundo, o saber, o saber é mais do que o conhecer, quando se "sabe" é porque aquilo já foi sentido, vivenciado, de que as suas dores passam, as suas alegrias também. Mas, no MOMENTO em que valoriza-se o MOMENTO, a vida flui, continuamente num vai-e-vem de emoções e sentimentos, numa construção contínua da história humana, onde tem-se a sensação de que tudo valeu a pena e seria feito de novo. Valeu a pena se angustiar, decidir, ser livre, tudo isso passou em mim e saiu de mim : a minha existência sai de mim, vai para o mundo e retorna em felicidade, pois estou contribuindo para a formação de mais uma individualidade e capacidade única de manifestação no mundo, num ir e vir de "céu e Inferno", "deuses e demônios", sem evitação da dor, que, muitas vezes, apesar de me trazer a sensação de estar no inferno, se transforma em uma grande amiga, ou de alguns sentimentos tão destrutivos, que tomam a aparência do próprio demônio, mas que dão sentido e colorido a minha existência, vão construindo um significado para eu existir.
Para finalizar, tentando chegar a uma conclusão , pensei, refleti, senti, e então veio-me um poema que de uma maneira singular refletia o meu momento existencial
"...Um total estranho, num dia negro
bateu, tirando de dentro de mim o inferno
e Ele achou difícil o perdão porque
(assim se revelou) ele era eu mesmo -
mas agora aquele demônio e eu
somos amigos imortais."
E.E. Cummings
Por: Maria Goret Xavier
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Conteúdo desenvolvido pelo Autor Maria Goret Xavier Psicóloga Psicóloga Clínica Pós- graduanda em Psicossomática. Pós-graduada em Psicopedagogia. Cursos de Especialização em Programação Neurolingüística, Gestalt-terapia, Bioenergética. Taróloga, Runóloga, Radiestesista; Trabalho com a Mesa radiônica; Mestra de Reiki E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |
